Mais dólar, menos risco: a estratégia das carteiras recomendadas para junho

Cenário bastante nebuloso culminou em uma maior cautela para as carteiras recomendadas deste mês; Fibria fez a diferença na Carteira InfoMoney

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SÃO PAULO – Sem dúvidas, o mês de maio reservou uma das maiores decepções em termos de expectativa aos investidores. O otimismo que tomava conta do mercado, com projeções apontando para o teste do topo histórico do Ibovespa em meio a queda dos juros, foi revertido bruscamente com as delações dos donos da JBS, com o índice encerrando o mês em queda de 4,12%. O impacto deste “Cisne Negro” tupiniquim pode ser visto claramente no desempenho das carteiras recomendadas em maio.

De 7 carteiras recomendadas compiladas pelo InfoMoney, apenas duas conseguiram vencer o Ibovespa no mês passado. Além do inesperado evento – que, como o próprio nome diz, ninguém poderia prever -, algumas carteiras carregavam uma ligeira dose de otimismo por conta do progressivo sucesso do governo em avançar até então com as importantes reformas econômicas – como a Trabalhista e a da Previdência – e com o cenário cada vez mais provável de “queda livre” da Selic nas próximas reuniões. Isso tudo mudou bastante após 18 de maio.

Não à toa, ações “dolarizadas” (de empresas que possuem receitas em dólar e custos em reais) ou de companhias com resultados mais “defensivos” entraram em boa parte das carteiras recomendadas por bancos e corretoras para junho, ocupando o espaço de empresas mais dependentes da retomada da economia ou com “beta” elevado – isto é, que possuem uma alta correlação com o Ibovespa (na prática: uma empresa com “beta” 1,5x tende a subir 50% a mais que o Ibovespa em momentos de euforia, assim como tende a cair 50% a mais que o índice nos dias negativos).

Não perca a oportunidade!

Confira o que os analistas fizeram em suas carteiras recomendadas para junho

Rico Corretora

O que fizeram
Retiraram: Multiplan (MULT3); B3 (BVMF3); Petrobras (PETR4)
Adicionaram: Pão de Açúcar (PCAR4); Bradesco (BBDC4); Vale (VALE5)
Para junho, diante do cenário político brasileiro extremamente incerto, iremos realizar três trocas de ativos, visando estar em grande parte correlacionado ao Índice Bovespa além de estar posicionados em ativos considerados defensivos como Weg (WEGE3) e RD (RADL3) para proteção da carteira.

Ativa Investimentos

O que fizeram
Diminuíram peso: Gerdau (GGBR4); Banco do Brasil (BBAS3)
Aumentaram peso: Equatorial (EQTL3); Via Varejo (VVAR11)
No cenário interno, a política foi definitivamente o centro das atenções com as polêmicas em torno do vazamento de gravações com teor comprometedor envolvendo o atual presidente da República, Michel Temer. A percepção ainda é de que Temer não teria apoio o suficiente para conseguir passar as reformas econômicas tão necessárias para o equilíbrio fiscal, a retomada do crescimento e, finalmente, a estabilização da economia. A incerteza política retorna ao topo dos problemas, podendo ser percebida com a atuação do presidente da câmara dos deputados, Rodrigo Maia, prorrogando a votação da reforma. Conforme as negociações vão ficando complicadas, a casa tenta ganhar tempo visando assegurar a base de apoio necessária para a aprovação da medida.

BB Investimentos

O que fizeram
Retiraram: Itaú Unibanco (ITUB4); Cielo (CIEL3); Eletropaulo (ELPL4); Hering (HGTX3); Kroton (KROT3); Klabin (KLBN11); Iochpe-Maxion (MYPK3); Santander (SANB11)
Adicionaram: Itaúsa (ITSA4); Transmissão Paulista (TRPL4); Taesa (TAEE11); AES Tietê (TIET4); Embraer (EMBR3); Vale (VALE5); Weg (WEGE3); Wiz (WIZS3)
A percepção dos agentes é que o imbróglio político doméstico reduziu drasticamente a possibilidade do encaminhamento da proposta da reforma da previdência para votação no plenário da Câmara dos Deputados, ao longo deste mês de junho. Já a reforma trabalhista prossegue com os trâmites legais no Senado e poderá ainda ser votada. Contudo, caso ocorra alguma alteração (emenda), o texto terá que voltar para a Câmara para nova análise. Anteriormente, o mercado vinha precificando favoravelmente estes eventos, mas agora tende a reavaliar para baixo suas expectativas. Soma-se a isso questão de rating do Brasil.

BTG Pactual
O que fizeram
Retiraram: Petrobras (PETR4); B3 (BVMF3); Rumo (RUMO3)
Adicionaram: Embraer (EMBR3); BRF (BRFS3). Fleury (FLRY3)
Vamos para um longo período de incertezas políticas, com implicações nas expectativas dos agentes econômicos. Com ou sem Temer, aprovar a reforma da Previdência nos formatos atuais se provará extremamente desafiador. Desde abril nossa carteira estava mais defensiva, tendo entrada Multiplan, Equatorial, Klabin, BBSE e Cosan. Decidimos aumentar a exposição em ações com boa parte das receitas derivadas de moedas fortes.

XP Investimentos
O que fizeram
Reduziram: Petrobras (PETR4); Banco do Brasil (BBAS3); Pão de Açúcar (PCAR4); Vale (VALE5)
Retiraram: Ecorodovias (ECOR3); BR Malls (BRML3)
Adicionaram: Localiza (RENT3); AES Tietê (TIET4); M.Dias Branco (MDIA3)
Posicionamento mais conservador em Junho, em função principalmente das incertezas políticas trazidas pela delação da JBS, que por sua vez podem ter impactos nos fundamentos econômicos. Embora acreditemos que ainda seja cedo para mudar nossas perspectivas para o ano, o curto prazo ainda deve ser tomado por volatilidade nos preços dos ativos. Dessa forma, escolhemos aumentar nossa exposição a ativos de caráter defensivo, bem como nos manter posicionados em ativos que se beneficiam mais diretamente da queda da taxa básica de juros. Também optamos por reduzir marginalmente a exposição a ativos de beta elevado, de forma a proteger a carteira da volatilidade do mercado.

GUIDE

O que fizeram
Retiraram: Itaúsa (ITSA4)
Adicionaram: Klabin (KLBN11)
Revisamos nosso cenário base. Com o quadro político permeados de incertezas, a possibilidade do avanço das reformas necessárias políticas/econômicas em curso fica em xeque. Ainda mantemos uma visão construtiva e positiva em bolsa no longo prazo, embora no curto prazo a bolsa doméstica possa apresentar forte volatilidade (a depender dos níveis de incertezas). Vemos uma retomada gradual do ciclo crescimento do lucro das empresas, assim como um ambiente mais propício ao aumento de eficiência das mesmas, com a esperada queda do custo do serviço da dívida e elevação da utilização gradual da capacidade instalada. Incluímos Klabin, uma vez que o ativo deve se beneficiar de uma alta do dólar, além de realizarmos um pequeno rebalanceamento do portfólio. Seguimos com uma estratégia de diversificação e maior seletividade.

Carteira InfoMoney: dólar fez a diferença
Um grande exemplo do efeito positivo das que ações dolarizadas fizeram em maio foi a performance da Carteira InfoMoney no período. Desde janeiro, a carteira feita pelo Thiago Salomão e João Sandrini uma posição coadjuvante nas ações da Fibria (FIBR3) com uma única finalidade: “hedge” (ou proteção). Embora os analistas da Carteira InfoMoney seguissem o mercado no consenso de que a agenda reformista de Temer iria andar e a Selic iria cair, a exposição na exportadora de papel e celulose era a estratégia caso tudo que era esperado de uma hora pra outra deixasse de acontecer.

Com a explosão dos eventos políticos de maio, a ação da Fibria subiu 29,3%no mês, com boa parte do movimento iniciado a partir do dia 18 – pregão pós-vazamento dos áudios da conversa de Joesley Batista (presidente da JBS) com Temer. Tal posição em FIBR3 fez a Carteira IM superar o Ibovespa em 2,73 pontos percentuais no período. Aos seguidores mais assíduos da Carteira, o resultado foi ainda melhor, já que no dia 18 foi recomendado pelo Thiago Salomão a venda de 9 das 10 ações do portfólio ao longo do pregão para com este dinheiro comprar FIBR3: quem seguiu a estratégia obteve um ganho médio de 8,2% no mês (clique aqui para ver o call).

Clique aqui e confira a Carteira InfoMoney de junho