Via Varejo tem prejuízo de R$ 79 milhões, mas uma má notícia pode ser boa

Além das mudanças críticas em sistemas de vendas, empresa creditou o desempenho, abaixo do esperado, a um ambiente mais competitivo

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – O mercado já esperava um resultado deteriorado para a Via Varejo (VVAR11), mas a controladora das marcas Ponto Frio, Casas Bahia, Extra e Bartira trouxe números ainda piores que o esperado no balanço divulgado na última quarta-feira (25). Mas parte dos problemas da varejistas podem, na verdade, significar que há oportunidades no caminho.

O terceiro trimestre de 2018 trouxe prejuízo de R$ 79 milhões para a varejista, ante lucro líquido de R$ 46 milhões em 2017. A receita líquida veio em R$ 6,38, pouco acima do pior cenário esperado pelo mercado e 4,4% acima do resultado do ano anterior.

Em outros números, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, excluindo outras receitas e despesas operacionais, ficou em R$ 161 milhões, queda de 61,6% ano a ano e margem de 2,5%.

Desde o fim de setembro, o mercado tinha expectativa de ver números fracos no balanço da Via Varejo. No início de outubro, a ação da empresa na bolsa sentiu resultados dessa expectativa ao derreter 19%. 

Essa expectativa vem do fato de a empresa não ter conseguido implementar com o sucesso esperado um novo sistema de vendas, mais tecnológico e baseado no conceito de omnichannel, às suas mais de mil lojas. Mas o fato de este sistema em si existir já é uma boa notícia.

“Uma vez superado o processo natural de curva de adoção e aprendizado, acreditamos que essa decisão estratégica trará evoluções significativas em produtividade e na experiência dos nossos clientes”, disse a empresa em comunicado.

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Para analistas do Itaú BBA, “a má notícia de que os problemas internos tiveram muita relação com isso [os resultados fracos] é na verdade o lado positivo”. A esses analistas, a empresa disse que a implementação de sistemas importantes já está completa, então o 4 trimestre deve ser mais positivo – vale lembrar que os últimos meses do ano normalmente são os mais importantes para varejistas.

Outros problemas

“Por conta de um desempenho em vendas abaixo do esperado no trimestre anterior e a continuidade de uma demanda mais fraca no período pós-Copa, enfrentamos um ambiente mais competitivo”, disse também a mensagem contida no balanço.

A frente de crediário, cujo desempenho também tende a melhorar com a aplicação de novas tecnologias, também teve problemas no trimestre, de acordo com a empresa.

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A ação VVAR11 acumula queda de 37,81% no ano. No fechamento de quarta-feira, antes da divulgação dos resultados, estavam em queda de 4,70%. 

Para analistas que cobrem o setor, a queda é vista como oportunidade. Em um tracking da Bloomberg, 11 especialistas recomendam compra para o papel, 2 têm visão de manutenção/neutralidade e nenhum recomenda venda. 

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney