(CONDADO DA FARIA LIMA) – “Eu não consigo expressar o quão frustrante e inexplicável é São Paulo não seguir o processo de vacinar por idade [ao invés de por comorbidade]”.
O desabafo acima foi feito por Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde Asset, uma das maiores gestoras de recursos do Brasil, durante o Coffee & Stocks desta quarta-feira (9), que você pode assistir no vídeo acima ou direto em nosso canal no Youtube.
Se até março a dificuldade do Brasil no combate ao Coronavirus era “falta de vacinas”, a partir de abril o problema mudou: agora temos muitas vacinas, mas o ritmo de vacinação não acelera – e em alguns estados, como São Paulo, estamos até “pisando no freio”. Por que isso acontece?
Leichsenring é direto e reto ao responder isso: priorizar vacinação por comorbidade ao invés de faixa etária é um método não só extremamente falho como também está atrasando todo o processo. “Pelo estoque que temos, deveríamos estar vacinando o dobro do que está sendo apresentado”, estima o economista.
Por conta da entrevista que ele iria nos conceder hoje, Leichsenring fez ontem um estudo de campo e visitou três postos de vacinação próximos à Verde para ver como estava o ritmo de vacinação: todos eles estavam vazios e com as três vacinas disponíveis (Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac). “É absolutamente inaceitável termos um universo de pessoas esperando para tomar vacina, os postos com todas as vacinas disponíveis, inclusive as melhores, e a gente não tem ninguém pra vacinar por conta dos critérios. Passou da hora já para a gente avançar [na mudança de processo]”, afirma.
Leichsenring compartilhou conosco o que ele chamou de “sua própria teoria da conspiração” (visto que não há como provar essa suspeita) sobre o que pode estar atrasando o processo de vacinação em São Paulo: “minha ‘teoria da conspiração’ é que acho que tem alguma relação com a ButanVac, porque se a vacinação em São Paulo avançar rapidamente nos próximos 3 meses, quem vai querer fazer o teste da ButanVac? Acho que não vai sobrar ninguém querendo fazer esse teste tendo um monte de Pfizer disponível no posto. Então, não sei se de maneira pensada ou impensada a gente está atrasando um cronograma que deveria ser muito acelerado dada a disponibilidade de doses”, conclui.
Uma informação relevante que saiu minutos antes do início da live: o GloboNews postou no twitter que o secretário da saúde do estado de São Paulo disse, em entrevista ao “GNews Em Ponto”, que a vacinação na capital do estado do grupo de 55 a 59 anos seria antecipada de julho para junho. Sobre o prazo de vacinação, o economista-chefe da Verde disse que o cronograma atual anunciado pelo governador João Doria (de vacinar toda população do estado até outubro) vai ser “obrigatoriamente antecipado, porque não há justificativa para durar tanto tempo assim”.
A entrevista completa você confere no vídeo que aparece no início da matéria ou em nosso canal no youtube (clique aqui para assistir por lá).
*Atualização às 13h17 (horário de Brasília): o governador de São Paulo, João Doria, acabar de anunciar a antecipação em 15 dias a vacinação de todos os grupos de idade.
(Abaixo, gráfico feito pelo Daniel, publicado em artigo no Brazil Journal, mostrando que o estoque de vacinas segue subindo enquanto o ritmo de vacinação não sobe)
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