Sobre o que é longo prazo e por que nem todos podem ser Jeff Bezos

Guilherme Benchimol e Rodrigo Furtado trazem suas visões do que é investir no longo prazo para o gestor e o empreendedor.

Renato Santiago

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Existe um conceito que, para o investidor e para o empreendedor, é tão importante quanto difícil de definir: o de prazo. Particularmente o de longo prazo.

Quanto tempo esperar para um empreendimento dar certo? Quanto tempo esperar para um investimento ter retorno? Nenhuma dessas respostas existe se esse conceito não estiver claro. 

No episódio 108 do Stock Pickers pedimos essa resposta para um empreendedor e para um stock picker. Na verdade, para dois empreendedores e dois investidores: Guilherme Benchimol, fundador e presidente-executivo do conselho de administração da XP Inc e Rodrigo Furtado, fundador e gestor do XP Long Term (ambos empreendedores e investidores, para quem esperava uma lista de quatro nomes). 

Longo prazo é o infinito

“Longo prazo é o que não termina. É estar focado no que vai ser para a sua vida, no que não vai terminar. É o que você tem que garantir que tem alicerces sólidos, por que é a sua vida e vai ser a vida de outras pessoas”, diz Benchimol, usando seu chapéu de empreendedor. 

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Se para o empreendedor a resposta quase metafísica, para o investidor ela é muito mais material: “curto prazo é um ano; médio prazo são três anos; longo prazo são cinco anos”, diz Furtado. Mas isso serve para quem está se tornando um cotista. Para o stock picker, é diferente: “quando a gente escolhe uma empresa para investir, a gente escolhe quem está criando uma coisa muito grande. E isso não se faz em um curto prazo”, completa Furtado.

Ser Amazon não é para todos

Analisar o valor de uma empresa depois que a internet trouxe a palavra disrupção para a mesa e que os bancos centrais e as circunstâncias econômicas do planeta facilitaram o acesso ao capital tornou- se muito mais difícil. O melhor exemplo disso é a Amazon. “Na época da bolha ponto com, a Amazon quase desapareceu, por que não dava lucro. Hoje é o que é”, reflete Furtado. 

Isso quer dizer que os empreendedores devem queimar caixa hoje para, daqui a 20 anos passear de foguete, como Jeff Bezos? Não, afirma Benchimol. “A Amazon é uma exceção. Uma empresa que passa anos e anos e anos sem ter resultado e de repente vira o que virou. É importante ter em mente que tem que gerar resultado no curto prazo, pois pode haver uma crise, você pode não ter mais como se financiar e tomar risco”, resume.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney