CONDADO DA FARIA LIMA – Na última terça-feira (8), o Coffee & Stocks recebeu Ricardo Campos, CEO da Reach Capital. Com mais de 20 anos de mercado, Campos passou pelo time de gestão do Luis Stuhlberger na Hedging-Griffo e teve passagens no Bank Boston e no Safra antes de fundar em 2013 a Mogno Capital – que em 2017 foi cindida e tornou-se a Reach Capital.
O CEO da gestora apresentou 10 argumentos para justificar seu otimismo com o mercado de ações e mostrou como está o portfólio de ações da Reach. Destaque para muitas small caps que estão na carteira.
Acima, o vídeo da reprise do Coffee & Stocks. Abaixo, os principais tópicos da conversa:
EUA: máxima histórica, pero no mucho
As bolsas lá fora estão nas máximas históricas, mas se você colocar todas as ações do S&P500 em “equal weight” (todas no mesmo peso dentro do índice), ele ainda estaria em queda. As máximas são porque as techs, que ganharam muito peso no índice, estão subindo mas as empresas de value estão caindo.
Esse rali não é diferente do que vimos em 2008: na época todo mundo ficou muito pessimista e depois que as coisas começaram a se normalizar, veio a forte recuperação.
10 motivos para comprar ações
Dá pra pensar em 10 argumentos pra justificar a compra:
1. Covid passando
2. BCs com juros baixos
3. Estímulos fiscais fortes e continuados
4. Números econômicos surpreendendo positivamente
5. Analistas começando a dar upgrade nas estimativas de lucro das empresas
6. Lucro das empresas crescendo com mudança na dinâmica
7. Brasil com mais competitividade vs produto importado
8. Valuation mais barato e múltiplos podem ficar mais alto (Nesse mundo de juros mais baixo, o múltiplo talvez tenha que ser mais alto, pois o “dividend yield” está muito mais alto que a taxa de juros)
9. Sentimento: ainda sentimos um ceticismo por parte dos investidores de que podemos ter uma próxima pernada da bolsa
10. Brasil: atividade vindo muito forte no último mês: 25 dos 29 setores da economia vieram com números melhores, produção industrial bem mais forte que o esperado
Visão dos estrangeiros sobre Brasil
Estive na Europa semana passada. 3 coisas que os gringos estão falando do Brasil: i) Brasil “morreu” pro Covid; ii) Bolsonaro está com um lança chamas na Amazônia; iii) Lula foi preso injustamente. Esse discurso colou lá. Além disso o EWZ (ETF que acompanha empresas brasileiras listadas no exterior) tirou muito dinheiro de quem investiu aqui, por isso os estrangeiros estão preferindo ficar de fora do Brasil. Não é ruim, já que não temos precisado deles, os investidores locais estão aproveitando muito bem essa recuperação.
Carteira da Reach
Dividimos nosso portfólio em 6 teses:
- Empresas que podem te pagar alugueis mais interessantes que as taxas de juros. Caso de Mills (aluguel de equipamento), Locamerica (aluguel de carro), BR Properties (aluguel de imóveis), Gerdau (conseguindo repassar os preços nos EUA)
- E-commerce: Via Varejo, Magalu e Mercado Livre
- Linx: era uma das grandes posições, já não é mais
- Consolidação de grandes empresas: Natura e Renner
- Dólar mais forte e “Brasil que dá certo”: Rumo
- Novas regulações: posição pequena de Sabesp
Small Caps
Além de toda a história favorável já dita, temos também aqueles pontos favoráveis para a própria empresa. Dentre as small caps, destacamos:
Mills: uma das nossas principais posições. Fusão com a Solaris vai fazer a empresa crescer. Quando falamos de ganhar dinheiro alugando equipamentos, você precisa de custo de capital baixo e ganho de escala. Como ela tem 30% de market share e o segundo colocado tem 4%, ela tem um poder de barganha absurdo, tanto pra captar dinheiro quanto para alugar. Nos EUA, tivemos o caso da United Rentals, que chegou a valer US$ 1 em 2008 e bateu US$ 180 na recuperação. Mills pode dar muita alegria passada a pandemia, mas é claro que no curto prazo as coisas podem ser complicadas e a empresa, por ter menor liquidez, pode balançar bastante na bolsa.
Celulose Irani: IPO que acabou de acontecer; é negociada a 6x EV/Ebitda (EV = Enterprise Value, ou valor de mercado + dívida líquida; Ebitda = lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), o que é bem abaixo dos 9x que a Klabin é negociada. Tem projetos para dobrar Ebitda nos próximos anos e expandir plantas, projetos muito fáceis de serem executados.
BR Properties: em outros momentos da economia conseguiu ter uma boa performance. Nesse próprio momento de crise ela já vendeu os imóveis nível B e só tem AAA; está num valuation muito abaixo (possível comprar com desconto de 30% sobre o NAV).
Distribuição das small caps no fundo
Participação no portfólio em carteira é bem distribuída, nenhuma empresa tem mais de 7,5% ou menos que 2%.