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Desde a vitória de Luiz Inácio da Silva (PT) para a presidência, o mercado tem estado atento e respondendo a possíveis riscos. A pauta do momento é a PEC da transição, que segue no radar dos investidores em Brasil.
De um lado, a recente declaração do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin sobre a PEC. Na última quarta-feira, ele trouxe a proposta de “excepcionalizar” do teto de gastos R$ 175 bilhões para o pagamento do Bolsa Família a partir de 2023, sem um prazo determinado, o que causou reação negativa.
Mas, de outro, há indicações de que a proposta feita pela equipe de transição não será aprovada desta forma.
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É o que aponta Adriano Laureno, gerente de análise política e econômica da Prospectiva Consultoria. Para o economista, o Bolsa Família fora do teto é a prioridade, e o Partido dos Trabalhadores (PT) precisa que isso ocorra por pelo menos dois anos.
“A ideia da proposta foi de mandar uma sugestão que será negociada pelos próprios senadores e que deve ser desidratada antes mesmo de virar um projeto oficial”, afirmou, durante participação no podcast Stock Pickers.
Laureno aponta que além do orçamento do próximo ano, o PT precisa de uma flexibilidade orçamentária para negociar dentro do Congresso o Orçamento de 2024. já que a discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ocorre em abril. Portanto essa é mais uma apresentação política do que econômica.
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Rafael Furlan, PM & head de research da Norte Asset, no entanto enxerga o cenário como sem sustentação. Em sua visão, não houve nenhuma demonstração pública ou política feita pelo presidente eleito capaz de convencer o mercado de que sua postura será mais moderada. Por isso, as reações negativas se intensificaram nos últimos dias.
Furlan diz que os investidores esperavam um tom mais pragmático de Lula, mas as recentes falas do presidente que soam despreocupadas com o mercado é que afetam os ativos.
Como se posicionar neste cenário
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Entre visões mais positivas e negativas ,o que podemos dizer é que o cenário permanece incerto. Mediante a situação, a Norte Asset vem posicionando sua carteira para justamente enfrentar o período turbulento — mas não minimiza a dificuldade em meio a tanta oscilação.
“Enfrentamos um cenário completamente binário entre 1º e 2º turno, por isso compramos opções favoráveis para as duas pontas”, conta.
Além de manter “um pé em cada canoa”, como explicou Furlan, a casa buscou cases mais assimétricos, como o das construtoras de baixa renda.
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“Se desse Lula vencedor [o que aconteceu], ele com certeza falaria na expansão do Minha Casa, Minha Vida, se desse Bolsonaro os juros iriam fechar bastante e essas empresas também se beneficiariam”.
Desde a conclusão das eleições, a Norte tem sido mais defensiva. “Estamos com mais commodities e menos consumo doméstico e com uma exposição líquida menor”, conclui Furlan.
Sabesp
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Outro ponto debatido no episódio foi a empresa de saneamento paulista Sabesp (SBSP3), que com a chegada de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo teve sua privatização novamente posta em pauta. Mas, para a Norte Asset, independentemente dela sair ou não, a empresa é um bom case no momento.
Isso porque, de acordo com Rafael Furlan, há uma grande assimetria de risco no preço da empresa hoje e no que ela pode se tornar — sendo ou não privatizada.
Como a gestão da empresa não foi bem quista pelo mercado nos últimos anos, para ele aparecem duas possibilidades no radar: a primeira, melhorar pura e simplesmente a gestão da empresa, qud já traria um bom retorno. O outro, a privatização efetivamente sair do papel.
Adriano Laureno ainda mantém maior cautela quanto ao cenário de privatização. Para ele, sem o governo federal a favor da pauta, ela se torna mais difícil e se for acontecer, será bem lenta.
Para saber mais sobre risco fiscal, PEC de transição e outros cases para o atual momento, não deixe de assistir acima ao episódio #172 do Stock Pickers.