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O Stock Pickers trabalha com diálogo e busca sempre trazer opiniões contrárias ao consenso. No episódio 182, Patrick Pereira, gestor de ações da Legacy Capital, argumenta porque está pessimista com bolsa brasileira.
Ultimamente muitos analistas afirmam que os ativos financeiros brasileiros ficaram baratos demais. Para a casa, no entanto, a visão é outra.
Embora o múltiplo do Ibovespa a 7,5 vezes o preço sobre o lucro (P/L) pareça barato versus a média histórica de aproximadamente 11 vezes, quando se “destrincha” o múltiplo, podemos perceber que não é exatamente assim.
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O Ibovespa está mais barato em setores que tipicamente não são tão “bem quistos”, sendo eles: commodities, que oscilam bastante, e bancos, que são considerados um pouco melhores, mas seguem com o temor de boa parte que acredita que as fintechs possam destruí-los. Já a outra metade da Bolsa, composta por empresas domésticas, mais “bem quistas” de um modo geral, aponta para um múltiplo já não tão baixo, perto de 18 vezes o fica mais perto de 18 vezes o P/L.
Juro Real
Outra discussão atual no campo da política é em relação ao juro real. O governo argumenta que o nível atual é muito elevado. Muitos gestores dizem que, quando esses juros caírem, a Bolsa deve andar consideravelmente.
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A Legacy, no entanto, tem suas ponderações.
A casa procura pensar no investimento em ações como investir em um ativo real, na empresa. O fluxo de caixa dessas empresas tem uma duração mais longa de 10, 20 ou 30 anos a depender da empresa. Isso se compara com a alternativa de aplicar seu dinheiro no juros real longo soberano (pode-se pensar na NTN-B 2035 ou NTN-B 2050) que hoje paga 6,5% ao ano mais inflação.
“Quando olha para empresas, não é o juro de hoje que fará efeito no investimento”. Sendo assim, de acordo com Patrick, para investir em ações é preciso de um prêmio de risco, que tipicamente no Brasil é por volta de 3,5%. Logo, a taxa de desconto é 10% real para investir em ações, bem elevada, e quase nada “fica de pé”. “Por isso, até, usamos 9,5% de taxa de desconto para conseguir comprar alguma coisa”, diz o gestor. Logo, fica mais fácil ficar short (com posições vendidas) nesse cenário.
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Mais assertivo do que comparar o múltiplo das empresas com sua média histórica, é comparar o múltiplo atual das empresas com esse valor quando a NTN-B de 15 e 30 anos estava no mesmo patamar de 6,5%. Isso muda a conclusão sobre a ação de uma empresa estar barata ou cara.
Com isso, se o juro real no Brasil fechar para 5,0% haverá um rali forte e a casa “estaria de fora”. Por outro lado, se for para 7,5 – 8,0%, será horrível para as ações.
“A vida das empresas vai melhorar quando a Selic cair, mas não vai melhorar mais do que o mercado espera. Tem empresas que o mercado espera um lucro de R$ 1,5 bilhão para o ano que vem que nós esperamos que seja de R$ 1 bilhão, esse é o tamanho da discrepância”, diz. “Com a queda dos juros a situação deve, sim, melhorar, mas aquém do que espera o mercado”, complementa.
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Inadimplência
Além disso, existe um efeito do juros sobre o consumidor. “Os clientes de empresas de consumo, por exemplo, estão extremamente endividados. A inadimplência no país está batendo níveis altos e o comprometimento de renda está elevado”. Tal cenário começou a afetar as decisões dos bancos e varejistas em crédito a partir do 2º semestre de 2022.
Na visão da casa, por estarmos no começo desse aperto de crédito, isso também afetará a receita e lucro operacional das empresas de consumo e varejo, principalmente.
O que olhar e o que evitar na bolsa
Falando mais especificamente sobre os setores, Patrick diz que o momento não está muito propício para empresas de varejo, dado o que está acontecendo com o consumidor e onde estão os preços.
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No outro lado da ponta, a Legacy tem olhado para o setor de utilidade pública (utilities), “nesse segmento não temos nenhuma posição vendida”, afirma.
Para conferir mais detalhes de análise e posições da Legacy no mercado brasileiro e internacional, ouça ou assista o episódio 182 do podcast Stock Pickers.
Stock Pickers
O Stock Pickers é o maior podcast sobre ações do Brasil. O programa reúne gestores, analistas, traders e investidores em um debate sobre mercado e tudo que impacta em seus movimentos.
Já recebeu nomes como Luis Stuhlberger, sócio-fundador da renomada gestora Verde Asset e um dos maiores gestores do país; Andre Jakurski, fundador da JGP, uma das maiores e mais vencedoras casas de gestão de recursos do Brasil; Leda Braga, doutora em engenharia mecânica, fundadora, acionista majoritária e CEO da Systematica Investments e mulher brasileira com a carreira mais consagrada no mercado financeiro; e outras inúmeras personalidades consagradas do ramo.