Publicidade
(CONDADO DA FARIA LIMA) – “Brasil não perde uma boa oportunidade de perder uma boa oportunidade”. O convidado do Coffee & Stocks desta quarta-feira (1) é, além de um excelente gestor, um frasista de mão cheia. Carlos “Duda” Rocha, CIO da Occam (gestora com mais de R$ 15 bilhões em ativos sob gestão) explicou por que está com apenas 80% do capital aplicado fora do Brasil – e quais são os ativos brasileiros que estão neste seleto grupo dos 20%.
A conversa durou 40 minutos mas esse é o trecho que resume bem a visão de Duda sobre Brasil:
“Nosso Executivo quer continuar expandindo gastos quando devia estar fazendo ajustes. Já o Congresso mandou um Orçamento extremamente apertado, o que abre margem para ‘manobras’ pra sair do teto e tira o poder da nossa âncora fiscal. Além disso, o candidato líder das pesquisas neste momento já disse ser contra o teto dos gastos. Conclusão: estamos numa espiral de alimentação da inflação. Temos uma projeção de IPCA de 8% com viés de alta. Isso força a dar um choque de juros maior e mais rápido. Mas como começamos esse choque tarde, isso vai demorar para surtir efeito”.
Continua depois da publicidade
Você confere a entrevista no vídeo acima ou direto em nosso canal no Youtube (clique aqui para acessá-lo). Abaixo, as melhores frases da entrevista:
- Bolsa americana está sendo negociada com P/L de 24x, acima da média histórica, mas com empresas crescendo 20% ao ano e com juro abaixo da média histórica, o que é bom.
- Além disso, temos a percepção de que o juro lá fora tem que ser mais alto, por isso estamos “comprados” (tomados) em juro americano.
- Temos menos credibilidade do que os EUA. Isso até distorce os preços pois dá aos EUA o benefício da dúvida, pois ele consegue se financiar com juro a 1% aa mesmo com inflação a 3% aa. Nós não temos o benefício da dúvida.
- A abertura da curva de juros é um descolamento muito grande dos países com boas condições (como EUA) em relação ao Brasil. Não adianta ignorar o macro no Brasil, ele vai incomodar. Além disso, a gente sempre se surpreende com a velocidade de aceleração de uma crise.
- Posições: Temos 20% em Brasil e 80% fora. Achamos, infelizmente, que o juro é pra cima, o câmbio tem uma assimetria para cima, porque a economia americana vai crescer mais, e a bolsa é “de lado”, mas as empresas “world class” podem conseguir crescer nesse cenário.
- Nesse sentido, gostamos de XP, BTG e Inter dentre as financeiras com força na tecnologia. Vale é outra posição que gostamos e Intermédica abriu uma boa oportunidade.
- Não temos posição em China faz um tempo e foi uma das melhores decisões que a gente teve. Seguimos regras de ESG muito forte e quando vemos um caso de intervenção do governo, afetando a governança, somos obrigados a sair do investimento. Já vimos intervenções como essa no Brasil, na Rússia e nesses casos o valuation fica em segundo plano. Por isso deixamos Alibaba e outras empresas que investíamos.