Recentemente a fortuna do grande investidor americano Warren Buffett ultrapassou, segundo informações do Índice de Bilionários da Bloomberg, a marca de US$ 100 bilhões.
Com isso, o presidente da Berkshire Hathaway se junta a um grupo seleto de super-ricos composto por Jeff Bezos, da Amazon, Elon Musk, da Tesla, Bill Gates, da Microsoft, Bernard Arnault, da LVMH, e Mark Zuckerberg, do Facebook.
Mas há uma diferença óbvia na construção da fortuna do Oráculo de Omaha, como Buffett é conhecido pelo mercado financeiro, quando comparamos com as dos outros homens mais ricos do mundo.
Value Investing
Ele não desenvolveu uma empresa disruptiva de tecnologia e muito menos uma marca de roupas de luxo. Buffett alcançou este patamar investindo nestas e em outras companhias com um método chamado Value Investing.
Trata-se de um processo de avaliação e, posteriormente, compra de ações voltado para o longo prazo, desenvolvido inicialmente pelos economistas Benjamin Graham e David Dodd, dois professores da Columbia Business University, no final dos anos 20.
Da colaboração da dupla, nasceu o livro Security Analysis, de 1934, a primeira grande referência bibliográfica do modelo. A coisa foi evoluindo, incorporando conceitos, e hoje é norte para grandes investidores ao redor do globo.
Apesar da pompa, a premissa inicial não poderia ser mais simples: descobrir empresas que, apesar de consistentes, estejam sendo negociadas na bolsa por um valor abaixo do que deveriam e comprar seus papéis, é claro.
E como isso é feito na prática? Investigando os indicadores das companhias, que realmente vão determinar o crescimento ou não de suas receitas, e consequente valorização, no longo prazo.
Análise Fundamentalista
Aqui entra outro conceito, o de análise fundamentalista, que é essencial no processo de avaliação de empresas, ou valuation. A partir de dados divulgados pelas próprias companhias em seus balanços, é possível verificar a saúde financeira do negócio e entender suas principais avenidas de crescimento.
Por exemplo: muito se fala do Ebitda, que é o lucro de uma companhia antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Esse indicador é importante porque mostra o nível de eficiência e produtividade de uma empresa somente com suas atividades operacionais.
Então, o investidor vai se municiando de informações e, mesmo que haja distorções no preço de um ativo no curto prazo, existe um embasamento maior para decidir se o papel deve ou não ser comprado.
“Este processo é importante porque vai te dar uma tranquilidade muito maior de identificar, em momentos de pânico do mercado, se uma ação que está caindo se torna boa opção de investimento ou se as condições realmente mudaram para aquela empresa”, diz Thiago Salomão, analista de investimentos e apresentador do Stock Pickers que está lançando a série online e gratuita “O Profissional da Nova Década”, que mostra como iniciar carreira no mercado financeiro começando do zero. Inscreva-se agora.
Isso é especialmente importante nos dias de hoje, em que os mercados têm vivido forte volatilidade e que muitos novos entrantes da bolsa têm apostado em técnicas curtoprazistas para buscar rentabilidade.
“As estatísticas mostram que é difícil ganhar dinheiro no curto prazo, mas existem aqueles que conseguem. Contudo, considero muito mais factível ganhar dinheiro no longo prazo, investindo em boas empresas, do que tentar adivinhar se a bolsa vai subir ou cair nos próximos minutos”, diz.
Tendo essa base, o investidor passa a ter uma carteira estruturada e de olho no futuro, e ganha independência para sempre escolher seus próprios investimentos, sem precisar recorrer a fundos ou outros produtos, que acabam comendo parte dos rendimentos.
A base dos adeptos da modalidade é essa, mas sempre há espaço para ajustes no portfólio. Voltando ao exemplo de Buffett, ele mexeu consideravelmente na sua carteira no início de 2021.
Entrou com mais força em empresas como a petroleira Chevron e a tele Verizon, que sofreram bastante durante a pandemia, e reduziu sua participação na Apple, gigante de tech que viu suas ações dispararem em tempos de isolamento social (ainda representa cerca de 40% da carteira da Berkshire).
Também investiu no final de 2020, e ainda que faça isso muito raramente, no IPO da Snowflake, startup de armazenamento em nuvem. Ou seja, o velhinho se cerca de boas opções e, na soma dos fatores, raramente perde dinheiro.
Pensando em formar novos profissionais para atuar no mercado financeiro, o Infomoney abriu vagas para o treinamento O Profissional da Nova Década.