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Não muito tempo atrás, trouxemos a visão de analistas e gestores que defendem que os bancões estão muito baratos na bolsa. Mas isso não é unânime – e se tornou mais um Fla x Flu do mercado financeiro, do jeito que gostamos (quanto mais argumentos contrários ouvimos, melhor podemos formar nossa própria opinião).
No painel do Stock Pickers na Expert 2020, os gestores Sara Delfim, da Dahlia Capital, Carlos Eduardo Rocha (o Duda), da Occam e Marcos Peixoto, da XP Asset, protagonizaram um emocionante debate sobre o tema.
Player 1: “está barato”
Com um estilo de gestão muito focado em preço, Peixoto concorda com o que já foi dito antes pelos outros especialistas que citamos: as ações dos grandes bancos brasileiros caíram vertiginosamente na crise e, diferentemente de outros setores, não voltaram com tanto vigor até agora.
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“Sou cético com bancos, sei que ainda vão sofrer muito, mas o Banco do Brasil, por exemplo, está negociando abaixo do valor patrimonial”, cita. Ele defende que os fundamentos mais que compensam a compra neste momento em específico, mesmo considerando os riscos de disrupção e a possibilidade de novos tributos.
“Vamos olhar para a história: quando aumentou imposto de banco, quem pagou foi a população”, lembra, sobre o aumento da alíquota sobre lucros para o setor em 2015, de 15% para 20%. Ainda que o futuro guarde competição, o gestor da XP não vê espaço para que as taxas, grande fonte de receita de bancos, caiam no curtíssimo prazo, o que já justifica a oportunidade.
Player 2: “acabou para os bancões”
Do outro lado, Sara Delfim não compra bancos por comparação: “temos dúvidas sobre a capacidade de crescimento dos bancos, e se a bola está dividida, acabamos não fazendo”, explica. Mais que escolher uma companhia para investir, a Dahlia observa muito o relativo entre duas possíveis escolhas. “É melhor comprar XP ou bancos? Google ou bancos? Tem muita ação de empresa boa que a gente tem mais convicção”.
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Duda é mais enfático: com juros negativos ou muito baixos pelos próximos anos (o que diminui a lucratividade do setor bancário) e o “ataque” da tecnologia e inovação, ele não vê espaço algum para o crescimento dos grandes bancos nos próximos anos. “O custo de oportunidade para investir em um setor que não cresce é muito grande”, diz.
O que estão comprando?
Já sabemos, então, que a XP Asset está comprada em bancos. E a Dahlia e a Occam?
A partir de uma combinação de visão macro e assimetrias no micro, Sara citou como uma empresa ideal dentro da tese da Dahlia a Eneva. “É uma empresa que pode investir seu caixa em projetos que dão 8%, 9% de juro real”, defendeu a gestora.
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Além da previsibilidade da geração de caixa do setor, ela aposta no revolução do gás mais barato, a partir do pré-sal, e no crescimento a partir de novas usinas e é categórica: “compramos eneva a R$ 12, a ação está a R$ 51 e a gente não tem a menor vontade de vender”.
Já Duda escolheu como ação “simples e essencial” a B3, dentro da tese do juro baixo por um longo tempo e da tecnologia. “A B3 cresce muito mais que 10% ao ano em receita, aliás cresce 20%, e o retorno é muito maior que 15%, na verdade é 30%”, disse. “Muito se fala na bolsa subir, mas mais que subir, ela vai expandir inexoravelmente”, conclui.
IRB e varejistas
No mesmo painel, que se tornará um episódio do Stock Pickers, os gestores também debateram a situação do IRB como case de investimentos e discordaram sobre qual varejista ter em carteira agora, entre Magazine Luiza e B2W. O podcast estará disponível em breve, na sua plataforma favorita.