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“Caiu, comprou” virou um mantra comum entre investidores em momentos de queda, mas, como o jornalista H. L. Mencken comentou: para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada.
Se Buffett estiver lendo essa news, talvez ele diga que a ideia de comprar nas quedas não está completamente errada (e não está), porém o próprio já explicou que gosta de comprar ações de qualidade quando o mercado está para baixo.
E é justamente a questão da qualidade que muitos esquecem, pois costumam focar apenas no preço. Quem fez isso com Oi (OIBR3), a queridinha da pessoa física na bolsa, por exemplo, deve ter descoberto que a coisa não é tão simples.
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Em 2012 a empresa chegou a ser cotada em R$ 95,00 e hoje luta para ficar acima de R$ 1,00. São quase 10 anos em queda livre e um prejuízo acumulado de mais de quase 100%.
Para não falar só de casos em que a “estratégia” deu errado, os investidores do Magazine Luiza (MGLU3) sabem que o “caiu, comprou” em 2015 funcionou muito bem. Desde então a varejista retornou mais de 3.000% aos seus cotistas, mas não sem antes cair até alguns poucos centavos.
Se você já estiver convencido de que a ideia “caiu, comprou” não é uma lei, a continuidade desse texto poderá clarear para você o que está acontecendo atualmente no mercado brasileiro
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Com o cenário macro e Brasília dominando o movimento do mercado, o Ibov tem sido castigado sem trégua nos últimos meses e praticamente todas as ações da bolsa, apesar dos bons resultados reportados na última temporada.
Desde seu pico em junho, o Ibovespa caiu -20,8%, sendo -6,7% em outubro. Por outro lado, como a Equitas demonstrou no último relatório, a curva nominal de juros de longo prazo, que serve de base para precificação dos ativos financeiros locais e saiu de 9% para títulos de 10 anos em junho deste ano para 12,5% atualmente, um aumento de 350 bps, dos quais 150 bps somente em outubro.
“Um movimento dessa magnitude na curva de juros em tão pouco tempo só havia ocorrido em dois outros episódios nos últimos 15 anos – durante a grande crise financeira de 2008 e no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff…”, explicou a gestora no relatório de novembro.
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E o que uma coisa tem a ver com outra você deve estar se perguntando. TUDO.
Para explicar isso e muito mais, reunimos duas lendas do mercado (e do fintwit), Alfredo Menezes, sócio da Armor Capital, e Fernando Ferreira, estrategista chefe na XP Investimentos, no episódio #121 do Stock Pickers que gravamos na quinta-feira (04/11).
O resultado foi uma aula em que o Ferreira praticamente desenhou como um aumento da taxa de juros tem impactos na bolsa e na economia real que podem tornar o “caiu, comprou” uma simplificação ruim de algo bem mais profundo.
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“Muitos investidores que entraram na bolsa nos últimos 2 anos estão com a cabeça do ‘caiu, comprou’, mas é preciso tomar cuidado com o cenário atual, porque alguns papéis caíram bastante e se o juros for para 12 ou 13% a queda faz sentido. A ancoragem de preço faz muita gente achar que toda queda é uma oportunidade e esquecem de analisar que às vezes a empresa é extremamente alavancada, tem dívida de curto prazo vencendo ano que vem, está num negócio de margem apertada etc. Enfim, tem uma série de poréns que devem ser analisados para conseguir separar o joio do trigo”, frisou Ferreira no episódio #121.
Detalhando mais a questão, Ferreira explicou os 4 principais efeitos na bolsa e nas empresas quando há aumento da taxa de juros e que você deve prestar atenção:
- Taxa de desconto: A alta do juros aumenta a taxa de desconto nos modelos de precificação das ações e isso faz com que o preço justo das ações caia. Na média, 1% de aumento no custo de capital num fluxo de caixa descontado diminui entre 10% e 15% no valor justo de uma ação.
- Revisão de lucro: Com a alta do juros, o custo de dívida das empresas também aumenta no momento de refinanciamento. Isso impacta diretamente o lucro por conta do aumento da despesa financeira: pode ocorrer uma revisão de lucros para baixo nos próximos trimestres.
- Fluxo: Em cenários de alta da juros, ocorre uma migração natural da renda variável para renda fixa. Resumindo: não tem bolsa que resista a volta do 1% a.m.
- Economia: O Banco Central aumenta juros para conter a inflação, o dinheiro fica mais “caro” e naturalmente ocorre uma contração de demanda que impacta diretamente as empresas pela diminuição do consumo.
Apesar disso tudo, Ferreira continua otimista com a bolsa principalmente porque o preço atual já reflete muita as notícias negativas dos últimos dias e qualquer melhora na margem podem fazer os preços podem voltarem a andar.
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Mas é preciso entender os 4 efeitos do cenário de alta de juros para não comprar uma ação somente em função da queda, pois nada é tão barato que não possa ficar mais com a alta dos juros.
#ComeToStockPickers
Quem acompanha o mercado através do Twitter já deve ter visto algum tweet do Robin Brooks, economista chefe da IFF, sobre a desvalorização do real.
Enquanto a moeda brasileira figura entre as mais desvalorizadas entre os países emergentes, Brooks tuita quase diariamente, há bastante tempo, sobre sua incredulidade em relação ao preço atual do real em relação ao dólar. Para ele, não faz o menor sentido a moeda ter se desvalorizado tanto.
Como adoramos um debate, criamos uma campanha para trazer o economista no Stock Pickers e você pode nos ajudar: deixe a hashtag #PleaseComeToStockPickers no último tweet dele.
Será épico se ele aceitar o convite!
Clube Stock Pickers: A Reabertura
Escolher ações e montar uma carteira não é uma tarefa fácil. Exige tempo, dedicação e, sobretudo, boas informações.
Com o Clube Stock Pickers, vamos criar um ecossistema do mercado financeiro: você estará conectado com as melhores cabeças da bolsa, que vão te ajudar a tomar as melhores decisões de investimento por conta própria e sem precisar gastar centenas de horas de estudo.
Você poderá ter acesso ao Clube na reabertura que faremos em breve. Cadastre-se agora e seja o primeiro a saber (clique aqui). Se eu fosse você, não deixaria para última hora, porque na última abertura preenchemos todas as vagas rapidamente.
Josué Guedes
CMO do Stock Pickers