15% de retorno em 2023 fazendo o “oposto do consenso”: os segredos da WHG

Andrew Rider e Gustavo Campanhã, da WHG, são os convidados do episódio 183 do Stock Pickers para explicar a rentabilidade da casa

Rafaela Bertonlini

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A WHG começou o ano de 2023 com o “pé direito” com 15% de retorno, fazendo o oposto do consenso. Andrew Rider, sócio e CIO da WHG, e Gustavo Campanhã, sócio e gestor da WHG, são os convidados do episódio 183 do podcast Stock Pickers para explicar o que levou à rentabilidade muito acima do mercado.

Contra o consenso

Com os juros nos Estados Unidos em ritmo de alta, a preocupação de como será o “pouso” da economia norte-americana pairou entre os investidores.

Com isso alguns setores, como de tecnologia, deixaram de figurar na preferência dos investidores, uma vez que quanto mais altos forem os juros mais as empresas de crescimento (growth) tendem a sofrer.

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Ao mesmo tempo, por empresas do segmento terem crescido muito durante o período de pandemia, a volta à “normalidade”, um pouco mais fora das telas e computadores, poderia impactar as techs.

Mas a WHG “apostou” contra o consenso e olhou para teses de empresas como Tesla e Meta, empresas que já tinham caído muito ao longo de 2022 e anunciaram recentemente importantes cortes de custos.

“Esse ano, a gente virou a mão, vendo que a tese de preços de cortes que a Tesla fez na verdade tinha um componente de que ela foi a primeira a subir preço lá atrás, justamente para repassar custos mais altos. O que ela fez agora, esse movimento de baixar preço, é um ponto porque ela podia. Se eu olhar as margens dos outros players do setor, eles não têm a capacidade de baixar igual a Tesla fez”, explica Gustavo Campanhã.

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“A gente acompanha vários dados de alta frequência, por exemplo registro de seguros de carros na China estava mostrando que até ela estava com um momentum bom de vendas e a gente montou a posição”, complementa.

Assim como Tesla, Meta era uma empresa que a casa não gostava devido aos “investimentos errados” que vinha fazendo nos últimos anos. Porém, os recentes movimentos voltaram a chamar a atenção da casa.

Andrew Rider justifica que a empresa está virando cada um dos tripés negativos que a WHG enxergava para ela.

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“Primeiro o lado macro. A gente estava com a cabeça que não vai ser hard landing (aterrissagem forçada da economia, com impacto forte na atividade), pelo contrário vai ser soft landing (pouso suave, com estabilização dos dados econômicos) ou “no landing”. O segundo ponto é que o reels (ferramenta de vídeo da plataforma) está começando a estabilizar o market share e até pegar um pouco de market share de volta do Tik Tok, então é um investimento que está dando certo”, diz.

Por último, havia uma preocupação com investimento excessivo da empresa (capex). Contudo, a casa começou a ouvir que o capex de players do setor começaria a cair. “Até então o Facebook estava gastando mais capex que Volkswagen, Samsung, companhias com mais capital intensivo do mundo. Neste contexto, uma companhia de mídia social que as pessoas gostam porque é asset light, de repente tá gastando mais que qualquer empresa. Então era o player com mais gordura para cortar e começamos a ouvir cada vez mais os hedge funds em Nova York falando que estavam para anunciar esses cortes”, explica.

China

Apesar de ser uma casa brasileira, a WHG opera como se fosse um fundo internacional. Portanto, está sempre de olho nas principais geografias.

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Para a China, Andrew acredita que a reabertura não trará um impacto tão positivo quanto a maior parte do mercado espera. A casa voltou a montar posição em China, mas sem muita expressão.

Nessa mesma esteira, eles também não estão muito positivos com a commodity petróleo.

Estados Unidos

O debate sobre se a economia norte-americana viveria por agora um hard landing ou um soft landing vem caindo, segundo a WHG. Lá eles já estão mais do lado do “no landing” (em que a economia vai continuar crescendo apesar das altas de juros pelo Fed).

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A percepção é que a inflação pode arrefecer, a economia voltar aos poucos e o cenário de recessão ficar apenas lá para frente.

Brasil

A WHG, apesar de olhar muito para fora, também aponta ser possível investir em Brasil, mas sem montar grandes posições.

O cenário de reabertura da China é positivo para o país, mas as incertezas políticas e o cenário de juros altos não favorecem muito o mercado de equities.

Para eles, assim como dito no episódio 182 pela Legacy, embora o múltiplo do Ibovespa a 7,5 vezes o preço sobre o lucro (P/L) pareça barato versus a média histórica de aproximadamente 11 vezes, quando se “destrincha” o múltiplo, pode-se perceber que não é exatamente assim.

O Ibovespa está mais barato em setores que tipicamente não são tão “bem quistos”, sendo eles: commodities e bancos. Já a outra metade, composta por empresas domésticas, mais “bem quistas” de um modo geral, aponta para um múltiplo não tão baixo.

Stock Pickers

O Stock Pickers é o maior podcast sobre ações do Brasil. O programa reúne gestores, analistas, traders e investidores em um debate sobre mercado e tudo que impacta em seus movimentos.

Já recebeu nomes como Luis Stuhlberger, sócio-fundador da renomada gestora Verde Asset e um dos maiores gestores do país; Andre Jakurski, fundador da JGP, uma das maiores e mais vencedoras casas de gestão de recursos do Brasil; Leda Braga, doutora em engenharia mecânica, fundadora, acionista majoritária e CEO da Systematica Investments e mulher brasileira com a carreira mais consagrada no mercado financeiro; e outras inúmeras personalidades consagradas do ramo.