Ozempic: o que é? Quem deve tomar? Entenda tudo sobre o medicamento

Usado no tratamento de diabetes tipo 2, Ozempic ganhou popularidade pela associação com perda de peso

Victória Anhesini

Injeções de Ozempic, medicamento da Novo Nordisk (Bloomberg)
Injeções de Ozempic, medicamento da Novo Nordisk (Bloomberg)

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Medicamento aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Ozempic é indicado para tratar pacientes com diabetes tipo 2, ajudando no controle da glicemia em pessoas cuja doença não é suficientemente controlada por dieta e exercícios físicos. E, exatamente por conta desse auxílio no controle do peso, é que o medicamento acabou se tornando muito popular, mesmo entre pessoas que não precisam do tratamento.

Segundo a Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa responsável por sua fabricação, a substância ativa, semaglutida, atua no controle da glicemia e proporciona outros benefícios relacionados à saúde metabólica.

Por conta de sua popularidade para perda de peso, o Ozempic levanta preocupações sobre o seu uso indiscriminado, especialmente por pessoas sem indicação clínica, além de outros problemas como falsificações do medicamento.

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“A medicação deve ser sempre prescrita por médico para pessoas com obesidade clínica e/ou diabetes que estão em acompanhamento”, disse Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

O que é o Ozempic?

O Ozempic é um medicamento injetável (como se fosse uma canetinha), cujo princípio ativo é a semaglutida, pertence à classe dos agonistas do receptor GLP-1. Ou seja, ele imita a ação do hormônio, que é produzido naturalmente pelo organismo humano, que tem o papel de controlar a glicemia e o apetite. 

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Ele atua no aumento da liberação de insulina pelo pâncreas, quando os níveis de açúcar no sangue estão altos, e ajuda a reduzir a velocidade com que os alimentos saem do estômago, o que também diminui a sensação de fome. 

Por conta desses efeitos, o Ozempic promove a perda de peso. Muitos pacientes consideram isso um benefício adicional. 

“A semaglutida age no cérebro diminuindo a fome, no estômago reduzindo o esvaziamento gástrico, e tem ação no pâncreas, facilitando a secreção de insulina e muitos outros efeitos em outros órgãos”, explica Tarissa.

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Embora o emagrecimento possa ser visto como um efeito positivo, especialmente em pacientes com obesidade, o uso do medicamento deve ser sempre associado à supervisão médica e à indicação clínica apropriada.

Quem realmente precisa do Ozempic?

Segundo a endocrinologista, o Ozempic é recomendado para pessoas com diabetes tipo 2 que precisam de um melhor controle glicêmico e, em alguns casos, para indivíduos com obesidade associada ao diabetes. 

Tarissa ressalta que o medicamento é indicado somente para quem tem obesidade clínica e/ou diabetes, e que o uso por pessoas que buscam apenas perder peso sem diagnóstico de obesidade é desaconselhado.

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A Novo Nordisk, que produz o medicamento, também possui o Rybelsus (semaglutida oral), e o Wegovy (semaglutida injetável), que é a versão da semaglutida para tratar pacientes com obesidade, disponível no Brasil desde agosto de 2024.

“Embora esses medicamentos tenham o mesmo princípio ativo (semaglutida), suas dosagens, indicações e formas de administração são diferentes e devem ser usados apenas sob supervisão médica”, destaca Priscilla Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk no Brasil.

Foco na obesidade

Recentemente, foi publicado na revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology uma nova abordagem para classificar e diagnosticar a obesidade. 

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A redefinição da obesidade clínica e pré-clínica pode trazer impactos nos critérios de prescrição de medicamentos como o Ozempic, embora não tenha sido criada com o objetivo de indicar tratamentos específicos. 

De acordo com Ricardo Cohen, head do Centro de Obesidades e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, “essa nova abordagem pode ampliar as opções terapêuticas disponíveis, fornecendo diagnósticos mais precisos e permitindo tratamentos mais personalizados”.

Sobre o papel preventivo do Ozempic, Cohen ressalta que o medicamento pode ser útil em casos de obesidade pré-clínica, desde que haja indicação médica. 

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“Qualquer opção terapêutica, incluindo o medicamento, pode ser valiosa para prevenir a progressão da obesidade, mas seu uso deve sempre ser guiado por uma avaliação profissional, considerando riscos e benefícios individuais”

Porém, ele alerta que o uso de medicamentos como o Ozempic deve ser restrito ao contexto clínico. “A utilização irrestrita ou recreativa é inadequada e pode trazer riscos à saúde”, reforçou.

Benefícios e efeitos colaterais

O Ozempic traz uma série de benefícios para pacientes com diabetes tipo 2, incluindo:

Mas como todo medicamento, o Ozempic também pode apresentar efeitos colaterais. A endocrinologista destaca que os principais efeitos colaterais são gastrointestinais, principalmente náusea e obstipação ou diarreia, mas que também pode causar dor de cabeça. 

“É contraindicado para pessoas com história pessoal ou familiar de câncer medular de tireoide (um tipo muito raro) e deve ser usado com cuidado e acompanhamento para pessoas com cálculo na vesícula biliar. Por isso, o uso da medicação deve ser sempre prescrito e acompanhado por um médico”

Acessibilidade ao medicamento

No Brasil, o preço do Ozempic é regulado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas pode variar dependendo do ponto de venda. Atualmente, a média de preço está entre R$ 994,03 e R$ 1.308,32, dependendo da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada estado.

O custo elevado e a crescente procura pelo medicamento podem dificultar o acesso para aqueles que realmente necessitam. Porém, ele pode ser custeado pelos planos de saúde desde que seja prescrito por um médico para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade

Especialistas afirmam que o Ozempic, assim como outros medicamentos considerados de alto custo também devem ser cobertos, caso seja recomendado formalmente

Por outro lado, a ANS esclarece que “não há cobertura obrigatória” para uso domiciliar ou ambulatorial, conforme a Lei 9.656/1998, que exclui medicamentos para tratamento domiciliar, exceto os antineoplásicos orais e relacionados a efeitos colaterais de tratamentos de câncer.