Publicidade
Se você sente cansaço constante e dificuldade de concentração durante o dia, pode estar enfrentando um distúrbio do sono. De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono.
Nesta sexta-feira (14) é celebrado o Dia Mundial do Sono, instituído em 2008 pela Associação Mundial do Sono, com sede nos EUA, com o objetivo de chamar atenção para a importância do sono em relação à saúde.
Especialistas aproveitam a data para alertar que é fundamental reconhecer e tratar condições como ronco, apneia e insônia para uma melhor qualidade do sono e, consequentemente, de vida.
Distúrbio do sono
Ordival Augusto Rosa, especialista em Medicina do Sono do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO), explica que muitas pessoas subestimam os sinais desses distúrbios, acreditando que o ronco, por exemplo, seja apenas um incômodo social.
Esses episódios, porém, podem levar a fadiga, sonolência diurna e aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
“O ronco frequente e intenso deve ser investigado, pois pode ser um alerta para a apneia do sono, uma condição em que há interrupções da respiração durante o descanso. Isso compromete a oxigenação do organismo e aumenta o risco de diversas doenças.”
Outro fator que influencia a qualidade do sono são as condições endócrinas. Pedro Saddi, médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, destaca que doenças como hipertireoidismo, diabetes tipo 2 e obesidade impactam diretamente no descanso.
Continua depois da publicidade
“O hipertiroidismo é uma condição na qual todo o metabolismo fica mais acelerado. Nesse sentido, pode ocorrer pensamento acelerado e insônia. A redução do excesso de hormônio tiroideano com o tratamento adequado leva de volta a rotina de sono normal”, detalha Saddi.
Mulheres são mais afetadas
Mulheres podem ser ainda mais afetadas por distúrbios do sono, seja pela sobrecarga das responsabilidades e tarefas diárias que dificultam o relaxamento, mas também por questões hormonais – como a gravidez e a menopausa.
“A gravidez pode afetar o sono por diversos mecanismos, geralmente relacionados ao aumento do volume do abdome. Conforme o bebê vai crescendo, o diafragma, principal músculo da ventilação, fica comprimido. Principalmente quando a gestante se deita com as costas apoiadas no colchão”, pontua Saddi.
Continua depois da publicidade
Já durante a menopausa, o médico explica que os níveis de estrogênio e progesterona diminuem, podendo afetar a termorregulação do cérebro, levando a ondas de calor e suores noturnos e alterações do ciclo natural de sono-vigília do corpo, o chamado “ritmo circadiano”.
A médica Mariane Sayuri Yui, otorrinolaringologista e especialista em sono do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, alerta para o impacto do estresse e do estilo de vida na qualidade do sono. Segundo ela, “pessoas muito ansiosas e/ou que buscam alto rendimento podem desenvolver insônia crônica”.
A especialista também destaca que a privação do sono, comum em quem sacrifica horas de descanso por produtividade, pode trazer prejuízos sérios para a saúde.
Continua depois da publicidade
Para um diagnóstico preciso, exames como a polissonografia (que monitora padrões respiratórios, níveis de oxigenação, frequência cardíaca e atividade cerebral durante o sono) podem ser necessários. O tratamento varia conforme a condição, indo desde mudanças no estilo de vida até o uso de dispositivos ou, em casos mais graves, cirurgia.
Bons hábitos ajudam a ter um bom sono
A adoção de bons hábitos também é essencial para uma noite de sono reparadora. Mariane recomenda evitar bebidas e alimentos estimulantes como açúcar, cafeína e bebidas alcoólicas à noite.
“No caso das refeições, o ideal é um jantar leve até 3 ou 4 horas antes do horário de dormir e a mesma coisa com relação ao consumo de água e líquidos no período noturno: é interessante limitar o consumo até 2 horas antes de dormir, porque aí dá tempo de produzir a urina e de esvaziar a bexiga.”
Manter um horário regular para dormir e acordar, além de reduzir o uso de telas antes de se deitar também são recomendações essenciais dos especialistas. Além disso, eles alertam que é hora de procurar ajuda médica quando sentir que o sono não é restaurador.