Epilepsia: tratamentos avançados ajudam a transformar vidas de pacientes

Dia Mundial de Conscientização Sobre a Epilepsia é comemorado nesta quarta-feira (26) com o objetivo de ampliar a compreensão e o diálogo global sobre o distúrbio neurológico crônico

Victória Anhesini

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O Dia Mundial de Conscientização Sobre a Epilepsia, comemorado nesta quarta-feira (26), é uma data dedicada a ampliar a compreensão e o diálogo global sobre o distúrbio neurológico crônico.

A doença é causada por alterações na atividade elétrica do cérebro, sem distinção de perfil: qualquer pessoa, independente da idade ou estilo de vida, pode ter a condição.

As crises variam de convulsões generalizadas a episódios mais sutis, como movimentos involuntários localizados ou perdas momentâneas de consciência.

Um dos tratamentos mais avançados para a condição é a Estimulação Cerebral Profunda (ou DBS – Deep Brain Stimulation, na sigla em inglês), um procedimento que está transformando a vida de pacientes com epilepsia refratária.

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Determinar o tipo de epilepsia permite uma abordagem de tratamento mais eficaz. Cerca de 70% dos pacientes conseguem controlar suas crises com medicamentos antiepilépticos, pacientes com epilepsia refratária podem se beneficiar com tratamentos avançados, como a DBS.

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Esse tratamento minimamente invasivo tem sido estudado há anos e foi detalhadamente abordado na revista científica Epilepsia. Recentemente, a terapia passou por uma revisão sistemática, que identificou um aumento na eficácia ao longo dos anos.

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O procedimento envolve a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, como o núcleo talâmico ou o hipocampo, que são conectados a um neuroestimulador para modular a atividade neural. Esse aparelho recebe estímulos constantes, com o objetivo bloquear ou interromper os impulsos anormais de atividade elétrica no cérebro.

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“A DBS tem sido eficaz em reduzir a frequência e intensidade das crises, com efeitos adversos mínimos, provocando melhora na qualidade de vida para pacientes que enfrentam limitações severas”, explica Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia na Unicamp.

Veja mitos e verdades sobre a epilepsia

A palavra Epilepsia é de origem grega e significa “surpresa” ou “evento inesperado”. O nome se relaciona bem com a condição. A Abbott, empresa global de cuidados para a saúde, criou uma lista para desmistificar a doença, com informações da especialista Maria Luiza Giraldes de Manreza, doutora em Neurologia e supervisora da disciplina de Neurologia Infantil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

As crises são controladas com medicamentos? Sim! Na grande maioria dos casos (70%), as crises epilépticas são controladas com a administração de medicamentos.

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A epilepsia é uma doença contagiosa? Mito! A epilepsia não é uma doença contagiosa. 

O paciente com epilepsia não tem condições de viver uma vida normal? Mito! A maioria das pessoas com epilepsia tem condições plenas de ter uma vida normal, desde que sejam adequadamente tratadas e mantenham total adesão a esse tratamento.

Pacientes com epilepsia apresentam dificuldade de aprendizado? Mito parcial. A maioria dos pacientes com epilepsia não tem dificuldade de aprendizado ou alterações mentais.

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Alguns podem ter esses sintomas devido à causa da epilepsia, como malformação do sistema nervoso, sequela de anoxia neonatal etc. Outras pessoas têm esses sintomas associados à epilepsia, visto que a doença pode apresentar comorbidades, como transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), dislexia, transtornos de aprendizagem em geral, distúrbios psiquiátricos depressão) etc.

Convulsão e ataque epiléptico são a mesma coisa? Mito! Convulsão é o termo utilizado para aquelas crises epilépticas caracterizadas por sintomas motores ou convulsivos, como a crise tônico-clônica, em que o paciente cai no chão e se bate.

O ataque epiléptico, por sua vez, é a crise epiléptica em si e compreende todos os tipos de crises, ou seja, aquelas com sintomas motores, sensitivos, sensoriais etc. Esses termos, de um modo geral, não são utilizados pelos médicos, mas são comuns na sociedade.

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As crianças requerem mais cuidados em relação à doença do que os adultos? Verdade! Por serem dependentes e não terem noção real sobre a importância do tratamento, as crianças merecem atenção especial por parte dos pais e/ou cuidadores, tanto em sua rotina, quanto ao uso da medicação.

Crianças com epilepsia não têm condições de viver uma vida normal? Mito! Elas podem levar uma vida normal, desde que façam o tratamento corretamente e sejam submetidas a alguns cuidados, pois a criança nem sempre tem maturidade para distinguir o que pode desencadear uma crise. Crianças maiores e adolescentes devem saber que são tão capazes como qualquer outra pessoa de sua idade, mas que têm algumas limitações devido à doença (como cognitivo ou dificuldades de locomoção em alguns casos).

As crises epilépticas em crianças são diferentes das apresentadas pelos adultos? Mito parcial. As crises na infância são diferentes no que diz respeito à presença de determinadas síndromes epilépticas, em geral de origem genética, que têm evolução diferente.

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