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O Dia Mundial dos Diabetes acontece anualmente no dia 14 de novembro. A data foi idealizada para que haja mais conscientização sobre a doença crônica, que atinge cerca de 6,9% da população, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Uma pesquisa feita pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) em 2021 aponta que são mais de 15 milhões de pessoas afetadas pela doença no Brasil, e que, no ranking mundial, o país está em quinto lugar em número de casos. Ainda, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) divulgou em 2023 que cerca de 50% da população não sabe que tem a doença.
A campanha do Dia Mundial dos Diabetes tem o objetivo de evitar o agravamento dos casos com o diagnóstico precoce. “O diagnóstico precoce é fundamental porque permite que a pessoa inicie o tratamento antes que a doença cause complicações sérias, como problemas no coração, rins ou visão”, disse Isio Carvalho de Souza, médico endocrinologista da Santa Casa de Araçatuba.
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A doença pode ser prevenida em vários casos, mas mesmo assim tem crescido o número de atendimentos ambulatoriais relacionados à doença em 2024, segundo dados de uma pesquisa da Planisa – empresa de gestão de custos hospitalares na América Latina –, feita em parceria com o DRG Brasil, divulgados exclusivamente ao InfoMoney.
Esse indicador apresentou um grande avanço ao longo dos anos, especialmente entre 2021 e 2023, com uma alta de 823,65%. Somente entre janeiro e julho deste ano, houve um aumento de 79,61% em comparação com o mesmo período de 2023, totalizando 15.480.479 pacientes.
O levantamento traz os números de internações por diabetes nos últimos seis anos (período de 2019 até setembro de 2024). Foram pesquisados 442 hospitais públicos e privados de várias regiões do Brasil. O número total de internações por diabetes no período é de 80.218 e o total da população pesquisada é de 77.344.677 pacientes.
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Tipos de diabetes e os sintomas
Para compreender melhor a extensão dos casos, é importante frisar que existem três tipos principais de diabetes:
- Diabetes tipo 1: doença autoimune onde o corpo não produz insulina, mais comum de ser diagnosticado em crianças e adolescentes;
- Diabetes tipo 2: mais comum em adultos, quando o corpo se torna resistente à insulina ou não a utiliza de forma eficiente; e
- Diabetes gestacional: acontece durante a gravidez e pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.
Em grande parte, os sintomas para todos os tipos são os mesmos, mas de acordo com Thalita Modena, enfermeira especialista responsável pelo Programa de Diabetes do Hospital Israelita Albert Einstein, os sinais e sintomas podem ser bastante sutis e muitas vezes nem mesmo se manifestam de imediato.
Alguns sinais mais comuns são sede excessiva, urina frequente, cansaço extremo, perda de peso inexplicável e visão embaçada. Além disso, há o processo de polifagia, em que o corpo não é capaz de usar a glicose como fonte de energia para se manter, já que existe uma deficiência relativa ou absoluta de insulina, segundo Thalita. Isso leva o paciente a exagerar na comida.
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Além disso, o formigamento e dormência de extremidades também é um sintoma reconhecível do diabetes, já que o excesso de glicose no sangue pode danificar pequenos vasos de extremidades, além de também afetar nervos. Ter uma cicatrização ruim e infecções frequentes também são sinais de excesso de glicose.
Fatores que levam ao diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2, correspondente a cerca de 90% dos casos, segundo o IDF, é muito influenciado por uma conjunção de fatores, de acordo com os especialistas. O excesso de peso e o sedentarismo são os mais prevalentes.
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Além disso, o histórico familiar é muito prevalente, principalmente aos que têm parentes de primeiro grau com a doença e que apresentam maior predisposição. Outras condições que adicionam ao risco são: hipertensão e colesterol elevado, ambas integrantes da síndrome metabólica e a obesidade abdominal, que aumenta a resistência à insulina. Há ainda alguns grupos étnicos, como afrodescendentes, hispânicos, asiáticos e indígenas, que tendem a ter uma propensão mais elevada.
Outros fatores incluem:
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP), que pode desencadear alterações hormonais e resistência à insulina;
- Distúrbios do sono, como apneia; e
- Alimentação rica em açúcares e gorduras.
O que acontece se não for tratado?
O endocrinologista explica que se não controlado, o diabetes pode causar sérios problemas de saúde a longo prazo, como doenças cardiovasculares (infartos e derrames), danos nos nervos (neuropatia), problemas renais, perda de visão (retinopatia) e má circulação sanguínea, que pode resultar em amputações.
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As amputações acontecem em quadros mais severos da doença, mas que, de acordo com o levantamento da Planisa, aumentaram no Brasil nos últimos anos. Os dados apontam que os procedimentos tiveram um crescimento significativo em 2022 (10,94%) ante 2021. Em 2023, foram registrados 10.034 casos no total, e somente no primeiro semestre de 2024, já foram contabilizados 10 mil casos, quase ultrapassando o número do ano anterior.
Gustavo Sanchez, médico ortopedista, membro da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), afirma que isso ocorre devido o diabetes ser uma doença silenciosa, “que vai agredindo a microcirculação, ou seja, vai lesando vasos bem pequenos, que causam lesões progressivas e definitivas, provocando perda de sensibilidade, alteração nos nervos, levando a deformidades no pé, ou mesmo, a um risco maior de infecção”.
Sanchez ainda exemplifica que pacientes com pés insensíveis estão mais sujeitos a outros tipos de lesões, como as úlceras, sendo que a sensibilidade é importante para a defesa.
“Um paciente que tem um pé insensível e com alguma deformidade, pode começar a ter uma lesão sem perceber. Essa lesão é primeiro uma ferida, depois, ela pode fazer uma lesão crônica, a famosa úlcera, e essas úlceras podem infeccionar. Então, isso começa a ser um avanço da doença, que vai progredindo para estágios catastróficos que podem levar, inclusive, para amputações.”
O ortopedista explica que esses casos são mais avançados e existe um elemento de negligência médica que pode levar a essas lesões e eventuais amputações.
Prevenção do diabetes tipo 2
A prevenção do diabetes tipo 2 envolve diversas mudanças no estilo de vida, que ajudam a reduzir o risco de desenvolver a doença e também são fundamentais para o controle caso a condição já tenha se instalado. Entre as principais estratégias estão a prática de atividade física, uma alimentação saudável, a redução do consumo de álcool e tabaco, o controle do estresse e a monitorização da saúde.
Ter uma alimentação saudável é imprescindível para se prevenir do diabetes tipo 2. “Uma alimentação saudável é fundamental para manter uma boa saúde e bem-estar ao longo da vida, promovendo o controle de peso e a prevenção de doenças”, disse Thalita.
O sono e o controle de estresse também são fundamentais para a prevenção. A falta de sono e o estresse crônico elevam os níveis de hormônios contrarreguladores, que aumentam a glicose no sangue, interferindo na ação da insulina. Por fim, é essencial manter um acompanhamento médico regular, especialmente para aqueles com fatores de risco, permitindo a identificação precoce da doença e intervenção oportunas.
Pilares de tratamento
O tratamento do diabetes tem quatro pilares principais, segundo a enfermeira especialista: alimentação saudável, atividade física, medicamentos e monitorização. Ela destaca que a alimentação saudável não proíbe o consumo de alimentos, mas ensina os pacientes a fazerem “boas e melhores escolhas”. A atividade física é essencial e deve ser combinada com a alimentação balanceada para um controle adequado da doença.
O tratamento medicamentoso varia conforme o tipo de diabetes. O endocrinologista afirma que no diabetes tipo 1, o tratamento principal é a administração de insulina. Porém, no diabetes tipo 2, além de insulina em casos mais graves, o tratamento pode incluir medicamentos orais, como a metformina, que melhora a resposta do corpo à insulina.
Carvalho de Souza ressalta que o monitoramento contínuo da glicose é fundamental, porque permite que os pacientes façam ajustes necessários no tratamento, seja com insulina, medicamentos ou na alimentação. “Isso ajuda a evitar picos ou quedas de glicose, prevenindo complicações graves e garantindo um controle eficaz da doença”, explica.
No que diz respeito à monitorização, ela afirma que “os locais para verificação de glicemia capilar são a face lateral dos dedos, evitando a polpa digital, pois esta região possui mais terminações nervosas”.
Thalita também menciona utilização de sistemas flash, como o FreeStyle Libre, que permite o monitoramento da glicose de maneira contínua. “A principal vantagem do sistema flash é a possibilidade de verificar tendências”, complementa. Esses sistemas, no entanto, não substituem a medição tradicional da glicose, especialmente em situações críticas.
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