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Viver estressado não é normal. O transtorno é uma resposta fisiológica do corpo em momentos de ameaças, perigos e pressão, então isso não deveria ser um sentimento frequente na vida de ninguém.
O estresse está relacionado a um leque de doenças dos mais diversos tipos, incluindo problemas cardíacos, distúrbios digestivos, além de enfraquecer o sistema imunológico, tornando o corpo mais suscetível a infecções e inflamações.
Ele também pode ser causado por grandes alterações no estilo de vida e até mesmo pode ocasionar um gatilho relacionado a determinados ambientes, ou seja, a sensação pode permear qualquer área da vida, sem distinção.
Na correria do dia a dia, é difícil identificar como o corpo está sendo afetado pelo transtorno e, ainda “se livrar” do estresse – outro aspecto que pode parecer uma missão impossível. Contudo, especialistas pontuam que não tem tanto mistério assim.
Quais são os principais sintomas do estresse?
- Alterações de humor
A forma que o corpo reage ao estresse pode ser diferente para cada pessoa. Emocionalmente, os sintomas incluem ansiedade, depressão, além de outras irregularidades de humor e crises de raiva, segundo a cardiologista Maristela Monachini, do Hospital Sírio-Libanês.
- Problemas de sono
Além disso, também está relacionado a problemas com o sono. “O estresse pode tanto causar insônia quanto hipersonia [excesso de sono]. Algumas pessoas têm dificuldade para dormir, enquanto outras sentem a necessidade de dormir por longos períodos”, diz o psiquiatra Alexandre Valverde.
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- Mudanças de apetite
Valverde também pontua que outro indicador importante é o apetite, que pode aumentar ou diminuir conforme a situação. O psiquiatra explica que essa elevação, especificamente, se manifesta não só por meio do aumento da quantidade de comida nas refeições, mas também pela tendência a ficar beliscando, sempre em busca de algum tipo de estímulo.
“Muitas vezes, procuramos o conforto na comida, aquela que comemos para nos sentirmos mais tranquilos, para tentar apaziguar a ansiedade, o que pode levar à compulsão alimentar”, disse.
- Dificuldade de se concentrar
A cardiologista pontua que outro sintoma muito comum é a falta de concentração e dificuldade de manter o raciocínio, o que afeta tanto a vida pessoal quanto a profissional. “Esses sintomas, se não forem tratados, podem se agravar com o tempo”, destaca.
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Valverde ainda ressalta que problemas de foco podem ser particularmente graves, pois além da falta de capacidade de trabalhar e estudar, também há impacto na memória, o que pode ser observado na hora de executar tarefas simples.
- Tensões físicas
O psiquiatra também pontua que os sintomas físicos mais comuns de excesso de estresse incluem alterações no funcionamento do intestino, tensão muscular, dores de cabeça e nas articulações e aumento de sensibilidade em relação à dor.
Também há possibilidade de haver mudanças na libido, podendo aumentar ou diminuir.
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“A pessoa pode parar de buscar relações sexuais, ficando longos períodos sem interesse, ou, ao contrário, pode buscar a atividade sexual de forma repetitiva ou compulsiva, seja acompanhada ou solitária, como uma forma de lidar com a ansiedade e tensão que está vivenciando”, explica.
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Estresse ocasional versus crônico
Os especialistas reforçam que há uma diferença entre o estresse ocasional, que acontece como uma resposta temporária a eventos específicos. Por exemplo, quando o prazo de alguma entrega importante está chegando ou por conta de conflitos familiares.
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Esse tipo de estresse, de acordo com Maristela, tende a ser solucionado a partir do momento que a situação se normaliza. O problema acontece quando o transtorno persiste.
“O estresse crônico é persistente, frequentemente ligado a problemas contínuos, como dificuldades financeiras ou pressões no ambiente de trabalho… Esse tipo de estresse é mais prejudicial, pois pode levar a alterações na saúde.”
Valverde explica que também há uma liberação elevada de hormônios, como o cortisol e a adrenalina, que levam ao aumento da pressão arterial. Além de elevar a glicemia, causam ainda retenção de líquidos e acúmulo de gordura, resultando em alterações no peso.
Consequências crônicas
O estresse contínuo provoca também uma sobrecarga no corpo. Monachini explica que já foi comprovado que pessoas com estresse alto ou moderado têm mais chances de sofrer problemas cardíacos.
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Ela ainda pontua que o estresse crônico também está associado com o aumento da pressão arterial e frequência cardíaca, aumentando o risco de infarto e angina.
Além dos problemas cardiovasculares, Valverde alerta para o impacto no cérebro, que pode ser observado por meio do comportamento continuado de “flight or fight”, ou “fuga ou luta” em português, que indica hipervigilância excessiva e tensão.
“A exposição crônica ao estresse faz com que as amígdalas cerebrais, responsáveis pela vigilância e o comportamento de luta ou fuga, entrem em um estado de hiperfuncionamento”, explicou.
O psiquiatra frisa que, no longo prazo, manter esse estado de alerta constante pode afetar as relações pessoais, o desempenho no trabalho e a saúde mental, desencadeando quadros de ansiedade e depressão.
“Esse estado constante de alerta pode criar um “curto-circuito” de tensão, fazendo com que a pessoa interprete os acontecimentos de forma negativa e exagere na percepção de ameaças”, disse.
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Métodos para gerenciar o estresse
Nem tudo, porém, está perdido: é possível, segundo os especialistas, gerenciar o estresse diário com algumas estratégias:
- Tenha uma alimentação balanceada, evitando ultraprocessados e mantendo igualmente uma boa hidratação, com pelo menos dois a três litros de água por dia;
- Praticar exercícios físicos regularmente é essencial, desde que seja algo prazeroso, como uma caminhada, musculação ou natação;
- Manter uma boa higiene do sono também é fundamental para diminuir os níveis de estresse;
- Praticar atividades relaxantes também é importante, como ouvir música, dançar, cozinhar, etc. Ter um hobby criativo ou que utilize as mãos, como cerâmica e jardinagem podem colaborar bastante também.
- Ter uma rede de apoio presente também é recomendado, com familiares e amigos. Isso também se traduz numa redução do impacto do estresse.
Reconhecer os sinais do estresse e adotar hábitos saudáveis podem, por fim, ajudar a evitar seus efeitos negativos na saúde física e mental.
Quando o estresse é constante, é importante procurar ajuda profissional para evitar complicações a longo prazo.