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Reeleito em primeiro turno nas eleições de 2022, com 56% dos votos válidos, Romeu Zema (Novo) inicia seu segundo mandato no governo de Minas Gerais neste 1º de janeiro de 2023. Mas o governador mineiro já começa a olhar para 2026.
Apesar de surfar a onda bolsonarista nas duas últimas eleições, Zema quer ocupar o espaço do agora ex-presidente na chamada “direita moderada” da política brasileira, pensando na próxima disputa pelo Planalto.
Apesar de ter feito palanque para Bolsonaro em Minas no segundo turno das eleições de 2022, Zema já tenta se descolar da imagem de bolsonarista, criticando a forma de comunicação do ex-presidente e a atuação do governo federal na pandemia: “Ele acabou perdendo para si mesmo”, disse Zema, em uma entrevista à Rádio Super em novembro.
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Zema diz não ser herdeiro político de Bolsonaro e desconversa quando perguntado sobre uma possível candidatura ao Planalto em 2026. “Estou pensando no agora e, quando chegar a eleição lá na frente, vai ser o momento adequado de falar sobre isso”, afirmou na mesma entrevista. “Romeu Zema em 2026 pertence ao futuro”
O fato é que Zema, ao lado dos governadores eleitos de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos) e Eduardo Leite (PSDB), é visto como um dos nomes da chamada “direita moderada” na disputa ao Planalto em 2026, especialmente após a vitória em primeiro turno em Minas Gerais.
No entorno do governador, segundo o portal Metrópoles, acredita-se que uma gestão novamente bem avaliada em um estado politicamente relevante como Minas Gerais fortaleceria uma candidatura do governador à Presidência da República.
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Pesa contra Zema, porém, o fato de seu partido, o Novo, ter elegido apenas três deputados federais em 2022, não atingido a cláusula de barreira. O possível candidato não poderia, por exemplo, participar de debates na televisão, por exemplo. Por isso, discute-se a migração de Zema para outra sigla até 2026.
Após a eleição presidencial, Zema afirmou que vai estabelecer uma “relação republicana” com o presidente Lula, após dizer durante a campanha que todo mineiro deveria ser “PTFóbico”: “Não vou ficar atacando, mandando pedra, que não é o meu estilo. Mas nós vamos também reclamar”, disse ao jornal Valor Econômico.
Relação difícil com deputados estaduais
Enquanto 2026 não chega, o presente pode ser mais incômodo dentro de casa, com a dificuldade enfrentada por Zema para conquistar maioria ampla na Assembleia Legislativa mineira.
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No seu primeiro mandato, o governador sofreu com a resistência dos deputados estaduais, que emperraram promessas de campanha do então candidato ao Palácio Tiradentes, como a privatização da Cemig, a Companhia Energética de Minas Gerais, e a Codemig, a Companhia de Desenvolvimento Econômico do estado.
Após a reeleição, o governador colocou como meta obter mais de 48 deputados na base aliada, tomando mais de dois terços (a chamada “maioria qualificada”) da Assembleia Legislativa. Porém, até o fim de dezembro, o governo Zema tinha conquistado 32 dos 77 deputados, segundo o jornal Folha de S.Paulo.
O número seria um empecilho para um dos grandes projetos de Zema desde seu primeiro mandato, a privatização da Cemig. A ideia depende de uma emenda à Constituição estadual para ser aprovada, algo que só aconteceria com maioria ampla da Assembleia Legislativa.
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No primeiro mandato, com a resistência dos deputados, Zema direcionou o foco para concessões, que dependem mais do Executivo e do que o Legislativo, como a do Rodoanel da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do aeroporto da Pampulha.
Após a reeleição, Zema voltou a afirmar que pretende privatizar a Cemig, ou transformá-la “em um modelo corporation”, no qual a empresa é listada em Bolsa, mas tem o controle acionário pulverizado, sem acionista controlador ou bloco de controle.
O governador disse que outras estatais mineiras também podem ser privatizadas: “Queremos também o mesmo para a Copasa, o mesmo para a Gasmig e a Codemig”.
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A privatização de estatais mineiras é visto como principal saída para fortalecer o combalido caixa do estado, que registra dívida de R$ 155 bilhões, e ainda foi atingido pela perda de arrecadação após a redução da alíquota do ICMS sobre combustíveis.
Outra medida para aliviar o caixa do estado é consolidar a adesão de Minas ao programa do governo federal que permite renegociar dívidas com a União. Em agosto, o STF deu uma liminar garantindo a adesão, mas a Assembleia Legislativa ainda precisa aprovar a medida.
Sem mudanças na estrutura de governo
O secretariado de Zema deve se manter inalterado, pelo menos no início do segundo mandato: os 13 secretários vão ficar no cargo. Mas o governador negocia com partidos aliados cargos do segundo escalão da administração.
Uma área que deve passar por mudanças é a de Segurança Pública. O comando da Polícia Militar e dos Bombeiros deve ser trocado, por causa da aposentadoria dos atuais comandantes.