Zema diz que carro elétrico é ‘ameaça aos empregos’ e faz defesa do etanol

Governador mineiro diz que transição passará pela extinção de postos de trabalho "de uma cadeia produtiva que não vai ter mais sentido"

Luís Filipe Pereira

Romeu Zema, governador de Minas Gerais (Foto: Divulgação)
Romeu Zema, governador de Minas Gerais (Foto: Divulgação)

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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que carros elétricos “são uma ameaça aos nossos empregos”, defendeu o etanol como combustível sustentável e disse que a perda de arrecadação com impostos sobre a gasolina é uma preocupação.

Zema também criticou a transição para o carro elétrico, que segundo ele passa necessariamente pela extinção de “milhões de empregos de uma cadeia produtiva que não vai ter mais sentido: peças de motor a combustão, escapamentos, uma série de itens não são utilizados no carro elétrico”.

“Nosso carro a etanol, que muitas vezes é esquecido, ele é tão sustentável quanto [o carro elétrico] ou até melhor”, afirmou o governador mineiro na noite de quinta-feira (19). “Muitas vezes o que nós estamos assistindo é um carro elétrico na tomada e o que está lá atrás gerando essa energia é uma usina termelétrica altamente poluente”.

Um estudo da empresa alemã Mahle aponta que um carro 100% elétrico emite mais gás carbônico no Brasil do que um movido a etanol, por exemplo (emissão de 17,6 toneladas de CO2 em dez anos, contra 12,1 toneladas do biocombustível). Na Bolívia, onde dois terços da energia elétrica é gerada por combustíveis fósseis, um veículo elétrico emite mais CO2 até do que um movido a gasolina (32,5 toneladas a 31,3).

Além disso, o descarte das baterias pode se tornar um grande problema no futuro. “Nós temos de lembrar: o carro elétrico é uma ameaça aos nossos empregos. A transição para o carro elétrico envolve a importação de baterias, que pouquíssimos países produzem”, destacou Zema, que discursou durante o evento que formalizou o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), em São Paulo.

Cosud

A abertura do Cosud ocorreu na Sala São Paulo, na região central da capital paulista. Participaram, além de Zema, os governadores Ratinho Júnior (PSD); do Paraná; Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Também estiveram presentes Marilisa Boehm (PL), vice-governadora de Santa Catarina, e lideranças dos governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

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Criado em 2019, o Cosud busca fortalecer ações de cooperação entre os governos dos sete estados das regiões Sul e Sudeste, que segundo o IBGE concentram 70% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O grupo tem rivalizado com o Consórcio Nordeste, que ganhou protagonismo político nos últimos anos — principalmente na pandemia.

Em agosto, ao pedir maior engajamento e capacidade de articulação dos demais governadores por uma “aliança Sul-Sudeste”, Zema comparou os estados do Nordeste a “vaquinhas que produzem pouco” e criou foi duramente criticado.