Zanin rejeita pedido de impedimento e diz que pode julgar Bolsonaro com isenção

Ministro do STF afirma não haver motivos para se declarar impedido e aguarda decisão de Barroso

Marina Verenicz

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O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (27) que não vê motivos para se declarar impedido de julgar a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado. O pedido de afastamento foi feito pela defesa de Bolsonaro, que também solicitou o impedimento do ministro Flávio Dino.

Zanin destacou que não teve qualquer atuação pessoal que comprometa sua imparcialidade no caso e que não possui ressentimentos contra Bolsonaro. O ministro ressaltou que os dois se encontraram apenas uma vez, no aeroporto de Brasília, e tiveram uma conversa “republicana e civilizada”.

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A defesa do ex-presidente argumenta que Zanin e Dino deveriam ser afastados por supostas atuações contrárias a Bolsonaro em outros momentos. No caso de Zanin, a petição menciona que o ministro se declarou impedido em maio de 2024 para julgar um recurso que contestava a inelegibilidade do ex-presidente.

Como a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o plano de golpe menciona os mesmos eventos que levaram à condenação eleitoral de Bolsonaro, os advogados sustentam que o magistrado deveria se afastar novamente.

Além disso, os advogados de Bolsonaro alegam que Zanin, enquanto advogado do PT, assinou uma notícia-crime contra o ex-presidente, acusando-o de ataques às instituições democráticas.

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No caso de Flávio Dino, a defesa de Bolsonaro cita uma queixa-crime movida pelo ministro quando ele era governador do Maranhão, por acusações de calúnia, injúria e difamação feitas pelo ex-presidente.

Dino também rejeitou a possibilidade de impedimento e afirmou que o julgamento será conduzido com base nas regras da lei e do regimento interno do STF, garantindo isenção e respeito à ampla defesa.

Zanin reforçou que todos os ministros do Supremo foram indicados por presidentes da República e aprovados pelo Senado, e que isso não interfere na imparcialidade do tribunal.

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“Em relação a mim, não há nenhum desconforto, nenhum incômodo, nada desse tipo”, afirmou o ministro durante um evento na PUC-SP.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, será o responsável por decidir se os ministros permanecerão no julgamento. Anteriormente, Bolsonaro já tentou afastar Alexandre de Moraes das investigações, sem sucesso.