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SÃO PAULO – Educação, saúde, economia de uma forma geral. Dentre tantos temas a serem debatidos em uma eleição presidencial, o Banco Central, apesar de importante, nunca teve um papel de grande destaque nos pleitos brasileiros.
Porém, não foi o que aconteceu desta vez, conforme aponta o Wall Street Journal. O Banco Central brasileiro, que está em fogo cruzado depois de não conseguir conter a inflação, é um dos destaques das eleições nacionais, com os principais candidatos apresentando divergências sobre a forma de controle da autoridade monetária.
O jornal americano explica que o Banco Central é parte do Ministério da Fazenda, apesar de ter um estatuto especial e ter uma grande autonomia. Alexandre Tombini, o presidente do BC, tem status de ministro e responde diretamente à atual presidente Dilma Rousseff. Os diretores da autoridade monetária não possuem mandato fixo.
Dilma defende esta relação como necessário para manter o banco focado em políticas benéficas para todos os brasileiros, e não apenas para os investidores e para o setor financeiro. Porém, com a inflação batendo o teto da meta de 6,5% no ano e reduzindo o poder de compra dos brasileiros, a campanha da sua principal rival à presidência, Marina Silva (PSB), está em campanha por um Banco Central independente nos moldes dos Estados Unidos e Europa, ressalta o jornal.
Marina quer estabelecer uma lei para determinar mandato do presidente do Banco Central e dos diretores e restringir o poder do presidente para demiti-los. O objetivo, apontam os assessores da candidata do PSB, é dar aos funcionários do BC a capacidade de elevar a taxa Selic, tanto quanto necessário para combater a inflação, sem pressão do governo.
A equipe de Marina tem criticado a atuação do BC por não ser suficientemente agressiva para confrontar a inflação resiliente, ao mesmo tempo que o critica para intervir regularmente no mercado de câmbio.
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“A política monetária não pode ser baseada em caprichos políticos e estados de espírito”, disse Maurico Rands, um dos principais assessores de Marina Silva, em um fórum público na segunda-feira. O governo de Dilma nega que intervenha em decisões do BC. Ela e seus apoiadores reagiram às críticas com um anúncio de televisão de que um banco central independente pode se tornar uma ferramenta da indústria financeira e prejudicaria a classe média brasileira, que ficaria “sem ter o que comer”.
E o WSJ destaca que os brasileiros estão divididos sobre o tema, mesmo sem ter tanta clareza sobre o assunto que está sendo tratado. No final, a matéria destaca a fala de Dilma Rousseff no último domingo: “a independência é igual a fazer com que o BC vire um quarto poder”.