William Waack: Bolsonaro encontrará um “mundo hostil” – e terá que responder a uma pergunta dos estrangeiros

Jornalista traz uma análise sobre como o próximo governante - com grande probabilidade de ser Bolsonaro - liderá com as questões internacionais

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A ordem internacional está mudando rapidamente, tornando-se mais instável e imprevisível. Como o próximo presidente brasileiro – a maior probabilidade é de que Jair Bolsonaro (PSL) seja eleito – irá lidar com as questões internacionais?

Conforme destaca William Waack, as reuniões realizadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) durante o fim de semana deram indicações bastante importantes sobre quais serão os desafios que o próximo presidente irá enfrentar. São quatro principais questões: i) a vulnerabilidade de países emergentes; ii) as incertezas políticas no mundo inteiro; iii) o alto endividamento de algumas economias e iv) a falta de liderança que marca as relações internacionais.

“O que foi o sistema mundial de comercial agora são acordos bilaterais; quem é mais forte se impõe e os exemplos mais recentes são os EUA fazendo ‘ameaças claras’ ao Japão, Coreia do Sul e México”, aponta Waack, que ressalta a fala do próprio presidente Donald Trump que os próximos que ele “irá pegar” são a Índia e o Brasil.

Nesse cenário, que mundo é esse que espera o novo presidente brasileiro? Em primeiro lugar, o Brasil está colocado numa série de incertezas, como da guerra comercial entre EUA e China, que pode trazer desafios e oportunidades.

Além disso, o  ambiente econômico para o Brasil será menos positivo, sem perspectivas de haver um novo boom de commodities, além dos juros pelo mundo estarem em alta. Há ainda a crise europeia, tendo como principal eixo a Itália. 

Com relação ao Brasil especificamente, a visão internacional é hostil em relação a Bolsonaro. Pode-se discutir se a visão é correta ou não, mas o fato é que o mainstream da imprensa externa faz críticas bastante contundentes ao possível presidente brasileiro. 

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Já para os investidores internacionais, há basicamente uma pergunta na cabeça: Bolsonaro vai conseguir atacar a questão fiscal ou não? Waack ressalta que pode-se questionar que a onda do Bolsonaro é maior do que a pauta econômica, mas a questão é que os investidores estão muito inseguros principalmente em relação à capacidade do novo governante de resolver os graves problemas da economia brasileira. 

Caso haja uma sinalização positiva, a expectativa é de que os estrangeiros nem esperem os primeiros resultados e já se comportem de maneira mais acolhedora em relação ao possível presidente. Caso contrário, haverá muitas dificuldades. 

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Waack também faz uma breve projeção em caso de vitória de Fernando Haddad (PT) que, no momento, aparece como sendo menos provável. Investidores esperam um desastre do ponto de vista fiscal e econômico enquanto que, em termos de política externa, a expectativa é pela repetição de alinhamento ideológico observado no governo do PT. Confira no vídeo acima. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.