Viagem à China com tudo pago impressiona parlamentares brasileiros

Um grupo de congressistas que esteve recentemente no país voltou a Brasília animado com as perspectivas de parceria

Bloomberg

(Shutterstock)
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(Bloomberg) — Os esforços da China para impressionar parlamentares brasileiros com seus projetos de tecnologia, infraestrutura e energia começam a render frutos. Um grupo de congressistas que esteve recentemente no país voltou a Brasília animado com as perspectivas de parceria e sem os mesmos temores dos EUA em relação à segurança cibernética.

Embora as relações entre a China e o presidente Jair Bolsonaro tenham enfrentado um começo difícil, os parlamentares geralmente mantiveram um bom relacionamento com os chineses.

No mês passado, o vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), liderou uma delegação de quatro senadores e uma deputada que viajaram para o país asiático com todas as despesas pagas, incluindo voos em classe executiva, cortesia de Pequim.

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Entre as escalas: um showroom da Huawei Technologies, a gigante da tecnologia vista com grande preocupação pelo governo norte-americano.

Antes da viagem, o senador Rodrigues não tinha opinião formada sobre as ambições da Huawei de instalar a rede 5G do Brasil, um projeto cujas licitações estão programadas para o próximo ano. Rodrigues voltou para casa convencido de que a chinesa é a empresa que o país precisa.

“Hoje defendo veementemente a Huawei”, disse em entrevista em Brasília. “A empresa possui o melhor sistema operacional e os melhores custos.” As necessidades tecnológicas são mais importantes do que as preocupações com espionagem, acrescentou. Na sexta-feira, Rodrigues reiterou seu apoio à empresa em discurso no plenário do Senado.

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Sem condições

Os parlamentares disseram que nenhum dinheiro dos contribuintes foi gasto durante a viagem. No Brasil, é permitido e até politicamente aceitável que congressistas embarquem em viagens financiadas por governos estrangeiros como parte das relações bilaterais. Os convites da China têm sido abundantes devido ao crescente comércio entre os dois países e não oferecem condições, disseram três parlamentares.

Na última década, a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil, em grande parte devido ao grande apetite por commodities. O comércio entre os dois países somou US$ 113 bilhões em 2018. As empresas chinesas também investem pesado no Brasil, que tenta atrair companhias estrangeiras para participar do programa de privatização e assim acelerar o lento crescimento econômico.

Bolsonaro chegou a mostrar ceticismo em relação ao investimento da China no Brasil, dizendo que os chineses tinham permissão para “comprar no Brasil, mas não comprar o Brasil” e enfatizando o desejo de alinhar sua política externa à do presidente dos EUA, Donald Trump.

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Na presidência, no entanto, Bolsonaro amenizou algumas críticas e adotou uma abordagem pragmática. Em maio, o vice-presidente Hamilton Mourão foi à China para tentar curar as feridas causadas pela retórica contra o governo chinês de Bolsonaro, que tem visita programada ao país asiático ainda este mês.

Filho do presidente

Rodrigues e outros congressistas de vários partidos – incluindo o filho mais velho do presidente, Flávio – também visitaram a Alibaba, a China National Petroleum Company e a China Railway Group.

A viagem incluiu escalas em Pequim, Xangai e Hangzhou, além de reuniões com altos dirigentes do Partido Comunista. A comitiva brasileira chegou a se hospedar no mesmo hotel que delegações parlamentares da Rússia e da Índia, disse Rodrigues.

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A visita dos políticos ajuda a fortalecer a cooperação entre os dois países, afirmou a Embaixada da China em Brasília em comunicado. “Para nós, as relações interparlamentares são uma parte importante das relações entre estados”, afirmou a nota.

Em janeiro, outra delegação de congressistas visitou a China. A maioria deles era do PSL de Bolsonaro, e a viagem foi criticada por alguns dos simpatizantes do próprio presidente.

Três congressistas que participaram da viagem mais recente disseram em entrevistas que esperam resultados concretos das reuniões que tiveram. O senador Irajá Abreu (PSD-TO), que se disse impressionado com a política chinesa de combate à poluição, mencionou possíveis projetos de energia solar. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que existe potencial de investimento em petróleo e gás em seu estado.

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“Ao estabelecer esse diálogo com parlamentares, os chineses têm um entendimento mais amplo e refinado de como funciona um país”, disse Carvalho.

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