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A capa da edição mais recente da revista Veja, que chega hoje às bancas, traz uma foto de Paulo Guedes – provável Ministro da Fazenda de Jair Bolsonaro – com o título “Ele pode ser presidente do Brasil”.
A reportagem completa, disponível online apenas para assinantes da publicação, sugere que Guedes terá profunda influência nas decisões de Bolsonaro caso o ex-capitão do Exército vença as eleições.
O texto traz os bastidores da relação entre Bolsonaro e Guedes, aparentemente harmoniosa e cheia de admiração mútua desde quando foram apresentados, em novembro de 2017.
A conversa inicial teria ocorrido por sugestão de Bolsonaro, num período em Guedes ainda estava auxiliando a possível candidatura do apresentador de TV Luciano Huck, projeto abortado após o convite do presidenciável do PSL.
Para o economista, sua relação com o candidato traz um equilíbrio: Bolsonaro representa a ordem, e ele o progresso. “Guedes acredita que um deputado que construiu sua carreira como estatista tenha se transformado num liberal”, diz o texto da reportagem, que inclui uma entrevista com ele.
Mas isso não significa que não haja divergências. “A reforma da Previdência, por exemplo, não é ponto pacífico ainda no nosso programa (…). Sou enfático quando digo que precisa haver reforma e que o presidente precisa encaminhá-la. É uma conversa respeitosa que temos. Às vezes é mais tranquila, às vezes, antagônica, mas sempre franca, porque ele é um cara de princípios.”
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Sobre a ditadura militar e as dúvidas em relação ao respeito que Bolsonaro irá dedicar às instituições democráticas, Guedes afirma compreender as declarações do candidato em apoio à ditadura ocorrida no Brasil entre 1964 e 1985 dentro do contexto da época.
“Mas ele mesmo diz que é preciso virar a página sobre esse assunto. A verdade é que, em vez de ameça à democracia, Bolsonaro pode ser o primeiro presidente a amputar os próprios poderes presidenciais, retirando dinheiro do governo central e transferindo-os a estados e municípios”, diz Guedes.
Quando questionado a respeito da falta de apoio de outros partidos à coligação de Bolsonaro, o economista afirma acreditar que a pressão do povo, as alianças temáticas e a descentralização dos recursos criarão um novo eixo de poder.
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Leia também:
– Entrevista exclusiva com Paulo Guedes, o economista de Bolsonaro
– Pérsio Árida, economista de Alckmin: “Bolsonaro é um engodo, tão estatizante quanto a esquerda”
– Mauro Benevides, economista de Ciro Gomes: “não existe nenhum candidato com maior compromisso fiscal que Ciro”.
Bolsonaro também já propôs em seu plano de governo um “superministério” da Economia que integraria as funções hoje desempenhadas por quatro pastas distintas: Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio e Secretaria Executiva do PPI (Propaganda de Parcerias de Investimentos). E Guedes confirma que o cargo seria seu.
Se chegar à posição almejada, o economista diz que seu plano de privatizações teria cerca de 1 trilhão de reais em ativos a serem privatizados. Segundo ele, Bolsonaro não quer privatizar tudo. “Mas eu defendo privatizar tudo mesmo (…). Os grandes escândalos de corrupção aconteceram dentro delas. Petrobras, Caixa, Banco do Brasil. São empresas que perderam a capacidade de investimento, não conseguem se modernizar, competir”.
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Outro ponto de discórdia entre Bolsonaro e Guedes seria em relação ao investimento estrangeiro necessário para tantas privatizações – o ex-capitão do Exército teria restrições ao investimento chinês.
Mas e se Bolsonaro, depois de eleito, desistir das reformas desejadas por Guedes? “Não sou suicida nem idiota. Estou lutando por uma grande visão. Se ninguém entender, como já aconteceu antes, paciência”.
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