Um dia depois de perder na Câmara, Bolsonaro volta a defender voto impresso e acusar TSE

A apoiadores, presidente disse que "a maioria" defende o voto impresso - a proposta teve 229 votos a favor e 218 contrários, mas precisava de 308

Reuters

(Crédito: Alan Santos/PR)
(Crédito: Alan Santos/PR)

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BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro frustrou a expectativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e apenas algumas horas depois de ver a Proposta de Emenda à Constituição do voto impresso ser derrubada pelo plenário da Casa, voltou a atacar as urnas eletrônicas e levantar suspeitas sobre as eleições.

Em conversa com apoiadores na manhã desta quarta-feira na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro usou o resultado da votação da noite de terça para argumentar que “a maioria” defende o voto impresso –a proposta teve 229 votos a favor e 218 contrários, mas por ser uma PEC ela precisava dos votos de pelo menos 308 dos 513 deputados para ser aprovada.

Bolsonaro voltou a afirmar que deputados contrários foram pressionados pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.

“Foi dividido. Sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE, não acredita que resultado ali seja confiável”, acusou. “Dessa outra metade que votou contra, você tira PT, PCdoB, PSOL, que para eles é melhor voto eletrônico como está aí. Desses outros, muita gente votou preocupado. Estão muita gente aí com problemas, resolveram votar aí com o ministro lá presidente do TSE.”

A PEC havia sido derrubada na Comissão Especial por 23 votos a 11, mas em uma decisão incomum –e em um acordo com o Planalto– Lira decidiu puxar o texto para avaliação do plenário. O próprio presidente da Câmara admitiu que não era uma ação usual, mas alegou que havia obtido de Bolsonaro a promessa de que abandonaria o assunto no caso de derrota.

Ao encerrar a votação, Lira disse esperar que o assunto fosse encerrado, mas o resultado, maior do que o esperado a favor da mudança, deu fôlego a Bolsonaro. Especialmente com a colaboração de partidos que tinham se posicionado contra, como o PSDB e o DEM.

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“A partir desse princípio, hoje em dia sinalizamos para uma eleição que não é que está dividida, é que não vai se confiar no resultado das apurações”, afirmou Bolsonaro. “Aquela metade do Parlamento que votou sim no dia de ontem que quer uma eleição limpa e democrática. A outra metade não é que não queira. Ali tem gente que ficou impressionada, preocupada, de em votar conosco e ser retaliado. Agora o recado para todo mundo: a maioria da população está conosco.”

Na verdade, a última pesquisa sobre o assunto, feita no início de julho pela Confederação Nacional dos Transportes e instituto MDA, mostrou que 63,7% das pessoas confiam nas urnas eletrônicas.

Bolsonaro voltou ainda a acusar o TSE de não de não querer investigar as denúncias de fraude que apresentou, mesmo que não tenha apresentado provas, como havia prometido diversas vezes, e passou a levantar acusações infundadas –que ele mesmo admite serem suposições– de que teria havido alterações de votos em 2018.