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A candidatura do jornalista e ex-apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena (PSDB) à prefeitura de São Paulo (SP) está ameaçada. Fernando Alfredo, ex-presidente do diretório municipal do partido na capital paulista, apresentou à Justiça Eleitoral, na segunda-feira (19), um pedido de impugnação do nome de Datena da disputa deste ano.
Fernando Alfredo lidera uma ala, dentro do PSDB, que apoia a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). O ex-dirigente tucano aponta supostas irregularidades durante a convenção da legenda que oficializou o nome de Datena, realizada no fim de julho.
De acordo com o pedido apresentado por Alfredo à Justiça Eleitoral, o estatuto da federação partidária formada por PSDB e Cidadania (antigo PPS) determina a necessidade de realização de prévias quando há mais de uma pré-candidatura apresentada.
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Alfredo alega que ele próprio havia apresentado seu nome como postulante à prefeitura de São Paulo, assim como a militante tucana Maria de Lurdes Silva. Apesar disso, segundo o ex-dirigente do PSDB, o partido anunciou a candidatura de Datena em seus canais oficiais antes mesmo da convenção.
O ex-comandante do diretório municipal do PSDB também afirma que, no dia da convenção, ele e seus aliados foram impedidos de acompanhar o evento partidário. Assim, diz Alfredo, não foi possível comprovar que a escolha pelo nome de Datena foi feita de acordo com o regimento da legenda, já que apenas os aliados do jornalista estavam presentes no local.
Além da impugnação da candidatura de José Luiz Datena, Fernando Alfredo pediu à Justiça Eleitoral que suspenda a utilização de recursos públicos pela campanha e proíba a veiculação de propaganda eleitoral do candidato no rádio e na TV.
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O racha tucano
Nos bastidores, a iniciativa de Alfredo é considerada uma tentativa de sabotar a candidatura de Datena. O ex-presidente municipal do PSDB é próximo do prefeito Ricardo Nunes e integra uma ala dos tucanos que defendiam que o partido apoiasse a candidatura do emedebista à reeleição.
Alfredo e esse grupo de tucanos alegam que Nunes era vice do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), reeleito em 2020 e morto em 2021. Além disso, afirmam os dissidentes, Datena não oferece nenhuma segurança de que será, de fato, candidato a prefeito – o ex-apresentador acumula uma série de desistências em sua trajetória política.
Em eleições anteriores, para diversos cargos, Datena chegou a afirmar que seria candidato, mas acabou desistindo na última hora. Em 2020, ele esteve muito próximo de ser companheiro de chapa de Bruno Covas, que buscava renovar o mandato. Então filiado ao MDB, ele teve uma série de conversas com Covas, que se animava com a possibilidade de ter o apresentador como vice.
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Na reta final, Datena recuou mais uma vez, alegando que a TV Bandeirantes havia lhe pedido para permanecer na emissora. O jornalista já passou por 11 partidos em sua trajetória política. Além do PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil, PSC e PSB – em uma verdadeira “montanha-russa” partidária.
“Até eu desconfio [da própria candidatura a prefeito]. Se continuar essa sacanagem de que o partido está conversando com outras pessoas para colocar dentro do partido sem me avisar, eu não vou ser candidato. Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Desde o começo, falei: se me sacanearam, eu desisto mesmo”, disse Datena, em julho, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
Apesar da ofensiva dos dissidentes, a atual direção do PSDB na cidade de São Paulo, sob o comando do ex-senador José Aníbal (candidato a vice na chapa de Datena), avalia que não há chances reais de a Justiça Eleitoral impugnar a candidatura do PSDB neste momento.
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Datena conta com o apoio dos atuais dirigentes do PSDB em níveis municipal, estadual e nacional. O presidente nacional do partido, Marconi Perillo (GO), e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), uma das principais lideranças nacionais do PSDB, apoiam a candidatura do partido em São Paulo.
