Trump foi melhor que Biden, mas debate não será “game changer” para eleição em sua reta final

Em live, Sol Azcune, da XP Investimentos, e Michael López Stewart, diretor da Arko Advice, avaliaram o segundo debate entre Trump e Biden

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A 11 dias da eleição presidencial dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump conseguiu ter uma performance melhor que seu adversário, Joe Biden, no segundo, e último, debate (clique aqui para ver como foi). Apesar disso, segundo analistas, o resultado não foi suficiente para alterar o cenário eleitoral, em que o democrata está na frente, segundo as pesquisas.

“No todo, [Trump] teve um desempenho marginalmente melhor que Joe Biden. No entanto, considerando que ele está 8 pontos atrás nas pesquisas, isso não é suficiente”, avaliou a analista política Sol Azcune, da XP Investimentos, em live do InfoMoney.

Já para Michael López Stewart, diretor da Arko Advice, consultoria especializada em política, Trump conseguiu melhorar seu desempenho por dois fatores: as novas regras do debate, que teve o corte do microfone em alguns momentos quando um deles estava falando, e também dos conselhos da sua campanha.

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Ele avalia que o primeiro debate foi bem ruim para o atual presidente, que interrompeu seu adversário 71 vezes, o que segundo algumas pesquisas impactou negativamente o eleitorado feminino, em especial do subúrbio, e com idosos.

“Essa postura extremamente agressiva [do primeiro debate] não deu certo. Agora, essa mudança permitiu que ele apresentasse melhor suas propostas e argumentos”, disse Stewart, ressaltando, porém, que Trump não conseguiu trazer nenhum novo argumento, focando no discurso que tem feito desde o início da campanha.

Diante disso, os dois acreditam que o impacto deste debate nas pesquisas ou no resultado final da eleição não deve ser grande. “No debate, o vencedor foi Donald Trump mas, no todo, quem está e continua vencendo é Joe Biden”, avalia Sol.

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Stewart avaliou ainda que este debate também ajudou a entender melhor qual a “macronarrativa” de cada candidato, num conceito que vai além da postura deles sobre os temas específicos.

“Eu vi o Joe Biden se apresentando como um candidato que está mais preocupado com a união do país”, afirmou ele, citando momentos em que o democrata disse não enxergar estados vermelhos e azuis (referência à cor de cada partido).

“Já o Trump voltou sua estratégia para o posicionamento de 2016, em que ele se apresenta como uma outsider, alguém que não é só palavras e é ação”, complementa o diretor da Arko.

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China

As relações exteriores, assim como aconteceu no primeiro debate, não foram um assunto tão discutido na noite de quinta-feira. Segundo Sol, o assunto é importante – inclusive a China foi foco nas primárias democratas -, mas tem ficado mais de lado na corrida eleitoral por conta de uma visão negativa mais geral sobre o país asiático entre o eleitorado dos dois lados.

“O que a gente viu nos últimos meses não é que o tema perdeu relevância, mas é que outros assuntos ganharam mais importância”, explicou a analista. “Acho que a gente já conhece bem a postura dos dois candidatos”, completa ela.

Sol avalia ainda que Biden, apesar de inicialmente afirmar que a China não seria fator de muita preocupação, ele viu que a retórica não repercutia bem com o eleitorado, passando a adotar um tom mais próximo do de Trump. Apesar disso, ele foca seu discurso em questão da abordagem, criticando o atual presidente de se afastar de aliados.

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Stewart complementa destacando que o democrata trata o assunto do ponto de vista das instituições, de ser claro nas relações e estabelecer as regras, usando os órgãos oficiais caso seja preciso ser mais duro com a China.

Do outro lado, Trump foca na questão da balança comercial, nos números da economia e em uma disputa quase que pessoal com os chineses: “ele vê as relações internacionais muito pelo prisma de vencer ou perder”.

Impactos

Já sobre o que representaria uma vitória de cada candidato, em especial de Biden, já que traria uma mudança de governo, os dois especialistas acreditam que o democrata não teria um impacto negativo nos mercados e nem na relação com o Brasil, como se tem discutido.

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Para Sol, parte desta avaliação está relacionada com a eleição para o Congresso. Atualmente, a Câmara tem maioria democrata, enquanto os republicanos comandam o Senado. No pleito atual, há um risco de haver uma mudança na configuração, principalmente no Senado.

Contudo, mesmo que os democratas consigam a maioria na Casa, não deve ser de forma tão esmagadora, o que limita o potencial de propostas mais arrojadas serem aprovadas.

No caso do Brasil, Stewart diz que realmente uma vitória do candidato democrata mudaria o discurso da relação, mas que existe a “diplomacia técnica”, com o Itamaraty e seus diplomatas, que provavelmente não teria grande alteração, pelo menos não no começo de um novo governo americano.

“A cooperação técnica é mais profunda, as reais relações entre os dois países não teriam uma mudança tão brusca assim”, avalia, lembrando que o principal tema de discussão passaria a ser nas questões ambientais.

Os dois especialistas ainda avaliaram outras questões tratadas no debate e apontaram o que deve acontecer nas campanhas daqui até a eleição, com grande foco dos dois candidatos em levarem seus eleitores para as urnas, além da expectativa para o tempo que irá demorar para termos o resultado final do pleito. Confira a live na íntegra no player acima.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.