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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente interino Michel Temer afirmou que pouca coisa deve mudar em seu governo caso o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff for confirmado.
“Tenho feito distinção entre a figura física do presidente e a instituição Presidência da República. Por exercer a presidência, faço o que deve ser feito pelo titular. Amanhã faço 90 dias, e nesse período, fizemos coisas aparentemente ousadas: a fixação da meta [fiscal] de R$ 170 bilhões, encaminhamos a aprovação da DRU que estava há mais de dez meses parada na Câmara por falta de interlocução, a moralização das indicações para cargos nas estatais”.
Ele ainda disse ser preciso negociar com o Congresso todas as questões relevantes do ajuste fiscal que propõe e destacou que o governo não é apenas o Poder Executivo, mas também o Legislativo e o Judiciário. “As pessoas acham o quê? Que tem que fechar o Congresso? Voltar ao tempo do decreto-lei?”, questionou. “É preciso entender”, afirmou.
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Temer destacou novamente que não será candidato e explicou o por quê: “Quero ter a liberdade para adotar as medidas que coloquem o país nos trilhos”.
O presidente interino disse ainda que a a alta do real é uma fonte de preocupação. “Já chegou à minha mesa” e a orientação do governo será na busca de um “equilíbrio”. Ele ainda disse que a reforma da Previdência será “uma luta feroz a ser enfrentada” e ressaltou que o projeto será enviado ao Congresso tão logo esteja pronto, sem esperar as eleições de outubro. “Não quero cometer estelionato eleitoral”, disse.
Ao ser perguntado sobre privatizações, ele afirmou que no dia 25 o governo anunciará quais empresas serão desestatizadas. “No setor elétrico, tem quatro empresas estaduais, inclusive a de Goiás e a do Amazonas. A Eletrobras não será. Eu pretendo desestatizar muita coisa, porque o Estado brasileiro não pode suportar tudo isso, já não cumpre bem seu papel na saúde, na educação”, ressaltou.