Tebet diz apoiar Nunes, mas não ao lado de Bolsonaro: “Podemos ir em dias diferentes”

Ministra do Planejamento e Orçamento do governo Lula, ex-senadora diz que apoiará Ricardo Nunes (MDB) na eleição em São Paulo, desde que não tenha de dividir palanque com Jair Bolsonaro

Fábio Matos

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), em anúncio da pasta (Foto: Edu Andrade/Ascom/MF)
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), em anúncio da pasta (Foto: Edu Andrade/Ascom/MF)

Publicidade

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), afirmou que apoiará a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), seu colega de partido. Mas não subirá no palanque ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também deve apoiar o emedebista.

As declarações de Tebet foram dadas durante entrevista da ministra à CNN Brasil, exibida no último fim de semana.

Questionada se pretendia subir no palanque de Nunes durante a campanha municipal, Tebet respondeu: “O Bolsonaro não estando, [subo]. Podemos ir em dias diferentes”, afirmou a ministra.

Continua depois da publicidade

Ao justificar o apoio ao atual prefeito de São Paulo, Tebet classificou Nunes como “um democrata”. “Até agora, o Ricardo Nunes não me deu ainda nenhum motivo para não apoiá-lo. Obviamente, vou ver qual é a plataforma de governo dele, se ele vai continuar defendendo a democracia e os valores com os quais eu comungo. O que me recuso é subir em palanque de bolsonarista”, afirmou.

Apesar de ser uma das principais lideranças do MDB em nível nacional, o apoio de Simone Tebet à candidatura de Ricardo Nunes era considerado uma incógnita até mesmo pelos aliados mais próximos do prefeito. Afinal, Tebet é ministra do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já declarou apoio a Guilherme Boulos (PSOL) – adversário de Nunes nas eleições em São Paulo.

Além disso, o apoio quase certo de Bolsonaro – que deve indicar o vice na chapa de Nunes – torna a situação de Tebet ainda mais delicada. Em 2022, após terminar em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais (com 4,16% dos votos), a ex-senadora declarou apoio a Lula no segundo turno contra Bolsonaro e se engajou de forma decisiva na campanha do petista.

Continua depois da publicidade

Na mesma entrevista à CNN, Tebet afirmou que Bolsonaro tentou dar um golpe de Estado no Brasil após ser derrotado em 2022. O ex-presidente é investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Absolutamente natural”, diz Nunes

Nesta segunda-feira (1º), Ricardo Nunes comemorou o apoio de Tebet e minimizou as declarações da ministra sobre Bolsonaro. Segundo o prefeito, “é absolutamente natural” que Tebet não queira subir no palanque com o ex-presidente. Nunes disse que sua candidatura representa uma “frente ampla” em São Paulo, que reúne “vários setores da política, com pensamentos diferentes, contra a extrema esquerda” – que seria personificada por Boulos.

“Existe uma frente ampla verdadeira em torno da nossa candidatura, e a Simone Tebet faz parte disso”, afirmou o prefeito. “Mas, como é uma frente ampla, vão ter setores que, às vezes, não concordam e não têm o mesmo posicionamento ideológico. É absolutamente natural que, em algum momento, ela venha a participar da campanha e escolha um momento em que não esteja presente o Bolsonaro. E vice-versa. É natural da democracia”, concluiu Nunes.

Continua depois da publicidade

Leia também:

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”