Tarcísio de Freitas desbanca Fernando Haddad e acaba eleito governador de SP no segundo turno das eleições

Apoiado por Jair Bolsonaro, novo governador promete grandes obras de infraestrutura no estado

Dhiego Maia

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Tarcísio de Freitas, 47, do Republicanos, foi eleito governador de São Paulo, estado mais rico e populoso do país. O resultado foi alcançado às 19h23, neste domingo (30) de segundo turno das eleições, quando Tarcísio atingiu 55,34% dos votos válidos.

Por volta das 21h30, com 100% das urnas apuradas, o novo governador havia recebido 13.480.190 votos, que representaram  55,27% dos votos válidos. Já Haddad anotou 10.909.100 votos (44,73%).

Estrear com vitória na disputa para um cargo no Executivo não foi o único feito de Freitas neste pleito. No primeiro turno, já havia interompido os quase 30 anos de domínio do PSDB no comando do estado, com o candidato do partido, Rodrigo Garcia, ficando em terceiro lugar nas urnas. Garcia, atual governador, acabou virando cabo eleitoral de Freitas.

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Agora, adiou o avanço do PT, com o ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad derrotado nas urnas. O partido dos Trabalhadores nunca governou o estado, que é sede da sigla criada em 1980.

A chegada de Tarcísio de Freitas ao Palácio dos Bandeirantes também representa vitória de Jair Bolsonaro (PL), já que o mandatário não conseguiu se reeleger neste domingo.

Como foi a disputa?

Tarcísio de Freitas obteve, no primeiro turno, 42,59% dos votos válidos contra 35,46% de Haddad. Ao final do segundo turno, as pesquisas de intenção de voto chegaram a mostrar uma recuperação do candidato petista, com cenário de empate técnico na última semana de campanha do segundo turno.

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Mas, na abertura das urnas, Tarcísio acabou levando a melhor e confirmando o favoritismo. A segunda etapa da campanha de Freitas e Haddad espelhou o acirramento entre seus respectivos apoiadores, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De forma mais civilizada, Freitas e Haddad discutiram os problemas do estado e as ações que pretendiam tirar do papel pelos próximos quatro anos. Questões mais nacionais, porém, como o orçamento secreto, o acesso da população às armas de fogo e o combate à corrupção ganharam debates acalorados entre ambos.

Tarcísio foi criticado por desconhecer a realidade paulista, já que é carioca e passou a residir no interior do estado quando tornou-se candidato. Em um debate, chegou a errar o nome de um bairro tradicional da capital, o Campos Elíseos, que no passado foi sede do governo do estado. Tarcísio chamou o bairro de “Campos dos Elíseos”.

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Também não soube informar a jornalistas qual era o nome do local em que votava em São José dos Campos. Mesmo com as gafes públicas, sagrou-se governador do estado.

Ao eleitor, Freitas apresentou-se como um gestor que sabe planejar e entregar grandes obras públicas — no governo Bolsonaro, ele desempenhou a função de ministro da Infraestrutura.

Para São Paulo, entre as grandes obras, Freitas prometeu levar um ramal do Metrô até Guarulhos, segunda maior cidade do estado e integrante da região metropolitana de São Paulo. Outra proposta, porém, caiu no alvo de críticas por parte de ativistas dos direitos humanos.

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Tarcísio de Freitas prometeu retirar as câmeras acopladas às fardas dos policiais militares, medida apontada como a responsável pela diminuição recente da letalidade policial no estado. Também foi criticado por Haddad quando ventilou conceder a Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) à iniciativa privada.

Tiroteio em Paraisópolis

Em 17 de outubro, Tarcísio de Freitas envolveu-se em outra polêmica quando visitava uma ONG na comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista. Tiros foram disparados no momento em que a comitiva dele estava no local e resultaram na morte de um homem, de 28 anos.

O candidato eleito classificou a ação, primeiro, como um “ato criminoso” contra a campanha. A acusação, depois, foi desmentida pelo governo do estado. A polêmica ganhou outros contornos quando um áudio, obtido pela Folha de S. Paulo, mostrou um integrante da comitiva de Freitas exigindo de um cinegrafista da Jovem Pan, que gravou o tiroteio, o apagamento das imagens — o que acabou não acontecendo.

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O pedido para deletar as imagens foi visto como uma tentativa de sumir com as provas de um crime que ainda está sob investigação da Polícia Civil. O integrante da equipe de Tarcísio que abordou o profissional da imprensa foi identificado como um servidor licenciado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Dias depois do ocorrido, o cinegrafista pediu demissão da Jovem Pan no momento em que a Polícia Civil ainda apura as circunstâncias do assassinato. Questionado por Haddad em debate realizado pela TV Globo, na noite do dia 27, Tarcísio de Freitas disse que abordar o assunto era uma atitude sensacionalista da parte do adversário e que o integrante de sua comitiva buscava preservar a identidade das pessoas filmadas em Paraisópolis.

Trajetória política

Tarcísio Gomes de Freitas nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1975. É casado e pai de dois filhos.

Foi ministro de Infraestrutura de Bolsonaro, cargo que deixou para ser candidato ao governo paulista. Também foi diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no governo de Dilma Rousseff (PT).

Tem perfil técnico e formação em engenharia civil. Católico convicto, chegou a afirmar quando tomou posse como ministro que Bolsonaro havia sido “escolhido por Deus” para ser presidente da República na atual gestão (2018-2022).

A troca de domicílio eleitoral, de Brasília para São Paulo, gerou questionamentos na Justiça Eleitoral, que acabou, logo depois, permitindo sua candidatura. Terá como vice Felicio Ramuth (PSD).

O que faz um governador?

É o cargo que exerce o Poder Executivo no Estado e no Distrito Federal. Cabe a quem ocupa a função representar, dentro do país, a respectiva Unidade da Federação nas relações jurídicas, políticas e administrativas. Na chefia da administração estadual, é auxiliado pelas secretárias e secretários de Estado.

Governadores podem propor leis e vetar ou sancionar leis aprovadas pelos deputados estaduais. Também respondem pela Segurança Pública dos Estados, da qual fazem parte as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros. Como no Brasil os Estados (e o DF) têm autonomia, as competências e responsabilidades do cargo são estipuladas pelas respectivas Constituições estaduais (e, no caso do DF, por sua Lei Orgânica).

O mandato de um governador é de quatro anos, com possibilidade de reeleição para mais um mandato de quatro anos. Caso reeleito, o governador tem como limite o período de oito anos no poder, ou seja, ele não terá o direito de se reeleger novamente de forma consecutiva para o mesmo cargo.

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Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.