Só trocar ministros não salvará governo, diz Lira: “Não adianta mudar só a cobertura”

Presidente da Câmara avalia que governo precisa de uma “arrumação de baixo para cima” para recuperar popularidade

Equipe InfoMoney

Presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira em Brasília (REUTERS/Adriano Machado)
Presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira em Brasília (REUTERS/Adriano Machado)

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Prestes a deixar a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) afirmou que a popularidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não se resolverá apenas com uma reforma ministerial. Para ele, o Executivo precisa de uma “arrumação de baixo para cima”, com foco na economia, emprego e combate à inflação. Em entrevista ao jornal O Globo, Lira destacou ainda que o Senado tem mais espaço na Esplanada dos Ministérios do que a Câmara, o que, segundo ele, desequilibra a articulação política.

O governo Lula enfrenta sua pior avaliação desde o início do mandato, com reprovação superior à aprovação, segundo pesquisas recentes. Para Lira, esse cenário reflete a dificuldade do governo em equilibrar sua pauta social com a necessidade de responsabilidade fiscal.

“Quando parte da população que votou no governo e outra parte que votou contra começam a caminhar para o mesmo lado (para a insatisfação), é lógico que baixa a popularidade. Não é com uma varinha de condão que vai resolver. Eu tenho a impressão de que o governo vai ter que arrumar do primeiro andar para a cobertura. Não adianta mudar só a cobertura.”

Lira defende que o governo precisa atuar em três frentes: melhorar a economia, recuperar a credibilidade política e fortalecer sua base no Congresso.

“O primeiro andar é a economia, emprego, inflação. É o sentimento popular, se há alguma coisa melhorando a vida. Depois tem a credibilidade política. O governo está com déficit, com dificuldades no Parlamento, na relação institucional. É preciso solucionar.”

O deputado avalia que uma reforma ministerial será necessária, mas alerta que mudanças na Esplanada, por si só, não resolverão o problema. Ele sugere que o governo ajuste a distribuição de ministérios entre os partidos aliados, já que, em sua visão, a Câmara votou mais com o governo do que o Senado, mas está sub-representada na Esplanada.

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“Ainda acho que o Senado ficou mais prestigiado que a Câmara e, no final, a Câmara votou mais fácil com o governo do que o Senado. Existem partidos que estão menos representados e dão mais votos. O governo deve ajustar isso, se entender que é a maneira de conseguir apoios.”

PP ainda não decidiu sobre apoio a Lula em 2026

Questionado sobre a sucessão presidencial, Lira afirmou que o PP ainda não definiu se apoiará Lula em 2026 e que a decisão deve ser amadurecida. Ele também comparou a situação de Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível, à de Lula em 2018, quando o petista estava preso e fora da disputa presidencial.

“Hoje temos Lula e Bolsonaro como únicos candidatos da esquerda e da direita, é assim que vejo. Bolsonaro está tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018. A nossa Constituição traz brechas para isso. A decisão de apoiar um ou outro precisa ser muito amadurecida. Hoje, o PP não tem essa decisão clara de que iremos para cá ou para lá.”

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Sobre as especulações de que poderia assumir o Ministério da Agricultura na reforma ministerial, Lira evitou confirmar qualquer negociação e disse que nunca conversou com Lula sobre um cargo no governo.