“São Paulo vai ser governada por mim”, diz Datena ao lançar pré-candidatura pelo PSDB

Ao lado de lideranças nacionais do PSDB, José Luiz Datena garantiu que, desta vez, não vai desistir de disputar a eleição, como aconteceu em diversos momentos: "Não posso me furtar ao chamado da população"

Fábio Matos

José Luiz Datena se tornou pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo (SP) (Foto: Reprodução/redes sociais)
José Luiz Datena se tornou pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo (SP) (Foto: Reprodução/redes sociais)

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O apresentador de TV José Luiz Datena lançou oficialmente, nesta quinta-feira (13), sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo (SP) nas eleições de outubro deste ano.

Em um evento realizado no Novotel Jaraguá, no centro da capital paulista, e que contou com a presença de importantes líderes tucanos em nível nacional, Datena garantiu que, desta vez, não desistirá de disputar a eleição – como ocorreu em diversos momentos anteriormente.

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“Eu estou atrás de um sonho que, por motivos variados, eu ainda não alcancei. Mas eu repito, com todo respeito ao presidente Lula e ao ex-presidente [Jair] Bolsonaro, que São Paulo vai ser governada pelo PSDB. São Paulo vai ser governada por mim”, afirmou o agora pré-candidato.

“Desta vez, não posso me furtar ao chamado da população de São Paulo. Eu tenho que correr nessas eleições ao lado do povo. Tem muita gente que corre, mas não ao lado do povo”, afirmou Datena.

O apresentador disse, ainda, que São Paulo e o Brasil precisam superar a polarização, que, em sua avaliação, quase levou o país “ao abismo”.

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“Afinal, quem vai sair na urna no dia que você vai votar? Porque, pelo jeito, vai sair a cara do Lula e a cara do Bolsonaro. Quem vai governar a cidade de São Paulo não é o Lula nem Bolsonaro, com todo respeito que tenho aos dois”, disse Datena.

“Todo voto que eu receber vai ser bem-vindo e bem recebido, seja de bolsonarista, de lulista, de gente do centro… Há gente boa além das ideologias que pregam tudo, menos a democracia, que tem de estar acima de tudo. Não existe nada que salve o Brasil a não ser a democracia”, completou o pré-candidato.

“Não vou fazer campanha com colete à prova de balas. Vou fazer com peito aberto. Se me deixar em cadeira de rodas, eu termino a campanha em cadeira de rodas e ganho a campanha. Isso eu não estou falando aqui. Eu falo todo dia no meu programa”, concluiu.

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De acordo com a legislação eleitoral, Datena só poderá continuar à frente do programa Brasil Urgente, que apresenta na TV Bandeirantes, até o dia 29 de junho (que cai em um sábado). A partir do dia 30 de junho (domingo), caso decida mesmo disputar a eleição, o jornalista terá de abandonar o programa (leia aqui todas as regras da Justiça Eleitoral).

Brasil Urgente é um telejornal policial, com viés bastante popular, exibido pela Band de segunda a sábado, das 16h às 19h20.

Ainda de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as convenções partidárias que vão definir as candidaturas para as eleições de 2024 devem ocorrer entre os dias 20 de julho e 5 de agosto. Definidos os candidatos, os partidos terão até 15 de agosto para registrar os nomes na Justiça Eleitoral.

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Aécio e Marconi

Como esperado, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, prestigiaram o lançamento da pré-candidatura de Datena em São Paulo.

Segundo Aécio, a candidatura próprio do partido na maior cidade do Brasil é a prova do “renascimento” do PSDB e uma alternativa à “polarização pobre, estéril e rasa que tomou conta do Brasil”.

“A fragilização do PSDB se confunde com a fragilização da própria política brasileira. O Brasil não é isso. E jamais conseguiremos construir nossa caminhada se não estivermos fortes no nosso berço, no nosso ninho que é a cidade de São Paulo”, disse Aécio.

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“É falsa a narrativa de que essa eleição vai ser decidida entre Lula e Bolsonaro, e aqueles que se esconderem em torno dessas figuras que polarizam a política nacional vão frustrar a população, mas vão se frustrar porque o que a população quer é um gestor, alguém com coragem de enfrentar os problemas”, prosseguiu o ex-governador de Minas.

“Qual candidato pode fazer como você, andar por cada canto dessa cidade, na igreja, na universidade, e ser respeitado?”, indagou Aécio a Datena, sob aplausos da militância tucana.

Marconi Perillo também elogiou o pré-candidato do PSDB e disse que Datena faz o partido recuperar o “protagonismo” em São Paulo.

“Datena é um homem de palavra, que cumpre o que promete, e fico feliz de termos esse protagonismo aqui em São Paulo. O PSDB vive, sim, de passado, mas o PSDB também tem ideias e as apresentará aqui nessa eleição em São Paulo”, afirmou Perillo.

“A filiação de Datena mexeu com o brio de todo o PSDB no Brasil. Todo mundo comemorou a sua filiação, a sua candidatura, que é uma candidatura para valer, que vai debater todos os problemas que a cidade sempre teve”, completou o presidente do PSDB.

Datena era cotado para vice de Tabata

Datena vinha sendo cotado para ocupar a vaga de candidato a vice na chapa liderada pela deputada federal Tabata Amaral (SP), pré-candidata do PSB à prefeitura da capital paulista. Em abril, apenas 4 meses depois de se filiar ao PSB, Datena migrou para o PSDB, em um acordo que supostamente atrairia os tucanos para a chapa da parlamentar.

O presidente do diretório paulistano do PSDB, o ex-senador José Aníbal (SP), é um dos nomes ventilados para ser candidato a vice em uma possível chapa “puro sangue” liderada por Datena. Outra hipótese seria tentar convencer Tabata a desistir de sua candidatura e ser vice do apresentador – mas essa possibilidade é considerada quase nula, segundo dirigentes do PSB.

O apresentador da TV Bandeirantes já passou por 10 partidos em sua trajetória política, embora jamais tenha se candidatado a nenhum cargo. Antes de trocar o PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC – em uma verdadeira “montanha-russa” partidária.

Datena quase foi vice de Bruno Covas

Nas eleições municipais de 2020, Datena esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava renovar o mandato. Então filiado ao MDB, ele teve uma série de conversas com Covas, que se animava com a possibilidade de ter o apresentador como vice.

Na reta final, Datena – autor de bordões que se tornaram icônicos na TV como “quero ‘ibagens’”, “põe na tela”, “é só nosso” e “me ajuda aí, pô” – recuou mais uma vez, alegando que a TV Bandeirantes havia lhe pedido para permanecer na emissora. O candidato a vice na chapa foi Ricardo Nunes (MDB), que acabaria assumindo a prefeitura após a morte de Covas, em 2021, e agora tenta a reeleição.

Ao se filiar ao PSDB, em abril, Datena relembrou o episódio e disse que errou ao não ter aceitado o convite de Covas. “Eu deixei de ser vice-prefeito dele e acho que foi a pior coisa que eu fiz. Acabou caindo no colo do atual prefeito, que transformou São Paulo no que eu vi vindo para cá hoje”, disse.

A montanha-russa de Datena na política

A vida político-partidária de Datena teve início no Partido dos Trabalhadores, de Luiz Inácio Lula da Silva. O jornalista foi filiado ao PT durante 23 anos, entre 1992 e 2015, e sempre se regozijou publicamente pela amizade que dizia nutrir por Lula.

As denúncias de corrupção que abalaram o PT, especialmente a partir da eclosão da Operação Lava Jato e do escândalo do “petrolão”, afastaram Datena dos petistas. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), ele se aproximou do então presidente da República – que entrevistou algumas vezes e com quem mantinha encontros regulares, inclusive no Palácio do Planalto.

Em 2022, quando estava no PSC, Datena foi cogitado novamente como candidato ao Senado, possivelmente com o apoio de Bolsonaro e do então candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – hoje governador do estado. Bolsonaro chegou a dizer que havia “fechado com o Datena”, porém, horas depois dessa declaração, o apresentador agradeceu pelo apoio, mas desistiu da disputa.

O vaivém de Datena na política também o aproximou de nomes como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à prefeitura de São Paulo, e o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

Em abril do ano passado, Datena apareceu em um vídeo ao lado de Boulos, em que conversavam sobre o cenário eleitoral na capital paulista. “Se você peitar o PT e nós sairmos candidatos, se você falar para o Lula ‘eu quero o Datena como vice e sinto muito’, nós podemos sair”, disse o jornalista, na gravação. Após o vazamento do vídeo, Datena negou que tenha pedido para ser vice de Boulos.

Em 2022, o apresentador também foi especulado como vice da chapa de Ciro Gomes à Presidência da República. Os dois se reuniram para tratar do assunto, mas as conversas não foram adiante.

Por fim, José Luiz Datena já declarou apoio, em 2021, ao ex-governador de São Paulo João Doria (na época, no PSDB) para a Presidência da República. O jornalista foi apresentado como pré-candidato a senador pelo União Brasil, com o apoio dos tucanos paulistas, mas desistiu da disputa após Doria retirar sua candidatura presidencial por não ter obtido apoio interno na legenda. “Doria fez o movimento errado de novo. Ele deixa de ser o traído pelo PSDB e trai o Rodrigo Garcia. Por consequência, eu não tenho mais nenhum compromisso com essa chapa”, afirmou Datena na ocasião.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”