Romeu Zema, do Novo, foi reeleito em primeiro turno na disputa pelo governo de Minas Gerais. Com 93,62% das urnas apuradas no estado, às 20h58 (de Brasília), matematicamente não há mais chance de segundo turno.
Zema registrava 5.739.943 votos (56,64% do total), às 20h58. Para vencer a disputa em primeiro turno, um candidato a governador deve ter 50% dos votos válidos no estado mais um — brancos e nulos não contam.
Até o momento, Alexandre Kalil, do PSD, aparece em segundo lugar, com 3.508.691 votos (34,62% do total), sem chances de levar a disputa para um segundo turno. Os números estão sendo divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao longo da campanha, as pesquisas eleitorais sempre indicaram larga vantagem para Zema, com chances de vitória em primeiro turno, embora a distância para Kalil tenha reduzido nos levantamentos mais recentes.
Eleito governador em 2018 no contexto da onda antipolítica que foi tema naquela eleição, Zema descende de uma família de empreendedores. Natural de Araxá, no interior de Minas, dirigiu o Grupo Zema – fundado por seu avô há 99 anos – de 1991 a 2016.
Com empresas que vão desde distribuidoras de combustíveis a concessionárias de veículos, o grupo tem como destaque a rede varejista Lojas Zema, com mais de 400 lojas e faturamento na casa do bilhão de reais.
Zema se filiou ao Novo no mesmo ano em que concorreu pela primeira vez a um cargo público – e acabou vencendo o então senador Antônio Anastasia (PSDB) na disputa pelo governo mineiro, com 71,8% dos votos válidos no segundo turno. A redução de gastos da máquina pública estadual foi a principal bandeira da campanha.
Bolsozema x Lulil
Embora tenha se valido do voto “Bolsozema” no pleito passado, na campanha deste ano Zema não apoiou Bolsonaro abertamente em sua corrida pela reeleição à presidência – por uma questão de “fidelidade partidária”, segundo afirmou em recente entrevista à Folha de S. Paulo, já que o Novo teve Luiz Felipe d’Ávila como candidato próprio na disputa.
A coligação de Zema – Minas nos Trilhos – compreende PP, MDB, Podemos, Solidariedade, Patriota, Avante, PMN, Agir (antigo Partido Trabalhista Cristão) e Democracia Cristã, além do Novo.
O que faz um governador?
A governadora ou o governador exerce o Poder Executivo no Estado e no Distrito Federal. Cabe a quem ocupa o cargo representar, dentro do país, a respectiva Unidade da Federação nas relações jurídicas, políticas e administrativas. Na chefia da administração estadual, é auxiliado pelas secretárias e secretários de Estado.
Governadores podem propor leis e vetar ou sancionar leis aprovadas pelos deputados estaduais. Também respondem pela Segurança Pública dos Estados, da qual fazem parte as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros. Como no Brasil os Estados (e o DF) têm autonomia, as competências e responsabilidades do cargo são estipuladas pelas respectivas Constituições estaduais (e, no caso do DF, por sua Lei Orgânica).
O mandato de um governador é de quatro anos, com possibilidade de reeleição para mais um mandato de quatro anos. Caso reeleito, o governador tem como limite o período de oito anos no poder, ou seja, ele não terá o direito de se reeleger novamente de forma consecutiva para o mesmo cargo.
Votação para o Senado em Minas Gerais
Cleitinho Azevedo (PSC) foi eleito ao Senado pelo estado de Minas Gerais. O mandato começa em 2023 e termina em 2030.
Cleitinho foi o quarto deputado estadual mais votado de Minas Gerais em 2018. Natural de Divinópolis, a cerca de 140 quilômetros de Belo Horizonte, o político também já foi vereador na cidade. No pleito deste ano, apoiou e recebeu o apoio de Bolsonaro. Sua campanha foi baseada em conteúdo viral em suas redes sociais.
Cleitinho ficou à frente de Alexandre Silveira, do PSD, candidato apoiado por Kalil e por Lula, que tentava a reeleição ao cargo. Ele é delegado da Polícia Civil e foi diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 2004. Elegeu-se deputado federal em 2006 e depois foi reeleito.
Silveira ocupou secretarias durante a gestão de Antônio Anastasia (PSDB), que governou Minas Gerais entre 2011 e 2014. Era suplente de Anastasia no Senado e assumiu a vaga após a renúncia do titular, que assumiu uma cadeira como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) no início deste ano.
Cleitinho passa a ocupar no ano que vem uma das 27 cadeiras do Senado Federal que estavam em disputa nas eleições de 2022. A Casa tem, ao todo, 81 assentos.
A legislação brasileira permite que senadores possam se candidatar a novos cargos sem ter que abrir mão do mandato e muitos dos atuais parlamentares disputam outras vagas. Se eleitos, deixam de ser senadores. Por isso, a depender do resultado das urnas, até metade do Senado pode vir a ser ocupado por novos rostos.
O que faz um senador?
Senadoras e senadores são os representantes dos Estados e do Distrito Federal no Congresso Nacional. Assim como os integrantes da Câmara dos Deputados, têm a prerrogativa constitucional de fazer leis e de fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Além disso, a Constituição Federal prevê como competência privativa do Senado: processar e julgar, nos crimes de responsabilidade, os que ocupam os cargos de presidente e vice-presidente, os ministros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), os membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o advogado-geral da União.
O mandato de senador ou senadora tem duração de oito anos — e não quatro, como outros cargos eletivos, como de presidente da República ou governador. Por isso, é comum que ocupantes do cargo participem de outras disputas em anos em que não necessitem renovar o mandato.
A garantia do cargo funciona como um incentivo no meio político para que esses parlamentares busquem novas posições ou para que trabalhem na construção de suas imagens para disputas futuras, com o aproveitamento de recursos como do fundo eleitoral e sem riscos de perda de posição.