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Após um mês com leve recuperação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a experimentar uma piora na avaliação de sua gestão pelo eleitorado em dezembro. É o que mostra a rodada de dezembro da pesquisa Ipespe, encomendada pela XP Investimentos, divulgada nesta segunda-feira (20).
O levantamento, realizado entre os dias 14 e 16 de dezembro, mostra que apenas 24% dos eleitores brasileiros avaliam como “ótimo” ou “bom” o governo Bolsonaro ‒ 1 ponto percentual a menos do que em novembro e 1 p.p. a mais do que o menor nível registrado pela atual gestão.
Por outro lado, o grupo dos que classificam o governo como “ruim” ou “péssimo” somou 54% pelo terceiro mês consecutivo ‒ marca que fica atrás apenas da registrada em setembro (55%).
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Outros 22% veem a gestão como “regular”, 2 p.p. a mais do que em outubro e novembro, e 1% não responderam ao questionamento.
A piora na aprovação de Bolsonaro foi observada sobretudo entre os eleitores das regiões Norte e Centro-Oeste (de 35% em novembro para 28% em dezembro), da periferia (de 23% para 18%), com nível de escolaridade até o Ensino Fundamental completo (de 20% para 16%).
Tais grupos correspondem, respectivamente, a 15%, 10% e 39% da amostra da pesquisa. Vale ressaltar, no entanto, que quanto menor o grupo, maior é a probabilidade de haver flutuação nos números entre um levantamento e outro, já que a margem de erro aumenta.
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O presidente também sofreu uma piora de desempenho entre desempregados ou fora de condição economicamente ativa (de 25% para 20%), evangélicos (de 38% para 32%), e eleitores com renda familiar mensal de até dois salários mínimos (de 20% para 17%) ou superior a cinco salários (de 34% para 30%).
Os quatro grupos respondem, respectivamente, por 36%, 24%, 46% e 18% da amostra da pesquisa.
Em um cenário binário, em que só cabe aprovação ou desaprovação, o grupo dos insatisfeitos com Bolsonaro soma 30%. Já o segundo conta com 65% dos respondentes. A distância, de 35 pontos percentuais é a maior já registrada na atual administração. Outros 5% não responderam.
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A pesquisa Ipespe foi realizada entre os dias 14 e 16 de dezembro e contou com 1.000 entrevistas telefônicas, com eleitores de todas as regiões do Brasil. A margem de erro estimada é de 3,2 pontos percentuais.
O intervalo de confiança é de 95,5%, o que significa que, se o questionário fosse aplicado mais de uma vez no mesmo período e sob mesmas condições, esta seria a chance de o resultado se repetir dentro da margem de erro máxima apontada.
O levantamento mostrou os temas em que o eleitor avalia melhor e pior o governo Bolsonaro. No primeiro grupo, estão: combate à corrupção (17%), economia (11%), segurança (7%) e saúde (7%). No segundo, aparecem: saúde (15%), combate à fome/miséria (7%), economia (7%), corrupção (4%), emprego (4%) e educação (4%).
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A percepção negativa na área da saúde coincide com um maior pessimismo do eleitor em relação ao enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Agora, 36% dizem estar com muito medo de um novo surto de Covid-19 (em novembro eram 24%).
Na direção oposta, 28% afirmam não estar preocupados ‒ queda de 8 pontos percentuais em relação ao mês anterior. Outros 35% estão com um pouco de medo.
Apesar disso, oscilou de 23% para 25% o grupo de eleitores que avaliam como positiva a atuação do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à crise sanitária. Os críticos, porém, somam 54% do eleitorado ‒ 1 p.p. a menos do que em novembro.
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O Ipespe também mostra que, para 69% dos entrevistados, a economia brasileira está no caminho errado ‒ mesmo percentual observado no mês anterior. Outros 23% avaliam positivamente os rumos da economia ‒ 1 ponto percentual acima do resultado em novembro, que foi o pior da série do atual governo.
De acordo com a pesquisa, 91% dos entrevistados tomaram conhecimento do pagamento do Auxílio Brasil ‒ programa de transferência de renda criado para substituir o Bolsa Família. Ao todo, 84% dizem não receber o benefício, 3% afirmam ser contemplados e 10% dizem que ainda não recebem o auxílio, mas que serão atendidos.
O levantamento também pediu que o eleitor comparasse a gestão Bolsonaro com os quatro governos anteriores: Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Nos três casos, a avaliação majoritária é que os antecessores tiveram uma administração mais favorável. A maior diferença ocorre no caso de Lula (57% a 27%) e a menor no caso de Temer (37% a 35%).
Cenário eleitoral
A menos de dez meses do primeiro turno, a pesquisa Ipespe também testou o sentimento do eleitor em relação à corrida presidencial. Embora as candidaturas não estejam confirmadas, o quadro oferece sinalizações sobre tendências para a largada da disputa.
No cenário espontâneo (ou seja, quando o eleitor aponta seu candidato sem que nomes sejam apresentados pelo entrevistador), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa com 36% das menções ‒ salto de 4 p.p. em relação a novembro.
Em dez meses, as intenções de voto do petista neste cenário dispararam 31 pontos percentuais, no embalo da anulação de suas condenações na Justiça e seu reposicionamento no xadrez político nacional como provável candidato ao Palácio do Planalto.
Na sequência, aparece o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 23% ‒ oscilação ascendente de 1 ponto percentual em comparação com um mês atrás. O mandatário já chegou a contar com a preferência de 26% do eleitorado no cenário espontâneo de pesquisa de setembro de 2020.
A terceira posição é dividida entre o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) e o juiz federal Sérgio Moro (Podemos), cada um com 3% das intenções de voto. Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi mencionado por 1% dos entrevistados.
Os “não votos” (brancos, nulos e indecisos), por sua vez, somaram 33%.
Normalmente, quando mais próximo do pleito, o quadro espontâneo aponta para maior cristalização de apoio aos candidatos. A um ano da disputa, ele ajuda a indicar o nível de conhecimento que os eleitores têm de alguns nomes que podem participar da eleição.
Foram feitas duas simulações de primeiro turno. Lula lidera nas duas com vantagem de 20 pontos percentuais sobre o segundo colocado.
Na primeira, o petista aparece com 44% das intenções de voto, contra 24% de Bolsonaro. Em relação ao levantamento de novembro, o petista oscilou positivamente 2 p.p., ao passo que o atual presidente oscilou negativamente 1 p.p..
A terceira posição é dividida por Sergio Moro e Ciro Gomes, com 9% e 7%, respectivamente. A diferença de 2 p.p. configura empate técnico.
Na sequência, aparecem João Doria, com 3% das intenções de voto, o cientista político Luiz Felipe d’Ávila, com 1%, e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD), com 1%. Brancos, nulos e indecisos correspondem a 12% do eleitorado.
Vale destacar, no entanto, que esta lista de candidatos sofreu modificações ao longo do tempo (por exemplo, o nome de Sérgio Moro não foi testado nas edições de agosto e setembro), o que não torna os cenários plenamente comparáveis.
No segundo cenário, são incluídos nomes do ex-deputado Cabo Daciolo (Brasil 35) e dos senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Neste caso, cada um deles conquista 1% das intenções de voto, mesmo percentual de Pacheco.
Lula lidera com 43% das intenções de voto, e Bolsonaro aparece com 23%. Sergio Moro, Ciro Gomes e João Doria têm, respectivamente, os mesmos 9%, 7% e 3% do primeiro cenário. Luiz Felipe d’Ávila não conseguiu pontuar. Brancos, nulos e indecisos somaram 9%.
A pesquisa feita pelo Ipespe também mediu o nível de apoio e rejeição aos nove candidatos testados. Segundo o levantamento, 62% não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro, contra 44% que rejeitam Lula. Por outro lado, 24% afirmam que com certeza votariam no atual presidente e 10% poderiam votar. No caso do petista, são 43% e 11%, respectivamente.
Na chamada “terceira via”, Doria segue com o nível mais alto de rejeição: 55%. Ele é seguido por Moro e Pacheco, com 53% e 48%, respectivamente. O ex-juiz é, junto com Ciro Gomes, o possível candidato que, no grupo, conta com o maior número de eleitores que declaram voto convicto: 10%. A diferença é que o pedetista conta com maior percentual de votos potenciais (39% contra 30%).
Segundo turno
Foram feitas seis simulações de segundo turno. O ex-presidente Lula aparece em quatro delas, superando seus adversários com vantagem superior ao limite da margem de erro.
Contra Bolsonaro, a diferença subiu para 22 pontos percentuais. Os dois passaram 8 meses tecnicamente empatados, mas a partir de junho Lula assumiu a dianteira da disputa e passou a costurar vantagem.
Quando testado com Moro, Lula aparece com 52% das intenções de voto, contra 33% do ex-juiz.
Sete meses atrás, a diferença era de 3 p.p., o que configurava empate técnico. Moro chegou a liderar a disputa com vantagem superior à margem de erro em três pesquisas feitas em 2020.
Lula também derrotaria Ciro Gomes (52% a 25%) e João Doria (53% a 22%). Nos dois casos, a vantagem de Lula sobre os potenciais adversários supera os 27 pontos percentuais.
Já Bolsonaro, além do cenário contra Lula, é testado contra dois potenciais adversários. O presidente seria derrotado por Ciro Gomes (44% a 33%) e João Doria (43% a 36%) ‒ em ambos os casos, por diferença superior à margem de erro.
Cabeça do eleitor
O levantamento também mostrou que 65% dos entrevistados afirmam que a escolha do voto é definitiva, ao passo que 33% admitem a possibilidade de mudar de ideia até o dia da eleição.
Entre os motivos para mudança de posição, lideram a lista a possibilidade de surgir outro candidato na disputa (19%), o surgimento de denúncias de corrupção contra candidatos (19%) e alteração de posicionamento político e propostas (18%).
Para 31%, a escolha se justifica pelo candidato ser melhor do que os demais. Já 19% destacam as ideias de políticas sociais de distribuição de renda. Outros 15% indicam um voto mais pragmático, para evitar a vitória de um candidato indesejado, enquanto 14% ressaltam as propostas na área economica e 13% ideias em defesa da família tradicional.
No caso da corrida presidencial, 58% dos entrevistados preferem votar em um candidato que mude totalmente a forma como o Brasil está sendo administrado. Na outra ponta, 14% querem continuidade e 23% falam em mudanças moderadas.
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