Rejeição a Bolsonaro aumenta, com pandemia e pessimismo econômico, mostra XP/Ipespe

Diferença entre avaliações negativas e positivas do governo chega a 15 pontos percentuais, pior marca em oito meses

Marcos Mortari

O presidente Jair Bolsonaro em videoconferência (Fotos: Marcos Corrêa/PR)
O presidente Jair Bolsonaro em videoconferência (Fotos: Marcos Corrêa/PR)

SÃO PAULO – Diante do recrudescimento da Covid-19 no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enfrenta um crescimento em seus índices de rejeição junto ao eleitorado.

De acordo com a nova rodada da pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta sexta-feira (12), o grupo dos que consideram a atual administração ruim ou péssima atingiu 45% em março, mesmo patamar observado em julho de 2020.

O levantamento, realizado entre os dias 9 e 11 deste mês, mostra tendência negativa para o mandatário desde outubro do ano passado, quando 31% criticavam sua gestão.

Hoje, a diferença entre avaliações negativas e positivas do governo é de 15 pontos percentuais – quinta pior marca desde o início da atual administração. Quatro meses atrás, a aprovação superava a rejeição em 3 pontos.

Os dados segmentados da pesquisa indicam contribuição importante dos eleitores das regiões Nordeste e Sul para a piora na avaliação de Bolsonaro. O presidente também perdeu apoio em capitais e eleitores mais jovens. Por outro lado, o endosso dos evangélicos voltou a crescer.

Vale destacar, contudo, que é natural os percentuais apresentarem maior oscilação, tendo em vista o número mais reduzido de entrevistas nos recortes.

Ao todo, foram ouvidos 800 eleitores, de todas as regiões do país, a partir de entrevistas telefônicas conduzidas por operadores. A margem máxima de erro da pesquisa é de 3,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

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Pandemia

A mudança coincide com a piora na percepção do eleitor sobre a situação da pandemia do novo coronavírus no país e quanto à atuação de Bolsonaro em meio à crise sanitária.

Segundo a pesquisa, grupo dos que dizem estar com muito medo do surto da doença saltou de 39%, em fevereiro, para atuais 49%. Já os que afirmam não estar com medo recuaram de 24% para 18% no período.

Para 61% dos entrevistados, a atuação de Bolsonaro no enfrentamento à Covid-19 é ruim ou péssima – maior patamar já registrado e aumento de 8 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.

Já os que classificam positivamente as ações do presidente na crise somam 18% – queda de 4 pontos em um mês.

Pessimismo

O aumento da rejeição ao governo Bolsonaro também acompanha piora na percepção dos eleitores sobre o cenário econômico. De acordo com a pesquisa, chegou a 63% o percentual de eleitores que entendem que a economia do país está no caminho errado.

Trata-se do maior patamar da série histórica, iniciada em dezembro de 2019, e um salto de 13 pontos percentuais em três meses. Os que dizem que a economia brasileira está no caminho certo foram de 39% para 27% no período.

Questionados sobre as chances de manutenção de seus empregos nos próximos seis meses, 40% manifestam preocupação – alta de 5 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, feito em fevereiro. Já os que atribuem elevada probabilidade de continuarem na posição atual caíram de 60% para 52% no mesmo comparativo.

Em relação às próprias dívidas, o grupo dos dizem que esperam piora nos próximos seis meses saltou de 27%, em janeiro, para 37%. No sentido oposto, aqueles que acreditam em redução do endividamento minguaram de 26% para 18%.

Quanto ao auxílio emergencial, a pesquisa XP/Ipespe mostra que 90% dos entrevistados tomaram conhecimento das notícias sobre uma nova rodada do benefício. Nesta semana, a Câmara dos Deputados concluiu a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, apontada pelo governo federal como fundamental para viabilizar o programa.

De acordo com o levantamento, 70% dos eleitores acreditam que não receberão o benefício. Entre aqueles que se dizem contemplados na primeira edição, apenas 41% esperam ser atendidos novamente – o que pode indicar potencial de surpresa positiva de parcela da população (e, consequentemente, de melhora na avaliação do presidente), tendo em vista o tamanho do programa em discussão no governo.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.