Juros em queda no exterior pode reduzir Selic além do estimado, diz Haddad

Ministro da Fazenda disse que BC está com a agenda "relativamente contratada" para as próximas reuniões do Copom

Estadão Conteúdo

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse acreditar que será uma “semana tranquila” quanto à decisão do Banco Central (BC) desta quarta-feira (31), em torno do patamar da taxa Selic, uma vez que a autoridade monetária está com a agenda “relativamente contratada”.

Para Haddad, o esperado início do ciclo de corte de juros no exterior, precificado para o primeiro semestre, pode fazer com que o Brasil alcance uma taxa de juros terminal abaixo do que se projeta atualmente. Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a mediana do Focus para a Selic se manteve em 9,00% no fim de 2024.

“Por tudo que ouvi, nas viagens que fiz, não me parecia o mais provável [que ciclo de cortes se iniciasse em março], mas no primeiro semestre me parece realista”, afirmou Haddad, na noite de terça-feira (30), sobre a redução dos juros nos Estados Unidos. “Se isso acontecer, vai ser muito bom para o Banco Central [do Brasil], porque aí o horizonte pode mudar relativamente para melhor, e isso pode projetar um taxa de juros terminal, neste ciclo de cortes, para além do que estamos imaginado hoje. Mas isso são especulações, vamos avaliar”.

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No mês passado, o Copom cortou a Selic pela quarta vez consecutiva em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano. O comitê pregou cautela e manteve a sinalização de que o ritmo de corte continua sendo o mais apropriado para as próximas reuniões (no plural). A realização de ao menos três novos cortes de 0,50 ponto porcentual, nas reuniões de janeiro, março e maio, é o cenário base de 56 das 60 casas consultadas pelo Broadcast (93% do total).

Otimismo com a economia
Haddad reforçou sua avaliação de que, a partir do meio do ano, o destino da Selic no país será muito influenciado pelo cenário de juros externo. A expectativa do ministro é que as notícias serão “boas” e que o ano será “muito bom” para a economia, que irá superar as expectativas atuais projetadas — como já ocorreu em 2023.

“Nós estamos entendendo que o Brasil tem toda condição de crescer mais de 2%, e nós vamos tomar medidas para que isso aconteça”, afirmou o petista. A projeção da Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, é de 2,2% de avanço no Produto Interno Bruto (PIB). O Fundo Monetário Internacional (FMI), que atualizou as suas expectativas ontem, aponta um crescimento mais modesto (1,7%).

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O ministro citou como exemplo o Marco de Garantias, que disse ter o potencial de mudar o padrão de crédito no país, o que impulsionará o crescimento. Ele também comentou que as prévias dos dados de janeiro estão bastante razoáveis, sem detalhar a quais números se referia. “Nós entramos no ano confiantes de que podemos ter um ano acima das expectativas, como aconteceu em 2023”.