Publicidade
SÃO PAULO – “Começou nova onda de privatizações que, sinceramente, espero que chegue perto da Petrobras”. Essa fala, da economista Elena Landau (ex-presidente do conselho da Eletrobras e ex-diretora de privatização do BNDES na era FHC) resume bem o desejo de muitos do mercado: a de que a Petrobras (PETR3;PETR4) seja privatizada.
Algo que parecia distante, ficou mais próximo (mesmo que só um pouco) com o anúncio do governo na noite da última segunda-feira de propor a privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6). Neste sentido, o Bradesco BBI fez um estudo ressaltando o que aconteceria caso o Ministério de Minas e Energia estendesse os seus planos de privatização – ainda que parcial – à gigante do petróleo. Contudo, os analistas do banco, Filipe Gouveia e Osmar Camilo, acreditam que o mercado aposte em uma maior probabilidade da Petrobras expandir o desinvestimentos.
“A privatização da Petrobras, mesmo que parcialmente, poderia representar um enorme potencial de valorização para os investidores”, ressalta o banco, que vê duas potenciais fontes de valorização para a ação – e que já podem ocorrer nos próximos meses.
Continua depois da publicidade
As fontes de valorização são as seguintes: i) aceleração no desinvestimento de refinarias: esta medida levaria a um potencial de valorização entre 10 e 20%, sendo um divisor de águas para o papel. Ao proteger sua política de preços de combustível, aumentando o ritmo de desalavancagem, a Petrobras poderia gerar um valor potencial adicional de US$ 25 bilhões de dólares, apontam os analistas.
Receba os “Insights do Dia” direto no seu e-mail! Clique aqui e inscreva-se.
ii) o ajuste da Transferência de Direitos seria uma outra maneira possível de privatização, levando a um potencial de valorização de 10 a 15% para a ação. Conforme apontam os analistas do Bradesco BBI, o diretor da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Decio Oddone, sugeriu ontem que um leilão da área de Transferência de Direitos pode ser feito até maio de 2018, embora dependa das negociações entre a Petrobras e o governo brasileiro. “Nós vemos sinais de que a resolução mais provável seria um leilão no primeiro semestre do ano que vem, em que a Petrobras poderia alienar parte do que receberia do governo). Assumindo um pagamento de 2 bilhões de barris equivalente para a Petrobras, os analistas veem um upside entre 10% e 15%, caso a petroleira possa alienar a reserva adicional.
Continua depois da publicidade
A Transferência de Direitos ocorre em meio ao debate sobre o regime de cessão onerosa, que foi criado em 2010 – quando o governo concedeu à Petrobras o direito de explorar 5 bilhões de barris de petróleo em campos do pré-sal, como parte da operação de capitalização da estatal realizada em 2010. Naquele ano, a Petrobras levantou US$ 69 bilhões, enquanto o governo recebeu um valor de US$ 42,5 bilhões em ações da companhia. Agora, o contrato está sendo reavaliado e a estatal poderia receber do governo um valor bilionário como compensação pela queda da cotação do petróleo desde a assinatura do acordo. Porém, o governo deve “pagar a dívida” com a companhia através da transferência de campos adicionais para a empresa e permissão para que ela venda os barris obtidos.
Enquanto essas medidas não ocorrem, os analistas do Bradesco BBI apontam que o comportamento do preço do papel no curto prazo aponta para um desempenho neutro devido à falta e/ou adiamento de catalisadores significativos, embora mantenham visão positiva de médio e longo prazos. Eles mantêm a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 18,00 para os ativos PETR4, correspondendo a um potencial de valorização de 30,53% na comparação com o fechamento da última terça-feira. E dois catalisadores que podem impulsionar os papéis são justamente os descritos acima: aceleração dos desinvestimentos e as transferências de direitos. Além destes, outro fator veem da macroeconomia brasileira, de olho na evolução das reformas estruturais do governo (como da Previdência).
Apesar de parecer um “sonho” mais próximo para o mercado, os analistas em geral ainda não veem a privatização da Petrobras como algo que deva acontecer no curto ou médio prazos. De qualquer forma, uma “privatização parcial” da companhia já está sendo feita, com dois movimentos para tanto já destacados acima. Contudo, Gouveia e Camilo fazem um alerta: as eleições de 2018 podem ser um revés para esse cenário. “A eleição presidencial será realizada no próximo ano e é definitivamente um evento que pode atrasar ou “evitar” as possibilidades citadas. Ainda mais levando em conta que, sem dúvida, as medidas não muito populares.
Continua depois da publicidade
Gostou desta análise? Clique aqui e receba-as direto em seu e-mail!