“Quem lidera as pesquisas não é Lula ou Bolsonaro, mas o desencanto com o Brasil”, diz vice de Amoêdo

Em entrevista exclusiva para o InfoMoney, o candidato a vice-presidente de Amoêdo, professor Christian Lohbauer, se diz convicto de que a chapa pode ganhar essa eleição

Júlia Miozzo

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SÃO PAULO – Mesmo com as chances de ir para o segundo turno ainda parecerem escassas, a candidatura de João Amoêdo (Novo) ganha ânimo com o aumento da militância na internet e também com a variação positiva do candidato à presidência nas pesquisas. 

Os últimos levantamentos mostraram que Amoêdo possui 4% da intenção de voto espontânea, tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB). Os números deixam o partido ainda mais esperançoso com essas eleições.

Em entrevista exclusiva para o InfoMoney, o candidato a vice-presidente de Amoêdo, professor Christian Lohbauer, se diz convicto de que a chapa pode ganhar essa eleição mesmo sem participar dos debates e ainda distante dos demais candidatos nas intenções de voto: “Trabalhamos muito e estamos vendo os resultados e as recompensas de um trabalho muito novo. Estamos em uma trajetória de vitória para o segundo turno”, disse o candidato e cientista político.

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Lohbauer atribui esse crescimento às propostas do partido e também ao “desinteresse e decepção total” do eleitorado brasileiro. “Estamos jogando com regras que fogem à política de hoje. Existe uma dificuldade de apresentar pessoas novas, regras novas, propostas novas, mas os números mostram que estamos conseguindo fazer isso com as redes sociais, o boca a boca e voluntários que acreditam na nossa proposta”, disse.

Ainda que Amoêdo tenha ganhado leve alta nas últimas pesquisas, ele ainda fica 19 pontos percentuais abaixo do candidato com maior intenção de voto em um cenário sem Lula, Bolsonaro (23%). 

O vice do candidato do Novo considera que as eleições deste ano, em especial para presidente, é inédita “desde a democratização” e dá margem para que todos os candidatos vençam, embora acredite que quem leve o resultado final seja um presidente de centro-direita.

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“Quem lidera as pesquisas não é o Lula ou o Bolsonaro, é o desencanto total das pessoas com o país e é isso que vai definir o próximo presidente do país. Os números estão todos muito próximos, então o resultado fica em aberto”, disse.

A proibição da candidatura do ex-presidente Lula pelo PT deve fortalecer ainda mais a tendência apontada por Lohbauer, que não vê a principal aposta para substituir o líder petista, Fernando Haddad, chegando no segundo turno. “Ainda bem para o Brasil”, diz. Em sua visão, os votos que então seriam para Lula devem ser pulverizados para os demais candidatos à presidência, inclusive Jair Bolsonaro (PSL).

Neste cenário, o Novo conta principalmente com dois grupos de eleitores para crescer nas intenções de voto: o “contribuinte indignado”, que paga seu imposto e não o recebe de volta; e os empreendedores, “desde o pipoqueiro até o proprietário de fábrica”, também indignados com as burocracias do estado brasileiro.

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“O eleitor do Novo é o cara que quer trabalhar e não consegue mais. Não tem mais trabalho por aqui e quem quer, não consegue”, explicou o candidato a vice. “O Brasil é um país que trabalha contra quem quer trabalhar, um espaço ‘antiempreendimento’. Nós queremos que isso seja combatido e eliminado”.

Em uma entrevista anterior para o InfoMoney, quando ainda era cotado para ser candidato ao Senado de São Paulo, Lohbauer afirmou que Amoêdo ainda seria a opção dos “indecisos” e de eleitores do Bolsonaro – e, questionado, disse ainda acreditar nisso. “Conforme as eleições forem se aproximando, o eleitor do Bolsonaro vai procurar mais conteúdo, mais capacidade administrativa. A opção dele vai ser o João [Amoêdo]”, disse.

Amoêdo e Bolsonaro têm “muitas diferenças evidentes”

Nas redes sociais, alguns internautas têm insistido em comparar João Amoêdo e Jair Bolsonaro, até chamando o primeiro de “Bolsonaro Gourmet”. Mas essa não é uma associação que preocupa o Novo: na visão do cientista político, trata-se de uma “superficialidade das mídias sociais” e também de desconhecimento sobre os próprios candidatos.

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“As pessoas não conhecem o João e também não estudaram o Bolsonaro. O João é uma pessoa com uma ética muito forte nas virtudes e no que é certo, virtuoso. Ele é uma pessoa que tem um perfil muito sereno, não aponta para a câmera, não dá show”, disse. “Ele estuda todos os dias, lê todos os dias. Se você analisar o que ele era seis meses atrás em domínio de políticas públicas, você vê isso”.

E aproveitou a oportunidade para alfinetar Bolsonaro: “É um parlamentar antigo, não estuda, tem origem militar. Ele já podia ter aprendido muitas coisas, mas ainda tem dificuldade de desenvolver um argumento mais complexo. Tem aversão aos projetos de privatização no país, se diz um liberal mas não compactua com muitos princípios”, disse.

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