Propaganda eleitoral no rádio e na TV começa amanhã; veja o que esperar

Pontapé inicial para a campanha nos meios tradicionais deve esquentar as disputas pelas prefeituras país afora

Marcos Mortari

Homem assiste à televisão (Foto: Pixabay)
Homem assiste à televisão (Foto: Pixabay)

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A partir da próxima sexta-feira (30), candidatos às prefeituras e Câmaras Municipais poderão veicular peças publicitárias de suas campanhas em bloco no horário de propaganda eleitoral gratuito e terão direito a inserções diárias na programação de emissoras de rádio e televisão aberta.

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O pontapé para a campanha nos meios tradicionais de comunicação representa um marco no processo eleitoral. Ele começa a 37 dias do primeiro turno (marcado para 6 de outubro) e vai até 3 dias antes do pleito (ou seja, 3 de outubro). É o momento em que especialistas costumam dizer que a eleição de fato entra na percepção da população.

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Trata-se de momento muito valorizado pela coordenação das campanhas, dado o potencial de distribuição de conteúdo aos eleitores que os meios de comunicação de massa oferecem.

Pela regra, o horário eleitoral gratuito será veiculado de segunda a sábado, com 20 minutos diários em rede (divididos em dois blocos de 10 minutos) no rádio e na TV. Além disso, serão destinados 70 minutos em inserções diárias de 30 e 60 segundos, de segunda a domingo, entre 5 horas e meia-noite.

Do tempo total, 10% são distribuídos igualitariamente e 90%, de maneira proporcional ao número de deputados federais eleitos pelas agremiações em 2022. No caso de coligações para a eleição majoritária, será considerado o resultado da soma do número de representantes das seis maiores legendas que as integram. Já para as federações, é levado em conta o número de representantes de todos os seus partidos.

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A importância dada ao tempo de televisão em muitos casos explica o empenho das candidaturas em buscar alianças em pleitos majoritários, com coligações que podem garantir posição privilegiada nos meios tradicionais.

Embora especialistas concordem que rádio e televisão já foram mais poderosos em campanhas eleitorais no passado e hoje dividem espaço com as redes sociais, os meios analógicos mantém papel de destaque no processo eleitoral.

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O tempo de exposição nos meios analógicos pode ajudar a tornar candidatos conhecidos e na construção de imagem junto ao eleitorado. Também é uma oportunidade para a apresentação de propostas e desconstrução de adversários.

[O horário de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão] É um evento importante da campanha, pois a partir daí a eleição entra definitivamente na agenda. O peso da TV, porém, não é o mesmo do passado, já que seu protagonismo é dividido com as redes sociais”, observam os analistas da consultoria política Arko Advice em relatório distribuído a clientes.

“Entretanto, a televisão ainda é um instrumento de campanha estratégico, já que não são todos os candidatos que possuem redes sociais estruturadas, com estratégia bem concebida e forte engajamento”, pontuam os especialistas.

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A disputa nas principais capitais

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, com mais de 9,32 milhões de eleitores, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, terá disparado a maior exposição no rádio e na televisão e deve apostar boa parte de suas fichas nesta vantagem.

Graças a uma coligação formada por 12 partidos políticos (MDB, Republicanos, PL, PSD, PP, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Agir, Mobiliza e União Brasil), ele terá direito a 6 minutos e 30 segundos dos 10 minutos totais de cada slot de horário para propaganda eleitoral. Contando todo o período de campanha nos meios tradicionais, ele também contará com 1.913 inserções de 30 segundos espalhadas na programação das emissoras.

Na sequência vem o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem em sua coligação 2 federações partidárias (Brasil da Esperança – Fé Brasil, formada por PT, PC do B e PV, e outra de PSOL e Rede Sustentabilidade) e 1 partido (PDT). O parlamentar terá direito a 2 minutos e 22 segundos em cada slot de propaganda eleitoral. Além de 700 inserções de 30 segundos espalhadas na programação das emissoras durante todo o período de 30 de agosto a 3 de outubro.

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Já o apresentador de televisão José Luiz Datena (PSDB), que conta apenas com a federação partidária de PSDB e Cidadania em sua chapa, terá apenas 35 segundos em cada horário de propaganda eleitoral gratuito, além de um total de 174 inserções até o primeiro turno.

E a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que não formou coligação, terá direito a 30 segundos no horário de propaganda eleitoral, além de 151 inserções até 3 de outubro. Enquanto outros candidatos, como o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) e a economista Marina Helena Santos (Novo), não terão direito a exposição nos veículos tradicionais porque seus partidos não atingiram a cláusula de desempenho no pleito de 2022.

A tendência é que Marçal e Santos concentrem seus esforços de campanha nas redes sociais, ambiente em que o primeiro tem alta capacidade de engajamento − superior, inclusive, à dos nomes tidos como favoritos no início da campanha. A retórica antipolítica e de ataque aos adversários com técnicas heterodoxa para a política tem atraído holofotes sobre o empresário, que muitas vezes pauta o debate eleitoral em São Paulo.

Veja como fica a distribuição de tempo de rádio e televisão entre os candidatos à prefeitura de São Paulo:

CandidatoParidos coligadosTempo no horário eleitoral gratuitoInserções totais na programação
Ricardo Nunes (MDB)MDB, Republicanos, PL, PSD, PP, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Agir, Mobiliza e União Brasil06’30”1.913
Guilherme Boulos (PSOL)Federação PSOL/Rede Sustentabilidade, Federação Brasil da Esperança – Fé Brasil (PT/PCdoB/PV) e PDT2’22”700
José Luiz Datena (PSDB)Federação PSDB-Cidadania0’35”174
Tabata Amaral (PSB)PSB0’30”151
Pablo Marçal (PRTB)PRTB
Marina Helena (Novo)Novo

“Em São Paulo, o horário eleitoral é a grande aposta de Ricardo Nunes para fazer frente ao repentino crescimento de Pablo Marçal. Nunes terá à sua disposição mais de 60% do horário eleitoral. Pablo Marçal não terá direito a tempo de TV. Por outro lado, Marçal tem sido muito eficiente em realizar uma comunicação ‘agressiva’ a partir de recortes de sua participação em debates e em entrevistas que são disseminados nas redes sociais”, pontuam os especialistas da Arko Advice.

“Além disso, Marçal está tendo uma ampla cobertura das principais emissoras de televisão do país. Ou seja, o candidato continuará a ser o assunto da campanha, com seu nome exposto na abertura do processo eleitoral”, complementam.

Para eles, a tendência é atual do pleito na capital paulista é que Guilherme Boulos, que por ora não enfrente a sombra de adversários à esquerda, vá para o segundo turno contra o vencedor da disputa no campo da direita entre Ricardo Nunes e Pablo Marçal.

Os analistas também destacam o crescimento do ex-coach nas pesquisas de intenção de voto, mas apontam para derrota recente sofrida na Justiça Eleitoral, que, no último final de semana, suspendeu seus perfis usados para monetização nas redes sociais.

Por fim, lembram que, no pleito de 2020, o então prefeito Bruno Covas (PSDB), que contava com o maior tempo de exposição no rádio e na televisão (3 minutos e 33 segundos) cresceu de 23% das intenções de voto (antes do início do horário eleitoral) para 38% na véspera do primeiro turno. Já Boulos (que contava com apenas 18 segundos), foi de 12% para 16% no mesmo período.

O Rio de Janeiro (RJ) será outro laboratório importante para testar a força dos meios tradicionais de comunicação no atual contexto, já que o prefeito Eduardo Paes (PSD) lidera com folga nas pesquisas de intenção de voto − inclusive com possibilidade de vitória em primeiro turno − mas terá a mesma vantagem no horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Paes, que tem em sua coligação PSD, Podemos, PRD, DC, Agir, Solidariedade, Avante, PSB, PDT e a Federação Brasil da Esperança – Fé Brasil (PT e PC do B), contará com 3 minutos e 26 segundos em cada bloco de programa de 10 minutos no rádio e na TV, além de 1.009 inserções de 30 segundos durante a campanha nesses meios.

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL) terá praticamente a mesma exposição, com 3 minutos e 28 segundos em cada bloco de 10 minutos. O parlamentar, que conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também terá 1.020 inserções de 30 segundos no rádio e TV ao longo da campanha.

O candidato Marcelo Queiroz (PP), que conta com uma coligação de PP com a Federação PSDB/Cidadania, possui 1 minuto e 22 segundos no bloco fixo de propaganda eleitoral. E 405 inserções durante a campanha. Já o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil) terá 1 minuto e 15 segundos no “blocão” e 373 inserções. Enquanto o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) contará com 27 segundos e 133 inserções.

CandidatoParidos coligadosTempo no horário eleitoral gratuitoInserções totais na programação
Alexandre Ramagem (PL)PL, MDB e Republicanos3’28”1.020
Eduardo Paes (PSD)PSD, PDT, Solidariedade, Podemos, Avante, Agir, PSB, PRD, DC, Federação Brasil da Esperança – Fé Brasil (PT/PCdoB/PV)3’26”1.009
Marcelo Queiroz (PP)PP e Federação PSDB-Cidadania1’22”405
Rodrigo Amorim (União Brasil)União Brasil e Mobiliza1’15”373
Tarcísio Motta (PSOL)Federação PSOL/Rede Sustentabilidade e PCB0’27”133

“A exposição deve ajudar Ramagem a vincular sua imagem à do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Assim, Ramagem deve crescer nas pesquisas. Contudo, o favoritismo do prefeito Eduardo Paes (PSD) não deve ser afetado”, projetam os especialistas da Arko.

Eles destacam, ainda, o fato de o prefeito ter praticamente o mesmo tempo no rádio e na televisão do que seu adversário e as avaliações positivas à sua gestão apontadas em pesquisas recentes.

Conforme lembra a consultoria, em 2022, Paes tinha 2 minutos e 5 segundos de propaganda no “blocão” e foi de 28% das intenções de voto para 41% durante a campanha nos meios tradicionais. Seu adversário, o então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), tinha 2 minutos e 2 segundos, e foi de 11% para 16% no período.

Com pouco mais de 1 mês para a corrida às urnas, o aumento da exposição dos candidatos na mídia, a intensificação das agendas de campanha e a maior atenção dedicada pelo eleitor ao pleito devem dar tração às disputas país afora.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.