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O governo federal pode fechar 2023 com um déficit primário pior do que o previsto, após medidas aprovadas no Congresso e fatores econômicos aumentarem pressões sobre as contas, disse nesta sexta-feira (27) o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
“Faltam três meses para concluir o período de apuração do exercício. Tem um caminho que estava sendo seguido, tem pressões adicionais que foram criadas”, afirmou Ceron. Ele disse que o cenário está mais desafiador, mas enfatizou que ainda é cedo para tirar conclusões para 2024 e nada muda em relação à busca do governo por uma melhora fiscal.
“Para 2024, obviamente está sendo feita uma leitura sobre o impacto das medidas”, disse o secretário. Ele fez questão de ponderar que não está sinalizando se há discussão sobre mudar a meta fiscal do próximo ano. “Está um pouco cedo para fazer esse balanço.”
Entre as “pressões”, Ceron citou o projeto aprovado no Congresso que ampliou transferências a estados e municípios em 2023 — um aumento de gasto de cerca de R$ 20 bilhões só neste ano. O secretário disse que a queda na inflação e o movimento do câmbio também devem gerar uma perda nominal de arrecadação de até R$ 30 bilhões em 2023, em relação ao estimado inicialmente.
Disse também que a previsão de ganhos adicionais em 2023 com mudanças no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) pode cair de R$ 50 bilhões para cerca de R$ 10 bilhões. E que a prorrogação da desoneração da folha salarial preocupa e tem “impacto fiscal relevante”.