O discurso de Jair Bolsonaro (PL) durante as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, em Brasília e no Rio de Janeiro, foi criticado nas redes sociais por outros candidatos à Presidência da República.
No geral, a avaliação foi de que o atual presidente utilizou a ocasião para fazer campanha à reeleição, e não para celebrar a data comemorativa, e pode ser acionado judicialmente por isso.
“Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está é à minha frente”, disse Bolsonaro na capital federal.
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“Eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de serem infelizes: procurem uma mulher, uma princesa, e se casem com elas para serem mais felizes ainda”, completou.
Simone Tebet, candidata ao Planalto pelo MDB, afirmou no Twitter que a fala do presidente foi “machista”. “Vergonhoso e patético! No dia da Independência do Brasil, o Presidente mostra todo seu desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica e infantil. Como brasileira e mulher, me sinto envergonhada e desrespeitada”, escreveu.
“Além de pária internacional devido à falta de segurança e estabilidade política, agora o país também vira motivo de chacota pelas falas machistas do seu líder, que deveria dar exemplo. O Brasil não merece o governo que tem!”, completou Tebet.
Bolsonaro tem usado a primeira-dama Michelle em seus discursos para tentar ganhar votos entre o público feminino, mas a estratégia não tem sido efetiva.
Pesquisa Ipec divulgada nesta semana mostra que Bolsonaro tem 26% das intenções de voto entre o eleitorado feminino. No levantamento anterior, do final de agosto, ele tinha 29%.
Soraya Thronicke, candidata ao Planalto pelo União Brasil, criticou no Twitter outro trecho do discurso de Bolsonaro em Brasília, quando o presidente puxou um coro repetindo a palavra “imbrochável” — o termo não existe oficialmente na língua portuguesa, mas faz referência ao desempenho sexual de alguém.
“Divorciado do respeito à data, em pleno 7 de Setembro, o presidente insiste em propagar q é imbrochável – informação que, sinceramente, não interessa ao povo brasileiro. O que o Brasil precisa, mesmo, é de um presidente incorruptível. Bolsonaro prima pela desqualificação”, afirmou Thronicke.
Candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes escreveu no Twitter que Bolsonaro transformou a celebração de 7 de Setembro em um comício. “Bolsonaro transformou o 7 de Setembro dos 200 anos da independência no mais desavergonhado comício eleitoral já feito neste país. E houve outras transgressões políticas, institucionais e morais seríssimas. Os brasileiros cobram uma ação da justiça!”, disse.
“Fico entristecido com o que estão fazendo no Brasil. Bolsonaro é produto desse ’nós contra eles’ e dessa polarização que está dividindo a nação. Mas reforço: não vou me abater e vou continuar me inspirando nos grandes brasileiros que construíram momentos radiosos na história”, completou.
O candidato do PDT disse ainda que “hoje assistimos [a] um espetáculo de vulgaridade e de uso despudorado do dinheiro do povo para fazer um comício envolvendo todas as estruturas, inclusive da opinião pública internacional. Isso é uma vergonha!”. Em campanha em Minas Gerais, Ciro chamou Bolsonaro de “presidente imbecil e criminoso”.
Principal concorrente de Bolsonaro na disputa pelo Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, não respondeu diretamente ao ataque do presidente à sua esposa, Janja. Ele se limitou a defender a democracia e a união pelo Brasil.
“200 anos de independência hoje. 7 de setembro deveria ser um dia de amor e união pelo Brasil. Infelizmente, não é o que acontece hoje. Tenho fé que o Brasil irá reconquistar sua bandeira, soberania e democracia”, escreveu no Twitter. Janja não comentou a fala de Bolsonaro.