Polícia Federal abrirá inquérito para investigar suposto assédio de Silvio Almeida

Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, envolvidos devem começar a ser ouvidos a partir da próxima semana. Ministro é acusado de assédio sexual contra Anielle Franco

Fábio Matos

Ex-ministro Silvio Almeida (Flickr/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania)
Ex-ministro Silvio Almeida (Flickr/Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania)

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O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, será alvo de um inquérito da Polícia Federal (PF) que vai apurar as denúncias de que ele teria cometido assédio sexual contra mulheres.

A informação foi confirmada, nesta sexta-feira (6), pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, em entrevista ao programa Em Ponto, da GloboNews.

“[Vamos iniciar a investigação] Por iniciativa própria. Ainda não recebemos representação”, afirmou Rodrigues. “Provavelmente, as pessoas serão ouvidas na semana que vem, mas o presidente do inquérito é quem dirá.”

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Na quinta-feira (5), o escândalo caiu como uma bomba na Esplanada dos Ministérios. A ONG Me Too Brasil confirmou que recebeu denúncias de que Almeida teria assediado mulheres, que se mantiveram sob anonimato.

Segundo o Metrópoles, que noticiou inicialmente as denúncias, os casos teriam ocorrido no ano passado e uma das vítimas seria a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial.

Silvio Almeida, por meio de uma nota oficial e de um vídeo publicado nas redes sociais, negou, peremptoriamente, as acusações e prometeu colaborar com as investigações.

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De acordo com as informações da Folha de S.Paulo, o governo considera “insustentável” a permanência de Silvio Almeida no cargo, diante da gravidade das acusações. O entendimento no Planalto é que o ministro deve se afastar para se defender e tentar provar inocência.

O caso também será investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Advocacia-Geral da União (AGU).

O que diz Silvio Almeida

Em nota, o ministro dos Direitos Humanos rechaça as acusações e alega inocência no caso.

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“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, afirma Silvio Almeida.

Segundo o ministro, “toda e qualquer denúncia deve ter materialidade”. “Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, diz.

O ministro afirma ainda que “há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam”.

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“Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas”, afirma Almeida.

“Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.”

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”