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O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, indicou uma possível mudança nas divulgações de estatísticas do instituto ao classificar o modelo adotado como “comunicação do passado”. A declaração foi dada em palestra a funcionários no dia 24 numa cerimônia transmitida e gravada no YouTube, embora não esteja listada.
“O IBGE produzia as informações e os dados, fazia uma entrevista coletiva e transferia a responsabilidade para o grande público através dos meios de comunicação tradicional”, disse. Hoje, os resultados de pesquisas e estudos do IBGE – que fornece números oficiais, como de inflação e PIB – são informados, simultaneamente, a diversos órgãos de imprensa, em entrevistas coletivas concedidas pelos técnicos.
A cerimônia marcou a posse de Daniel Castro como coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), cargo com nível de diretoria. Até então, Castro era coordenador de comunicação social, área que era ligada à presidência do órgão. Agora, o setor de comunicação social passa para baixo do CDDI, departamento responsável pelas publicações, eventos, comercialização, marketing e portal do IBGE.
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Castro, por sua vez, disse na cerimônia que hoje o grande desafio do IBGE “é chegar na dona Maria diretamente”. E complementou: “Porque a tecnologia hoje possibilita que a gente chegue na dona Maria, no seu João. Que eles possam ter acesso diretamente às informações do IBGE. Isso não é desconsiderar todos os veículos que existem, todas as formas de comunicação. Nada é substituído.”
Não é a primeira vez que Castro trabalha com Pochmann. Durante a gestão do economista à frente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), de 2007 a 2012, Castro foi assessor-chefe de Comunicação e diretor da revista Desafios do Desenvolvimento, de 2009 a 2012, conforme currículo disponível no site do IBGE. Depois, de 2013 a 2015, foi coordenador nacional de Comunicação da Fundação Perseu Abramo.
A fundação foi instituída pelo PT em 1996 e dirigida por Pochmann de 2012 a 2020. Pochmann, depois da FPA, dirigiu o Instituto Lula (2020-2023).
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O presidente do IBGE disse ainda que a estrutura “verticalizada, hierárquica, e muitas vezes autoritária, ficou para trás”. “Precisamos urgentemente construir um IBGE contemporâneo, de uma administração transparente, que dialoga, que assume responsabilidades conjuntas e que tenha um rumo, uma direção.”
Modelo de produção
Na mesma ocasião, Pochmann observou que o modelo de produção de estatísticas do IBGE foi desenhado a partir de critérios aprovados em países do Ocidente. “Hoje, com o deslocamento do centro dinâmico do mundo para o Oriente, já não está perceptível as melhores soluções apenas no Ocidente. O Oriente também traz informações.”
Ele contou que teve um diálogo com o órgão chinês de estatística. “Tivemos oportunidade, num diálogo com a direção do Instituto Nacional de Estatística da China, que está entrando em curso um censo econômico que visa justamente identificar, capturar o valor agregado das atividades digitais”, disse.
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Segundo fontes, servidores que falaram sob condição de anonimato, as declarações não estavam em debate até que a ex-diretora de pesquisas Martha Mayer publicasse artigo crítico destacando que a China suspendeu a publicação de dados sobre desemprego entre os jovens, segmento em que os índices costumam ser mais altos. O artigo de Mayer foi publicado no jornal O Globo no último dia 12.
Procurado, o IBGE não comentou o assunto até o fechamento desta reportagem.