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A Polícia Federal intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento nesta quinta-feira (22) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado para permanecer no comando do Poder Executivo, após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
A notícia vem em meio ao avanço das investigações contra Bolsonaro e aliados, com base nas investigações no âmbito do inquérito das milícias digitais, que corre sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF), e da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente e figura com amplo acesso ao círculo de poder do governo anterior.
O depoimento de Bolsonaro está marcado para 3 dias antes da manifestação por ele convocada em São Paulo em resposta às acusações. O ato “em defesa do Estado Democrático de Direito” está previsto para o próximo domingo (25), às 15h, na Avenida Paulista, e já conta com confirmação de figuras como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também deve comparecer.
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Em 8 de fevereiro, a PF deflagrou a operação Tempus Veritatis, com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, na qual foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, 4 de prisão preventiva e 48 medidas cautelares.
Bolsonaro teve que entregar seu passaporte aos agentes e foi proibido de manter contato com os demais investigados. Além dele, o presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, foi preso por posse ilegal de arma − e solto depois de 3 dias.
Na decisão em que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes escreveu que, com as evidências apresentadas pelos investigadores, “está comprovada a materialidade dos tipos penais de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito e de tentativa de golpe de Estado”.
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O magistrado relata que os investigadores mostram que Bolsonaro teve acesso à minuta de um decreto para pôr em prática o golpe e decretar prisões de autoridades − e que o então presidente teria pedido ajustes no texto, mantendo apenas pedido de prisão contra Alexandre de Moraes.
Durante as buscas, a PF encontrou no computador de Mauro Cid o vídeo de uma reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto. Na gravação, Bolsonaro aparece incentivando ministros a aderirem aos ataques ao sistema eleitoral e faz acusações a adversários políticos e ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além de Bolsonaro, também foram intimados a prestar depoimentos nesta semana Valdemar Costa Netto e o general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas últimas eleições.