Fundador do Partido Novo e candidato à Presidência da República nas eleições de 2018, João Amoêdo teve sua filiação suspensa pela legenda, que abriu um processo disciplinar para apurar a conduta do empresário e avaliar uma eventual expulsão.
Há duas semanas, Amoêdo declarou que votará no candidato do PT ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na disputa contra Jair Bolsonaro (PL). Segundo o Novo, o posicionamento fere o estatuto e o ideário do partido.
O Novo definiu que Amoêdo ficará suspenso até o fim da análise de seu caso na comissão de ética. Segundo a sigla, o empresário terá amplo direito de apresentar sua defesa.
Em nota divulgada nesta quinta-feira (27), o partido afirma que seu fundador pode ter incorrido em “possíveis violações estatuárias” ao se manifestar favoravelmente à candidatura de Lula. Tal conduta, de acordo com o Novo, poderia representar “risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação” da legenda.
O deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS), um dos defensores da expulsão de Amoêdo, publicou uma mensagem em sua conta no Twitter na qual diz ter recebido um e-mail da comissão de ética do Novo comunicando aos filiados a “imediata suspensão” do empresário. “É decisão liminar até que seja julgado o nosso pedido de expulsão”, escreveu o parlamentar.
Em entrevista à GloboNews, no dia 17, Amoêdo disse que votará em Lula para evitar a reeleição de Bolsonaro, mas fará oposição a um eventual governo petista a partir de 1º de janeiro de 2023.
“É um sacrifício enorme, eu serei oposição no dia seguinte, mas eu vou ter que votar no número 13. O que não quer dizer que eu vá sair às ruas e fazer campanha, porque acho que ele [Lula] tem ideias erradas. Ainda assim, entendo que representa menor risco”, afirmou.
“Infelizmente, a escolha que agora se apresenta na urna não é sobre os rumos que desejo para o Brasil, mas sobre a possibilidade de limitar danos adicionais ao nosso direito como cidadão. E é só isso que espero manter com essa eleição: o direito de ser oposição”, justificou Amoêdo.
No segundo turno das eleições presidenciais, o Novo optou pela neutralidade na disputa entre Lula e Bolsonaro e liberou, em tese, seus filiados a votarem “de acordo com sua consciência”. Entretanto, em nota, o partido fez uma sinalização a Bolsonaro, ao dizer que é “totalmente contrário ao PT e ao lulismo”.
Nas eleições de 2018, Amoêdo foi o quinto candidato mais votado no primeiro turno, com quase 2,7 milhões de votos em todo o país (2,5% dos votos válidos). Ele terminou à frente de nomes como o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (1,2%) e a ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva (1%).
Quatro anos depois, em 2022, o Novo foi um dos seis partidos que não conseguiram cumprir a chamada cláusula de barreira. A agremiação elegeu apenas três deputados federais – a bancada atual tem oito parlamentares. Nas Assembleias Legislativas, foram apenas cinco deputados estaduais eleitos, sete a menos do que em 2018 (12).