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SÃO PAULO – Em artigo publicado na última sexta-feira, o jornal americano The New York Times fez uma avaliação de como estão os preparativos para os Jogos Olimpícos do Rio de Janeiro, que começarão em pouco mais de um mês, no dia 5 de agosto.
A publicação destaca os Jogos como um “desastre não natural” e, ao se referir ao decreto de calamidade pública feito pelo governador do estado, Francisco Dornelles, afirma: “medidas como essas são normalmente tomadas em caso de um terremoto ou inundação. Mas a Olimpíada deste ano é uma previsível e evitável catástrofe feita pelo homem”.
A lista de problemas, segundo a publicação, é bastante extensa, citando atraso nas obras, violência, epidemia do vírus Zika, problemas com segurança e com o transporte público, além de escassez de informações turísticas. Porém, destaca, essas preocupações são vistas com desprezo pela organização brasileira.
O artigo é escrito pela brasileira Vanessa Barbara, colaboradora do jornal, que destaca que o estado não está pronto para receber o evento. Em visita recente ao Rio, ela escreve que a próxima sede da Olimpíada “é um enorme canteiro de obras. Tijolos e encanamentos estão empilhados em todos os lugares; poucos preguiçosos trabalhadores puxam carrinhos de mão como se os Jogos estivessem agendados para 2017. Ninguém sabe no que as obras se transformarão, nem mesmo as pessoas trabalhando nelas”.
Além disso, ressalta, muitas obras não servirão tão bem à população após a Olimpíada ser realizada. “Seis estações foram feitas em uma linha de metrô que conecta a rica vizinhança à beira da praia com o Jardim Oceânico, uma parada perto do Parque Olímpico. Mas a maioria dos moradores do Rio preferiria ver a construção de uma linha diferente, que conectasse o centro da cidade aos municípios menos chiques de Niterói e São Gonçalo, onde muitos trabalhadores vivem, e que custaria metade do preço”.
Ela ainda destaca outro fator que contribui para o fracasso dos Jogos: segundo dossiê do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, cerca de 4.120 pessoas foram realocadas em função dos Jogos. “Em todos os casos, as retiradas aconteceram sem o acesso dos residentes a informações ou com a ausência de discussões públicas sobre os projetos de urbanização”, afirma. “Alguém vai lucrar com os Jogos, mas não vai ser a maioria da população do Rio. O governador estava certo: é uma calamidade”, conclui.