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(Bloomberg) — O escândalo de corrupção que levou à transição política e a reformas econômicas foi a receita para a disparada dos ativos brasileiros. Agora, a África do Sul vive uma situação parecida.
Para Michael Bolliger, responsável por alocação de ativos de mercados emergentes na UBS Wealth Management, a ascensão de um novo líder e as acusações apresentadas contra o ex-presidente Jacob Zuma, na sexta-feira, estão preparando o terreno para uma reprise do que ocorreu no Brasil. A pontuação do Ibovespa mais que dobrou e o real se valorizou 18 por cento desde janeiro de 2016, quando os investidores começaram a apostar na troca de governo.
Os investidores devem “agir rapidamente” e manter aplicações em ativos sul-africanos para absorver o benefício pleno do salto esperado nos preços dos ativos, de acordo com a UBS, que administra US$ 2,4 trilhões. No Brasil, a disparada dos ativos precedeu a aceleração da economia e a melhora dos fundamentos com medidas do presidente Michel Temer para conter os gastos públicos.
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No entanto, a aprovação de Temer é a menor entre os líderes das maiores economias da América Latina. E o fato de ele não ter conseguido emplacar a reforma da previdência no Congresso piorou ainda mais a classificação de risco de crédito dos títulos do País, que já eram considerados junk bonds (alto risco).
O novo presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, pode enfrentar desafios políticos parecidos para lidar com uma economia sobrecarregada pelo déficit público e pelo crescente endividamento. Talvez seja um pouco mais fácil para ele do que para Temer, uma vez que a urgência dos programas de austeridade é contrabalançada por alterações no próximo orçamento e uma política monetária mais flexível.
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Ações e títulos são os ativos mais atraentes da África do Sul, segundo Bolliger. Ele estima que a moeda local vai se valorizar quase 9 por cento, para 11 rands por dólar.
Para Bolliger, investidores que têm estômago para risco também devem ficar de olho na Venezuela, onde uma transferência de poder já no curto prazo pode inverter a direção da economia e impulsionar os títulos emitidos pelo governo venezuelano e suas estatais. A eleição de maio dificilmente vai retirar Nicolás Maduro da presidência, mas o aprofundamento da recessão pode provocar uma mudança de regime nos próximos seis a 12 meses, na visão de Siobhan Morden, estrategista-chefe de renda fixa para a América Latina da Nomura.