“Pântano repugnante sem fim”, diz Renan Calheiros sobre “Abin paralela” de Bolsonaro

"Como democrata, lamento e repudio que estruturas do Estado tenham sido criminosamente capturadas para atuar como polícias políticas, com métodos da Gestapo", escreveu o senador em publicação nas redes sociais

Fábio Matos

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), durante sessão inaugural da CPI da Pandemia (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), durante sessão inaugural da CPI da Pandemia (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

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Assim como o colega Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), o senador Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado Federal e ex-relator da CPI da Covid, também se manifestou sobre as informações que constam do relatório da Polícia Federal (PF), no âmbito da investigação sobre a chamada “Abin paralela” durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com as investigações da PF, Calheiros teria sido um dos alvos de monitoramento e espionagem ilegal por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro (2019-2022).

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Entre os parlamentares monitorados, estavam Calheiros, Randolfe e o senador Omar Aziz (PSD-AM) – todos integrantes da cúpula da CPI que investigou as ações e omissões do governo Bolsonaro durante a pandemia.

“Como democrata, lamento e repudio que estruturas do Estado tenham sido criminosamente capturadas para atuar como polícias políticas, com métodos da Gestapo, um pantâno repugnante e sem fim”, escreveu Calheiros em mensagem publicada em sua conta oficial no X (antigo Twitter).

“Sigo confiante nas instituições, na apuração, denúncia e julgamento dos culpados”, completou o senador.

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O sigilo das investigações foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, o que jogou luz sobre operações que se desenrolavam nos bastidores do governo Bolsonaro, às margens do poder.

A operação da PF

A PF deflagrou, na manhã desta quinta-feira (11), a 4ª fase da Operação Última Milha. O objetivo é desarticular a organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades públicas, além de produzir notícias falsas, utilizando-se de sistemas Abin.

De acordo com a corporação, policiais federais cumprem 5 mandados de prisão preventiva e 7 de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

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Em nota, a PF informou que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos do grupo, “incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas”.

“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz a PF.

Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”