Pacote anti-STF: CCJ aprova projeto que autoriza Congresso a barrar decisões da Corte

O projeto foi aprovado com 38 votos favoráveis e 12 contrários. O texto ainda precisa ser analisado por uma comissão especial da Câmara dos Deputados e, na sequência, pelo plenário

Fábio Matos

Plenário do Supremo Tribunal Federal em Brasília (Rosinei Coutinho/SCO/STF)
Plenário do Supremo Tribunal Federal em Brasília (Rosinei Coutinho/SCO/STF)

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Apenas três dias após o primeiro turno das eleições municipais, os deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara parecem dispostos a fazer um enfrentamento do Poder Judiciário.

Na tarde desta quarta-feira (9), o colegiado aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite ao Legislativo sustar decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta Corte da Justiça brasileira.

O projeto foi aprovado com 38 votos favoráveis e 12 contrários. O texto ainda precisa ser analisado por uma comissão especial da Câmara e, na sequência, pelo plenário.  

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De acordo com a PEC aprovada na CCJ, o Congresso pode derrubar decisões do Supremo se avaliar que a Corte foi além de suas prerrogativas judiciais. Para que uma decisão do STF seja sustada pelo Legislativo, seriam necessários os votos de dois terços da Câmara e do Senado.

Ainda segundo o texto do projeto, caso o Congresso barre uma decisão do STF, a Corte ainda poderá mantê-la se obtiver os votos de um quinto de seus integrantes.

O relator da PEC foi o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP).

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Mais cedo, a mesma CCJ já havia aprovado uma outra PEC que faz parte do chamado “pacote anti-STF”, que limita as decisões monocráticas (individuais) de ministros da Suprema Corte. Nesse caso, foram 39 votos favoráveis e 18 contrários.

“Estamos vendo uma tentativa de construir um pacote anti-Supremo, que está sendo nominado desta forma. Efetivar um pacote anti-Supremo para dizer: queremos calar a Constituição que assegurou a democracia. Essa PEC também é construída por aqueles que não conseguem respeitar a própria democracia”, criticou a deputada federal Érika Kokay (PT-DF).

A deputada oposicionista Bia Kicis (PL-DF), por sua vez, comemorou as deciões da CCJ. “Compete ao Congresso Nacional zelar por sua competência legislativa. Essa PEC traz um remédio para isso”, afirmou.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”