P20: concentração de renda e guerra são entraves à segurança alimentar

Os congressistas participaram da 1ª sessão de trabalho do P20, sob o tema “A contribuição dos Parlamentos no combate à fome, à pobreza e à desigualdade”

Agência Câmara

Parlamentares de diversos países participam da 1ª sessão de trabalho do P20, no Congresso Nacional (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)
Parlamentares de diversos países participam da 1ª sessão de trabalho do P20, no Congresso Nacional (Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados)

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Os parlamentares do G20 apontaram, nesta quinta-feira (7), dois principais fatores que inviabilizam as políticas públicas de combate à insegurança alimentar: as políticas inadequadas de redistribuição de renda e o agravamento de conflitos geopolíticos.

Os congressistas participaram da 1ª sessão de trabalho do P20, sob o tema “A contribuição dos Parlamentos no combate à fome, à pobreza e à desigualdade”.

A presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul), Fabiana Martín, abriu seu discurso informando que 670 milhões de pessoas seguirão enfrentando a crise alimentar na próxima década, se não forem tomadas medidas efetivas, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). “Há algo que estamos fazendo mal, há uma ação incorreta porque não estamos chegando a resultados esperados”, afirmou. 

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“A fome e a segurança alimentar não são consequência de fatores externos, mas são o reflexo de decisões políticas. O mundo produz alimento suficiente para alimentar toda a população, mas estamos fazendo algo errado. A má distribuição e a desigualdade perpetuam esse cenário”, acrescentou Martín.

Ela reforçou o papel do parlamento em conter o “impacto devastador de políticas inadequadas” e disse que neste sentido foi criada a frente parlamentar contra a fome, que reúne mais de 500 legisladores dos países sul-americanos.

Nessa mesma linha, falou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG): “Diante desse cenário alarmante, o papel dos parlamentos é essencial para desenvolver soluções e promover a justiça social e econômica”.

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“O compromisso e a cooperação entre nações são fundamentais para construir um futuro sem fome sem pobreza e sem desigualdades sociais extremas com marcos jurídicos que efetivamente enfrentem esses desafios”, pontuou Pacheco. 

Guerras

O presidente da Casa dos Comuns, Lindsay Hoyle, citou as guerras da Ucrânia e de Gaza como fatores de recrudescimento da fome e miséria. Segundo ele, a solução deve partir de trabalho conjunto entre parlamentos e nos fóruns multilaterais.

“Nós vimos na Ucrânia um país soberano que foi invadido. Isso parou o fluxo de grãos para os países mais pobres da África que também sofreram devido àquela ocupação ilegal da Ucrânia que nunca deveria ter acontecido”, criticou.

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Polarização política

O parlamentar Xiunxin Deng, da China, criticou a atual polarização política, que na sua opinião, contribui para a instabilidade no preço dos alimentos e aumento da desigualdade. Ele defendeu os fóruns multilaterais e reforçou a importância de atender a populações vulneráveis.

“Temos que reduzir as barreiras de acesso à tecnologia e fortalecer a cooperação, aumentando o nível do multilateralismo na ONU e na OMS”, disse.

“Além de priorizar a redução da pobreza, temos de nos certificar de que os recursos passem pela questão de saúde, da agricultura e do apoio de tecnologia para os países, erradicando a descriminação das mulheres que são metade das pessoas pobres do mundo”, acrescentou.

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Transferência de renda

O vice-presidente do Senado indiano, Shri Harivansh, relacionou como “medidas que mudam o jogo” no combate à miséria em seu país, as políticas de transferência de renda. Segundo ele, essas ações, junto com políticas sanitárias e acesso dos mais vulneráveis ao sistema financeiro, retiraram mais de 200 milhões de pessoas da pobreza entre 2014 e 2023.

“Durante a pandemia, nós tivemos benefícios de alimentos gratuitos para milhões de pessoas para atingir os mais vulneráveis A Índia também priorizou uma melhor nutrição para crianças, mulheres e adolescentes”, destacou.

“O Parlamento aprovou uma lei que traz educação obrigatória para crianças e adolescentes, para quebrar o ciclo de fome e de desigualdade, trazendo oportunidades para os jovens”, complementou o parlamentar.

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O presidente do parlamento de Singapura, Kian Peng Seah, também defendeu as políticas equitativas e disse que o parlamento teve papel decisivo em apoiar a distribuição de renda:

“Temos um sistema de suporte que possui subsídios para focar nos grupos de baixa renda e vulneráveis, para educação, assistência à saúde e assistência social. Nós temos tido uma rede de apoio que não deixa ninguém para trás. Ao longo dos anos, temos uma abordagem que vai além da assistência, nossos esforços têm resultados positivos para o aumento da mobilidade e da renda”, concluiu. 

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